Encontro amargo

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Fernando Fontes

Três semanas depois...

O aroma de chocolate e baunilha pairava no ar enquanto eu guiava meus três filhos pela escada rolante do shopping. Nosso destino: a doceria recém-inaugurada da minha querida e amada esposa. A empolgação das crianças era contagiante, seus sorrisos iluminavam o caminho. Em minhas mãos, um buquê de flores vibrantes simbolizava meu orgulho e admiração por ela, as crianças fizeram um lindo cartão cheio de desenho, adesivos e glitter.

No terceiro andar, encontramos a loja de Olivia, adornada com balões coloridos e uma placa chamativa que anunciava "Doce Encanto". A fila de clientes era extensa, mas a felicidade no rosto da minha Olivia ao nos ver era inigualável. Seus olhos brilharam ao receber as flores e o cartão feito pelas crianças.

Enquanto Olivia atendia os clientes, as crianças se deliciaram com os doces multicoloridos. A caçula, Juliana, de apenas cinco anos, devorava um pirulito gigante com um sorriso radiante. Saímos da loja ainda lotada. Eu de mãos dadas com Olívia, e as crianças alegres andando na frente. De repente, os olhinhos de Juliana se fixaram em uma máquina de pipoca no outro lado do corredor. Sem pensar duas vezes, ela disparou em direção à máquina, deixando um rastro de alegria em seu caminho.

No entanto, a alegria de Juliana se dissipou rapidamente. Ao se aproximar da máquina, ela esbarrou em uma mulher alta e elegante, derrubando suas sacolas de compras. A mulher, que era ninguém menos que Estela, minha ex-sogra, a encarou com frieza e desprezo.

- Cuidado, menina! Você não sabe por onde anda? Esperar o que de gente dessa "laia", ela disse com rispidez.

Ao lado de Estela, estava Valquíria, que também observava Juliana com desdém.

- Você não tem mãe para dar educação, pirralha. Fala Valquíria.

- Eu tenho mãe e educação. Jujuba olha sem entender as ofensas.

- Coitada, deve estar perdida ou fugiu do orfanato.

- É verdade, essa criança parece um cãozinho perdido!", Valquíria acrescentou com sarcasmo.

Tudo isso aconteceu em questões de segundos. Enquanto Juliana se ajoelhava para pegar as compras espalhadas pelo chão, meu sangue ferveu. A fúria tomou conta de mim ao ver minha filha sendo tratada com tamanha crueldade.

- Com licença, senhoras, mas essa menina é minha filha, eu disse com firmeza, encarando Estela e Valquíria com o mesmo desprezo que elas dirigiram à Juliana.

O choque foi instantâneo. As expressões de Estela e Valquíria se transformaram em uma mistura de surpresa e constrangimento. Seus olhares se dirigem aos meus outros dois filhos.

- Sua filha? Valquíria perguntou com incredulidade. Mas ela não se parece em nada com você! O menino tem os seus olhos, já as meninas.

- A aparência não define quem somos, eu respondi com raiva. E sugiro que tratem minhas filhas com mais respeito no futuro, porque não respondo por mim.

- Desculpa, aqui suas sacolas. Juliana com as mãozinhas tenta segurar e entregar as sacolas.

Tomo tudo das mãos da minha filha e entrego para entojadas.

- Ela é uma criança, suas nojentas. Estela com ar de superioridade diz.

- Pessoas como a cor da sua filha, não deveriam frequentar lugares com esse. Jamais teria que passar por isso, se tivesse filhos da sua linhagem.

- Estela, não me provoque. Eu sou capaz de partir a sua cara no meio. Sua racista de merda.

Olivia, que havia presenciado a cena, se aproximou e segurou meu braço.

ALGEMADO EM VOCÊWhere stories live. Discover now