Capítulo 36 - Malícia

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As respirações eram pesadas, dada a situação que enfrentavam e o esforço que faziam. E justamente por terem se dedicado tanto à tarefa, acabaram por negligenciar Victoria. Quando olharam em volta, a jovem não estava mais, mas, por sorte, ela não fora rápida o suficiente e Serielle conseguiu perceber o movimento na sombra, em um dos vãos da parede.

A elfa correu para lá e encontrou uma passagem. Um pequeno túnel estreito que seguia para o oeste. Não era longo e rapidamente começava a subir, indicando que a saída estava próxima. Eles corriam um atrás do outro pelo estreito túnel.

Saíram sob o brilho vermelho de Dokhavani, que dominava o céu naquela hora da noite. Candra era apenas um sorriso sobre a grande face vermelha.

Viram uma silhueta se afastando e ouviram a voz de Victoria, ainda que baixa.

— Anton! Anton! — Victoria chamava.

— Deve ser o cúmplice! — sussurrou Serielle, com a voz pesada, parecia mais cansada do que deveria.

Maxine, enquanto corria, conseguiu guardar a espada e sacou sua besta, que estava carregada. Parou e mirou em Victoria. Ouviu a voz desesperada de Yurgan lhe gritando para não atirar, mas ela não hesitou e atirou, tudo muito rápido. Afinal, apenas queria evitar que a outra fugisse.

Eles ouviram um arquejo de dor mais à frente. Maxine tinha conseguido acertar Victoria e a tinha derrubado. Correram um pouco mais e a alcançaram. O tiro acertara a perna esquerda e havia dificultado o avanço.

Serielle se adiantou, sabendo o quanto seria difícil para Yurgan e até mesmo para Maxine, lidar diretamente com a jovem. Victoria estava tentando se levantar, quando a elfa a alcançou e a empurrou. A garota caiu novamente, proferindo algumas maldições, e Serielle rapidamente se pôs sobre ela, para imobilizá-la. Não era nenhuma especialista, mas podia mantê-la ali e lhe prender as mãos com uma corda.

— Estou surpresa. — disse Victoria, com a voz um tanto abafada. — Você está durando bastante. — riu alto, como uma louca. — Impressionante!

Serielle não entendeu aquele interlúdio e não quis prolongá-lo. Mas um alarme soou em sua mente enquanto terminava o nó da corda.

Ao virar Victoria e colocá-la sentada no chão, úmido pelo sereno, Serielle notou o sorriso maldoso que a outra levava nos lábios bem desenhados. Ergueu-se e afastou-se levemente, olhar para aquela garota a incomodava, não sabia exatamente o que era, mas o conjunto do sorriso, o olhar insano e aqueles cabelos completamente brancos a inquietavam.

Enquanto Serielle amarrava Victoria, Maxine tocou o braço de Yurgan chamando sua atenção.

— Que atitude irá tomar? — ela estava séria, havia tristeza e raiva em seu olhar.

Yurgan baixou a cabeça, como se procurasse as palavras corretas, ele sabia o que devia e o que faria, mas seria a atitude mais difícil que tomaria contra a pessoa que mais amava.

— Vou fazer o que tem de ser feito. Vou levá-la à justiça! — sua voz foi firme, ainda que pensasse que ela vacilaria, pois sabia o que a irmã teria de enfrentar.

— Ela vai ser executada. Sabe disso, não é? Não está tendo ideias ou se enchendo de esperança, não é? Viu com seus próprios olhos o que ela fez. — Maxine continuou, falando rápido e com a voz trêmula.

A conversa durara apenas poucos segundos e eles chegaram até Victoria quando Serielle olhava com desconfiança para ela, enquanto estava sentada com as mãos atadas e sorrindo.

Yurgan a pôs de pé, a segurando nas laterais de seus braços.

— Vamos. — tentou não transparecer qualquer emoção e continuou a conduzi-la, ainda a segurando pelo braço, enquanto a jovem mancava.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now