Capítulo 25 - Jogo

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O silêncio preencheu o local por alguns momentos.

— Desgraçada! — a voz cheia de raiva de Maxine pareceu muito alta, dado o silêncio profundo que estivera instalado na sala. — Essa Lady tem muito que responder!

— Ao que tudo indica eles também não foram os primeiros. Mas pareciam ser muito inexperientes. — Yurgan guardou o diário em sua bolsa. — Quando voltarmos, vamos entregar o diário para a família da jovem e fazer a justiça valer sobre os crimes aqui cometidos.

Os outros assentiram.

— Vamos continuar? — perguntou Serielle, com a voz ainda um tanto trêmula.

— Claro! — respondeu prontamente a patrulheira. — Quanto antes sairmos daqui melhor! Quanto antes chegarmos até aquela maldita, melhor!

Saíram da sala e continuaram a exploração. Eles tinham a impressão de estar ali há muito tempo, pois o avanço era lento. Caminharam cerca de uma hora em silêncio e foi Serielle quem o quebrou, sua voz era apenas um sussurro.

— Nunca tinha visto algo como aquilo... — falou, mais para si mesma que para os colegas.

— Nem eu. — respondeu Yurgan. — Nunca vi nada tão perturbador.

— Eu tentei curá-la. Quando vocês arrancaram o braço dela. Não sei bem o porquê, mas algo me impeliu, ainda que eu soubesse que seria impossível. Aquela... a-aquela jovem sofreu com meu toque.

— Sim. — Yurgan olhou seriamente para Serielle. — Assim como sofreu mais ao ser tocada por meus ataques, que carregavam neles uma dose da minha fé.

— Por que ela se ergueu? Nunca soube nada sobre mortos se erguerem. — a elfa se questionava.

— Não sei. Mas não duvido que o motivo seja ódio por aquela vadia que nos contratou. — respondeu Maxine, desarmando mais uma armadilha com um "clique" de suas gazuas. — Se eu morresse nesse instante, eu poderia voltar apenas com a força do meu ódio. Acredito nisso!

— Não seja tola, Maxine. — Yurgan a repreendeu e ela deu de ombros.

— É mesmo, Maxine. Pude sentir muito ódio naquela jovem. Mas o sentimento mais abundante em seu coração, era tristeza. — Serielle tocou o próprio peito. Suas palavras estavam carregadas de uma profunda melancolia. — Um desespero tão profundo que fez meu coração se partir. Não acredito que um dia serei capaz de esquecer a sua dor.

— A justiça trará acalento à sua alma. — Yurgan tentou parecer forte. — Que a usemos como um escudo para nos manter vivos e como combustível para chegar ao fim disso.

Maxine encarou os amigos e cerrou os punhos. A ira que crescia em seu peito tornava difícil respirar.

Caminharam durante mais alguns longos minutos pelos corredores esculpidos e que eram todos iguais, até que avistaram uma sala grande que, aparentemente, levava a outro caminho. Estando seguindo os mesmos corredores por tanto tempo, todos concordaram em tentar ir por aquela direção. Maxine dizia já não ter mais tanta certeza da direção que seguiam, depois de tanto tempo ali embaixo, com um cenário tão igual em todas as direções.

Entraram na sala, mais escura e, muito atentos, a atravessaram. Seguiram alguns metros, por um corredor largo e logo estavam frente à outra sala ampla, que tinha uma nova saída no canto oposto ao que os jovens se encontravam.

Mas nesse aposento a tensão os tomou. Havia algo no ar, como se os seus instintos os estivessem avisando de algo e seus corações estivessem a bombear sangue com mais força para emprestar-lhes força. As mãos suavam e apertavam os cabos das armas. Eles olhavam de um lado a outro enquanto caminhavam.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now