A Morte

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Abro meus olhos e sinto incômodo da claridade, escuto vozes e aparelho apitando. Começo recobrar a consciência e logo me lembro de Valentina, com  dificuldade e ainda fraco digo:

- Valentina. Sinto meu corpo fraco e vejo uma moça com roupas verdes falar.

- Ele acordou, vou chamar o médico.

Fecho os olhos e sou tomado pelas piores lembranças da minha vida. Faz alguns meses que estávamos investigando uma organização de tráfico de armas no porto de santos. Desse transporte até o embarque, tudo minuciosamente organizado pelo Sr. das Armas vulgo Diogo Alves, ele é extremamente impiedoso e agressivo com suas atividades ilícitas. Valentina tinha "sangue nos olhos" para pegar essa lacraia. A dois anos descobrimos que ele estava comemorando aniversário de uns dos seus filhos em casa de praia em Guarujá, mas ele conseguiu fugir em uma lancha, dessa vez ela preferiu uma equipe de investigadores menor. Traçamos toda abordagem, pois tivemos informação preciosas, pois a um racha na organização criminosa, Diogo estaria pessoalmente para dispensar uma carga avaliada em três milhões em armas e munições para Europa, o comprador estava ligado a criminosos máfia russo, ele já tinha recebido parte  do pagamento e não pode vacilar, porque os russos não iriam perdoar facilmente.

Com racha na sua organização conseguimos prender um de seus comparsas com quem Diogo está em briga para assumir a liderança da organização, estamos falando de PC Farias, isso mesmo, não coincidência ele recebeu esse nome do seu pai bandido lhe deu esse nome em homenagem ao chefe de campanha do ex-presidente Fernando Collor envolvido no caso de corrupção. PC nos passou a dica, Sr. das Armas estaria pessoalmente enviando esse carregamento para Europa. Valentina planejou cada detalhe dessa "batida" ao porto até junção de todas as provas. As armas vão sair na quarta-feira à tarde em contêiner registrado na alfândega com lote de urso de pelúcia. Para não haver vazamento da apreensão, mantivemos tudo em sigilo, traçamos o perímetro em volta do carregamento.

Na terça, com tudo preparado para execução, por volta das 19:00 descemos para Santos em quatro viaturas descaracterizadas, depois de duas horas chegamos em pequeno hotel nas proximidades do Porto, ele fica de frente onde está hospedado Diogo. Registramos os seus passos, PC informou que seria à tarde, mas pela movimentação será à noite. Aguardamos a sua saída do hotel, eu e Valentina estamos de vigia. Eles saem em direção ao porto, sem nenhuma fiscalização ele entra na área de movimentação dos contêiner, alguns barcos estão ancorados, os outros agentes estavam disfarçados de funcionários do porto.

Uma hora se passa e nada da entrega, até que observamos um contêiner sendo içado e colocado perto de um barco,  neste momento desce um grupo de homens altos e com tatuagens, com um binóculo Valentina confirmar a identificação de um deles, e Grigoriy Pavlova braço direito do grande Nikolai da gangue Smirnov, tudo está sendo registrado. Não vamos conseguir realizar abordagem no ato da negociação, pois estamos em menor quantitativo de agentes, então iremos pegar somente o Sr.das armas. O contêiner é aberto, Grigoriy abre uma das caixas de madeiras e pega um fuzil e outras armas, tudo e conferido aos olhos atentos dos russos, em seguida eles entregam duas malas. Ele confere o dinheiro e mercadoria e coloca no barco. Alguns carros chegaram e levaram os russos embora. A marinha já está avisada sobre a operação e irá interceptar o barco. Diogo paga subornos ao pessoal do porto, neste momento Valentina faz um sinal de avançar, ela o surpreende com voz de prisão, ele corre para área dos contêiner, o que não sabíamos que ele contratou um sniper das forças especiais para lhe proteger neste entrega. Estamos na sua cola quando, Valentina é atingida na cabeça, não consigo acreditar vê-la no chão então atiro nas pernas de Diogo, que caí, corro em direção a ela, quando abraço seu corpo e me levanto, correndo para socorre-la, sinto algo me atingido nas costa, consigo nos proteger atrás de um parede de contêiner. Minha última imagem que tenho memória é vê-la com um furo na cabeça e seus olhos abertos.

- Senhor Fernando consegue me ouvir? Ele passa os dedos na minha frente e acompanho com os olhos. Mesmo com dificuldade para respirar consigo fazer uma pergunta:

- Minha esposa está bem?

- Descanse, senhor Fernando. Até que sinto minhas pálpebras ficar pesada e apago novamente.

" A angustia de ter perdido não supera a alegria de ter um dia possuído"

Santo Agostinho

ALGEMADO EM VOCÊWhere stories live. Discover now