Capítulo 40 - Ruína

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Yogratax...

Oitavo mês, 2.999...

Yurgan não estava em casa no dia seguinte, nem no próximo e nem nos dias que se seguiram. Claro que, no segundo dia da ausência, Maxine invadiu a residência para checar, mas, de fato, Yurgan não se encontrava.

A patrulheira queria dar algum espaço a Yurgan, sabia que haviam momentos na vida em que a solidão se fazia necessária para encontrar respostas. Contudo, a cada dia que passava sem ter notícias, sem que qualquer pessoa soubesse algo, sua preocupação aumentava. Receava que o jovem acabasse por fazer alguma besteira, dado o peso que deveria sentir sobre seus ombros.

Maxine se ocupou com as tarefas da Guilda por alguns dias, mas a preocupação se fez maior e ela resolveu procurar por Yurgan.

Ela achava incrível o fato das pessoas da cidade falarem sobre o rapaz, em cochichos maldosos, mas ninguém o viu sair da cidade. Ninguém sabia de nada.

Depois de avisar Lilly na Guilda e deixar uma nota para Íria, a jovem ruiva saiu da cidade perdendo um dia inteiro nos arredores, procurando. E, ao não encontrar nada, acampou durante a noite e seguiu pela estrada na manhã seguinte, em direção ao sul, onde ficava o vilarejo mais próximo.

Caminhou durante toda a manhã e parte da tarde, chegando quando Atos já iniciava sua descida no horizonte. Entrou na primeira taverna que encontrou, e enrugou o nariz, pois era um antro cheirando a ranço e álcool. Decadente era a palavra que melhor descrevia o lugar. Estava quase vazio. Caminhou por entre as mesas observando as poucas pessoas que ali estavam. Nenhuma delas era Yurgan.

Foi até o balcão e depositou uma lasca de prata que teve seu brilho refletido nos olhos ávidos do taverneiro. O homem disse ter visto um jovem com as descrições dadas por Maxine, três dias antes e mencionou que haviam outras tavernas e, que talvez o jovem tivesse visitado uma delas.

Maxine saiu do estabelecimento e foi à procura dos outros. De fato, não foi difícil encontrar, com o crepúsculo se aproximando. Entrou na próxima taverna, era um lugar mais agradável, inclusive, se a comida fosse tão boa quanto o cheiro que preenchia o lugar, era ali mesmo que Maxine faria sua refeição.

Foi até o balcão e sentou em um dos bancos. Rapidamente foi atendida e pediu o prato do dia e uma caneca de cerveja. Não demorou a se fartar com um ensopado de carne de corço e batatas suculentas em um molho encorpado. Ao terminar sua refeição, tomou um bom gole da cerveja que era bastante boa, para o espanto da jovem e chamou o taverneiro.

- Estou procurando alguém. Um jovem com cara de sofrido, dois palmos mais alto do que eu, pele clara, olhos cinzentos, cabelos escuros, porte nobre. Talvez tenha passado por aqui há uns três dias, talvez menos.

- Sinto muito, mas não atendi nenhum viajante nesses últimos dias. Apenas o pessoal de sempre. - respondeu o taverneiro.

- Certo, agradeço sua atenção. Há mais uma taverna na cidade, seguindo a estrada, não é? Fica próxima?

- Fica no final da estrada, uma das últimas construções. Mas não deveria ir lá sozinha, moça. Não é um lugar agradável, principalmente para uma jovem. - o homem a alertou.

- Menos agradável que a primeira taverna que encontrei? A caneca qualquer coisa? - perguntou curiosa.

- Pior, sim! Qualidade baixa igual, mas mais perigosa, frequentada por tipos escusos.

- Entendi. Bem, obrigada pelo aviso. Assim, vou preparada.

Maxine saiu e o tempo começava a mudar. Mesmo no céu já escuro, iluminado apenas com a luz de Candra, era possível ver as nuvens pesadas e as luzes que as cruzavam. Logo choveria, pensou a jovem. Caminhou em passos rápidos até chegar nos últimos edifícios da vila. Encontrou a taverna e esperava não encontrar Yurgan ali, pois não sabia que palavra que poderia representá-la, que fosse pior do que decadente.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now