A Chama de Urunir

Capítulo 81 - Emboscada

Gauargi olhou pela abertura da tenda e viu Argos analisando alguns rolos de pergaminhos, provavelmente mapas.

— Bom dia, Argos. — disse na entrada.

— Como vai, lorde Gauargi? — O patrulheiro se virou para olhar o visitante. — Estou verificando os mapas que Yurgan conseguiu.

Gauargi tomou tal frase como um convite e adentrou no recinto.

— Algo novo? — perguntou.

— Não, infelizmente. Mas agora que Maxine está de volta, acredito que a exploração fique mais fácil, caso ela fique mais tempo no acampamento. Senão, vou conversar com Thomas para que ele explore. O conhecimento sobre túneis pode vir a ser útil em algum momento.

— Sei que não sou realmente de grande ajuda, mas gostaria de continuar a fazer parte dessa exploração. — Gauargi pareceu um tanto sem jeito e Argos sorriu.

— Sua ajuda é bem-vinda. — Argos fez uma breve pausa, enrolando os pergaminhos, antes de voltar a falar. — Como está o príncipe?

— Ainda estava dormindo quando passei na estalagem. Está se recuperando.

— Fico feliz. — disse o patrulheiro. — Acho que Maxine não sabia que ele era o príncipe, e ele parece não ter feito questão de revelar sua identidade. Deve ter sido uma viagem e tanto para ele. — Argos ergueu as sobrancelhas em uma expressão um tanto cômica.

— Não se preocupe. Acredito que Tristan não tenha considerado a si mesmo como um membro da realeza durante essa viagem. Qualquer grosseria de Maxine passou despercebida. — Gauargi falou sorrindo, esperando que de fato fosse como dizia. — Ela é uma garota engraçada. Fico um pouco feliz por ela agir mais naturalmente comigo, ela parece um tanto travada quando tem que se dirigir a Tristan.

— Também notei. Deve ter a ver com algo que ela tenha dito para ele antes de saber que era príncipe. Mas devo alertá-lo, lorde Gauargi, cuidado com sua aproximação com minha sobrinha. Não serei eu a regular as amizades dela, mas ela é bastante inocente no que diz respeito a algumas coisas que, certamente, já passaram por sua mente. Prefiro que não a iluda. — Argos olhava sério para o jovem.

Gauargi sentiu-se retesar.

— Não vou mentir, a beleza dela chamou minha atenção, sim. Mas eu diria que estou mais intrigado com ela do que instigado a levá-la até minha cama. E ela sabe se defender bem, Argos. Com isso você não precisa se preocupar.

— Então você já tentou! — Argos franziu o cenho.

— Mas é claro! Parece não conhecer minha fama. — Gauargi falou com naturalidade e certa indignação, arrancando uma gargalhada do homem mais velho. — Deixando isso de lado, a jovem me intriga. Não está um pouco cedo para que ela parta em uma missão perigosa como esta?

— Yurgan a curou com seus dons. Ela já havia cuidado dos ferimentos, ainda que de maneira precária. Minha garotinha sabe se cuidar. — falou orgulhoso.

Gauargi balançou a cabeça incrédulo com a reação do homem e, vendo-o seguir para seus afazeres, dirigiu-se à taverna. Lá, perguntou por Tristan, e uma das jovens atendentes respondeu que ainda não havia descido. O jovem então pediu que fosse preparado o desjejum que ele mesmo levaria.

Gauargi subiu ao lado de uma jovem muito sorridente que se ofereceu para levar a bandeja. Bateu na porta ao menos três vezes até ouvir a voz sonolenta responder do outro lado. Depois de uns poucos instantes, uma fresta se abriu, e Tristan espiou. Deixou a porta aberta e se afastou quando reconheceu o amigo.

— Bom dia! — disse Gauargi ao entrar no quarto, carregando a bandeja e dirigindo-se até a mesinha onde a depositou. — Dormiu bem? — Sentou-se e esperou Tristan fazer o mesmo.