Capítulo 16 - Árvore

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A luz de Atos alcançou a alcova que haviam tomado como refúgio. Um feixe largo, brilhante e morno adentrava, iluminando o local e os tirando do descanso. Comeram carne seca e um último pedaço de queijo, já endurecido e mofado. Os pães que tinham restado, haviam sido completamente encharcados pela água do túnel do escoadouro e estavam destruídos para além de qualquer uso. Apesar disso, algumas frutas desidratadas haviam permanecido secas em uma pequena sacola oleada de Callon e estas, foram os únicos alimentos o quais eles podiam chamar de saborosos durante aquela refeição.

Maxine verificou os ferimentos de Callon, que havia recebido, na noite anterior, uma das bênçãos de Yurgan. As feridas, ainda abertas desde a situação com o crocodilo no pântano, tinham infeccionado e inflamado ao cair da noite, por conta da água imunda na qual haviam mergulhado e, após as preces do devoto, haviam sido curadas quase à completude, expelindo todo pus e sujeira que ali se alojaram. Maxine que, desde que havia sido mordida, sentia o ombro latejar, em silêncio, também havia sido alvo das bênçãos. Não que ela tivesse pedido ao rapaz para que fosse curada, porém, ao retirar o gibão por sobre a cabeça, deixou que uma carranca de dor fosse captada pelo jovem, que, mesmo ante seus protestos, impôs-lhe as mãos e despejou-lhe a cura em forma de graça divina, arrancando-lhe a dor de maneira quase instantânea e trazendo-lhe conforto e alívio.

Max nunca havia parado para pensar muito sobre a fé. Nunca havia sido particularmente religiosa, mas, tinha que admitir que aqueles milagres a faziam se perguntar se, talvez, não fosse hora de começar a gastar algum tempo nos cultos semanais. A jovem ruiva dava graças a Atos por Yurgan ter seguido com eles, afinal, os ditos campeões, não eram nada comuns fora de Alvorada, o reino sede da religião, onde a fé ditava tudo. De olhos cansados e com o nariz a sangrar, Yurgan havia desabado após suas orações e dormido durante toda a noite. Nenhum dos amigos o chamou, dividindo entre eles as horas que lhe caberiam no turno de vigília.

Sem muita conversa, eles se puseram a avançar, sempre alertas e de armas em punho. Callon havia explicado a localização em que tinha avistado algo que lembrava uma árvore e era para lá que seguiram. Tiveram que pular e escalar por sobre o que um dia haviam sido belas torres e casas, que agora jaziam caídas em pilhas de pedras e serviam apenas para obstruir os caminhos e para serem usadas como ninhos para os ratos que se alimentavam da imundície deixada pelos novos moradores dalí. Contudo, conseguiram se aproximar do local onde a tal árvore se encontrava, quando Atos já estava próximo do seu apogeu.

Max torceu a boca, em um muxoxo óbvio, quando, ao olhar para a tal árvore, teve uma surpresa desagradável. De fato, assim como Amélia, havia dito que seria, Maxine soube que era aquela a árvore do fruto que procuravam, já que era muito distinta. Suas folhas verdes quase cintilavam, as flores eram brancas e de uma beleza sem igual e pareciam pequenas luminárias, dado o brilho que possuíam ao receber a luz do sol. Maxine nunca vira flores tão belas antes e a madeira, infelizmente, também podia ser vista como algo muito exótico em seus tons de marfim mesclado com verde. O cerne da madeira estava exposto, pois os brutos orcs haviam cortado a árvore para extração de matéria prima. Naquele momento, desgalhavam o tronco, tão largo que, pelo que podia mensurar, cinco pessoas de mãos dadas não seriam capazes de abraçá-la.

Do local onde estavam, escondidos dentro de uma das habitações em ruínas, podiam observar meia dúzia de orcs cortando a madeira com machados, serras, facões e enxós, mas a atenção deles foi captada por uma voz grossa e gutural, na direção da qual, eles olharam imediatamente. Seu dono era um orc corpulento, alto, talvez, mais alto do que Leon, que já se erguia pelo menos um palmo acima da maioria dos outros homens. Ele dava ordens de uma sacada de pedra, em uma grande construção que se mantinha intacta, devendo ter servido como casarão para aquele que um dia havia sido o lorde daquele forte. Os trabalhadores abaixo assentiram e deixaram a tarefa de lado, para cumprir as ordens, sumindo para dentro do casarão e pelos becos e deixando o local silencioso.

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