Coração ferido

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Quando eu a vejo, as lágrimas saem dos meus olhos, quando toco seu ombro, ela se vira e olha para mim, ela desaba. Eu a seguro nos meus braços, seu pranto é assustador. Ela parece que nunca tinha chorado antes. Eu abraço e a conforto. Deixo ela colocar sua dor para fora. Puxo ela para sentar nas cadeiras. Ela segura meu braço com força e diz.

- Está doendo tanto, Fernando.

- Chora, Pestinha até não doer mais.

Ela chora. Minha família se aproxima. Carol a abraça. Depois de receber o carinho de todos, ela recebe o columbário com cinzas da sua mãe. Como prometido, ela joga as cinzas no túmulo do pai e do irmão. Vamos para nosso apartamento. Ela vai direto para meu quarto. Carol vai preparar um chá. Estou nervoso e digo.

- Como posso ajudá-la? Eu não sei como consolar ele, me parte meu coração vê-la dessa forma.

- Você só precisa cuidar dela meu filho. Minha mãe diz.

- Precisa ficar ao lado dela. Carmem fala.

- Na realidade é processo que ela vai viver sozinha, mas precisa ter você junto com ela, meu filho. Por isso vamos deixá-los sozinhos. Meu pai diz.

Carol vai até o quarto para se despedir, mas prefere deixá-la dormir. Me despeço da minha família, vou até a cozinha, pego a garrafa com chá e vou ficar com ela. Quando entro, escuto o choro bem baixinho, me deito na cama e a abraço.

- Chore o tanto que quiser, minha querida. Ela me aperta e diz.

- Está doendo tanto, Fernando.

- Com tempo vai parar de doer. Vem ficar aqui comigo.

Ela se aconchegou nos meus braços, faço ela tomar o chá, em pouco tempo ela adormeceu. Fico vigiando o sono dela. Em alguns momentos ela parece sonhar. Acabo dormindo em algum momento, mas desperto primeiro que ela, então decido não ir fazer atividade física, mas preparar um café delicioso para minha pestinha. Ela ama achocolatado com leite e pão quente com queijo. Faço um salada de fruta com mamão, maçã, banana e morango. Quando estou preparando tudo em uma bandeja, ela surge de banho tomado, vestindo um calça de moletom e blusa branca minha, está com cabelos soltos, ela é muito linda.

- Bom dia, meu amor. Já estava levando café para você.

- Bom dia, Superman. Não, quero tomar café aqui com você.

- Então, senta aqui. Fez o seu preferido achocolatado e pão quente com queijo.

- Sério, por isso que amo você. Ela me abraça. Sentir em braços e confirmação que ela foi feita para mim.

- Eu também te amo,minha pestinha.

Nos sentamos, ela se esforça para comer, mas é impossível perceber o quanto é difícil engolir algo que não quer. Durante a refeição, ela fala.

- Eu só consegui chorar, depois que eu vi você. Quando os aparelhos apitaram meu coração ficou duro, as lágrimas não desciam e fiquei imóvel. Quando você olhou para mim, naquele momento eu tive a certeza que você era meu porto seguro. Eu só tenho você agora, mais ninguém.

- Eu serei sua família e seu lar, na realidade já sou, desse do momento que você entrou na minha vida, trouxe luz e alegria, então vai ser difícil se livrar de mim, baby. Ela chora, eu limpo suas lágrimas. Ficamos nos olhando em silêncio.

Depois do café, ela fica na sala vendo televisão, ficando ao seu lado. Infelizmente vou trabalhar em casa. Felipe já chegou em Brasília trazendo sua equipe, preciso finalizar tudo para a operação de amanhã. Ligo para Victor vir para minha casa juntamente com Pedro e Felipe. Ela coloca a cabeça na minha perna, enquanto analiso alguns documentos. Ela adormece. Prefiro deixá-la dormindo no sofá, pois assim, fico de olho. Felipe, Pedro e Victor não demoram muito para chegar.

ALGEMADO EM VOCÊWhere stories live. Discover now