ALGEMADO EM VOCÊ

O show

Olívia Lopes

Chego no apartamento de minha amiga Gaia Megalos. Somos amigas desses de quanto tinhas 08 anos de idade. Ela é filha de uma brasileiro com uma mulher grega. Seus pais se conheceram em um intercâmbio geológico na Mesoamérica. Pai professor universitário e a mãe arqueóloga. Ela, filha única, estudou fisioterapia e quando se formou, foi morar com os pais na Grécia, isso tem uns três anos, mas se apaixonou pela gastronomia local e abriu restaurante na cidade natal da sua mãe. Fez um sucesso enorme, que abriu mais dois, agora ela vendeu tudo para retornar a Brasília. Bato na porta, ela abre com aquele sorriso.

- Minha Livi chegou. Ela me abraça.

- Fala, minha Moleca.

- Entra. Fique a vontade. Coloca a mala aqui.

- Você sempre tão hospitaleira.

- Você sabe que adoro receber visita.

- Verdade.

Me jogou no sofá, estou um trapo por causa da ressaca, mas principalmente por me afastar de Fernando.

- Liviiiii, acordaaaa?

- Oi, estou acordada. Estava pensando em uma pessoa.

- Mal chegou, já está pensando no namorado.

- Sim. Ele ficou bastante triste quando saí. Não gosto de vê-lo assim.

- Então, porque saiu, Livi?

- Ele não compreende, que não contei nada, porque quero proteger ele.

- Ele também está te protegendo, amiga!

- Você não entende.

- Entendo perfeitamente, depois que você me ligou ontem contou toda a história, compreendo bem seu namorado.

-Gaia, você que eu deveria deixar ele acabar com a carreira dele por causa de um homem que não vale um real.

- Homem que você acreditou porque era um chef conceituado?

- Não precisa jogar na cara.

- Preciso dizer a verdade. Esse é seu problema, Olívia.

- Quando me chama por Olívia vem porrada na minha cara.

- Você tem uma pessoa que assume você, cuida de você e acima de tudo, ele ama você, o que você quer mais o que?

- Eu quero que ele não faça nada que prejudique a carreira dele.

- Olívia, concordo plenamente contigo, mas também o compreendo. Eu gostaria de ter alguém que fez isso tudo por mim, porque André nunca me assumiu nestes cinco anos de namoro, nunca me defendeu e nunca me amou. Vivi uma relação onde somente eu amei.

- Desculpa, amiga! Eu reclamando, mesmo sabendo da sua situação.

- Vamos deixar de lado. Vou preparar um sanduíche grego para gente e depois vamos descansar para curtir uma noitada com Deise.

- O sanduíche vou aceitar, mas a noitada estou fora.

- Você vai, ponto e acabou!

- Não vou discutir.

- Que bom. Desse jeito que gosto.

Depois que conversamos sobre seu restaurante aqui no Brasil, ela termina os sanduíches, nos sentamos na mesa. Dou duas mordidas no pão, quando sinto vontade de vomitar. Coloco a mão na boca e corro para o banheiro. Tudo vai direto para vaso sanitário. Lavo a boca, retorno a mesa. Gaia diz.

- Se eu não soubesse que você toma anticoncepcional desde os 15 anos, eu iria comprar um teste de gravidez.

- Vira essa boca para lá, Gaia. Isso por causa da ressaca.