Capítulo 18 - Recompensa

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Maxine olhava em volta, parecia que podia enxergar certos pontos, enquanto o restante da paisagem estava desfocado.

O que primeiro pôde notar, foram borboletas, mas elas estavam estáticas. Eram pinturas belíssimas e ela quis elogiar, no entanto, percebeu que não era capaz de falar. Depois, notou que estava deitada e o que olhava era o teto e a parede de algum lugar. Lugar que expunha riqueza. Tentou ver o que havia a sua volta, além das borboletas, e percebeu que parecia ocupar uma cama muito pequena. Uma cama de criança. Por que estava em uma cama de criança? Por que se sentia à vontade em uma cama de criança?

Uma mulher apareceu no campo de visão de Maxine e a olhava de cima. Levava um sorriso doce enquanto algumas palavras saiam dos lábios. A jovem patrulheira não podia discernir o que era dito, mas uma certeza lhe invadiu, dizendo que eram palavras suaves, cheias de um sentimento caloroso. A mulher era belíssima, dona de cabelos vermelhos e olhos claros, cheios de personalidade. Um homem se aproximou, passando o braço ao redor da mulher. Possuía boa aparência, ainda que belo não fosse uma palavra adequada para descrevê-lo. Imponente, talvez, com cabelos escuros e fartos e uma barba cheia, bem aparada a cobrir a parte inferior do rosto. Era dono de um olhar que chamou a atenção de Maxine.

A visão parecia ter se aberto um pouco mais e ela podia ver o casal conversando, assim, como as belas borboletas douradas, quadros e tapeçarias pelas paredes, ainda que não pudesse identificar os desenhos e formas. Longas cortinas de veludo verde impediam o sol de entrar no local onde estava. No entanto, não precisava do calor do sol, pois, ali se sentia aquecida. Viu muitas coisas e talvez nenhuma. A paisagem mudou, mas mudou tantas vezes que Maxine acreditou estar em um de seus antigos sonhos fragmentados. O local mudava e então as pessoas mudavam, mas logo voltava para o ponto inicial. E foi então que acordou.

— Maxine! — exclamou Victoria, ao ver a garota abrindo os olhos. — Fiquei tão preocupada. Você simplesmente apagou. Sorte que Yurgan estava perto e segurou você. Teria ido de cabeça ao chão. — deu um longo suspiro, aliviada. — Então? O que houve?

Os outros a encaravam cheios de curiosidade.

Maxine olhou em volta, ainda um tanto perdida e viu expectativa e ansiedade no rosto dos companheiros.

Maxine ergueu o torso, levando a mão à cabeça.

— Tive uma visão, um sonho... não sei ao certo. Me atingiu de uma forma... — ela buscou palavras para explicar. — com uma nitidez que jamais aconteceu antes. Vi um casal, talvez meus pais. E por mais que eu tenha certeza que os vi nitidamente, não poderia descrevê-los a vocês, além de dizer que minha mãe era ruiva e meu pai possuía olhos bondosos. Vi um local e depois vários. Contudo, o primeiro está gravado em minha mente. Um lugar com certa riqueza, certamente. Era muito bonito, havia pinturas no teto, lindas borboletas douradas, e cortinas de veludo verde. Parecia que eu vivia ali. Muito estranho.

Ficaram em silêncio por algum tempo, deixando que a jovem processasse a informação em sua mente e ela se perguntava o que haveria no fruto, pois, nenhum deles havia cogitado qualquer consequência.

— Agradeço muito a vocês! — sua voz estava um tanto embargada e ela secou uma lágrima que não escorrera com as costas da mão. — Ainda que existam perguntas, tenho algo a que me apegar e sobre o que questionar Argos. Acredito que podemos nos pôr a caminho de casa.

Yurgan fez um aceno positivo, Victoria sorriu para Maxine e Leon passou um braço pelos ombros da jovem, apertou levemente, mas logo, soltou e se desculpou ao ver que, ainda que a jovem sorrisse, a expressão de dor fora mais forte.

O karinthar estava ferido, mas era o que menos parecia se importar. Era bastante incrível, uma vez que ele quase morrera logo antes de entrarem nas ruínas.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora