Capítulo 5 - Fadas - parte 4

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— Callon, dê uma olhada por aqui. Consegue ver algo estranho?

O elfo se aproximou, observando, atentamente, por através de uma greta entre as tábuas. Mesmo através da escuridão, pôde perceber o aparato.

— Sim! Há um dispositivo por baixo da tampa. Parece um cadeado. Seu conseguir, ao menos... — pacientemente, retirou um estojo com ferramentas delicadas e, se pôs a tentar virar o dispositivo com um gancho para posicionar a sua fechadura para cima. — Seja lá quem passou por aqui, trancou esta tampa por dentro.

Victoria se aproximou, curiosa, observando-o trabalhar.

O elfo conseguiu posicionar, com suas ferramentas delicadas e muito bem trabalhadas, o cadeado, com a face virada para cima. A estreita fechadura se encontrava entre as duas tábuas, e, com seus olhos élficos, era capaz de enxergá-la com perfeição. Alcançá-las, no entanto, seria um desafio, e, olhando para Victoria, ele a chamou.

— Poderia, por obséquio, segurar estas ferramentas nesta exata posição, senhorita? — ele deu um passo para o lado.

— Assim? — a garota perguntou.

— Exatamente. Agora, se me permite... — o elfo se manteve ao lado dela. Seus corpos permaneceram colados, um ao outro enquanto ele tirava de seu estojo, duas gazuas finas e resistentes.

Ele enfiou-as, por entre as tábuas, para alcançar a fechadura, e, por conta da impossibilidade de trabalhar os ângulos, tomou mais tempo do que deveria, enquanto os outros esperavam. Yurgan, claramente enciumado, suspirava, audivelmente, toda vez que olhava na direção dos dois.

— Eu poderia, simplesmente, quebrar esta tampa. — resmungou o rapaz.

— Atrairia a atenção de quem quer que esteja lá dentro. — Callon se defendeu. — Me dê mais alguns momentos.

Ele girou as ferramentas, de um lado para o outro, por vezes, subindo sobre a tampa, por vezes, se apertando ainda mais contra o corpo de Victoria, até que um estalo mais alto indicou a conclusão do serviço.

— Vê, caro amigo? — o elfo pinçou o cadeado com um tipo de alicate em miniatura, e o moveu para destrancar o trinco. — Ainda estamos despercebidos.

Yurgan o encarou, cinzento.

Sem mais empecilhos, tiraram a tampa que cobria o poço e deram uma boa olhada para baixo. A luz do dia alcançava apenas um pequeno trecho da descida, logo, dando espaço para a escuridão lá de baixo.

— Eu vou primeiro. — Yurgan se ofereceu, tirando da mochila, um pequeno lampião a óleo e o acendendo com as fagulhas de uma pederneira. — Desço e dou uma olhada no que há no fundo.

Ele atou o lampião, com uma tira de couro, a uma argola de metal em sua mochila e a colocou, novamente às costas. Maxine ajudou o jovem, amarrando uma corda em volta da sua cintura para que a descida fosse mais segura. O jovem passou as pernas pela borda do poço e tomou posição para começar a descer. Logo que fez o primeiro movimento, seu pé escapou e ele escorregou, fazendo a corda correr, raspando a pedra na beirada do poço. De um solavanco, ele pendulou e bateu forte contra as pedras, quando seus amigos conseguiram fazê-lo parar. Por sorte, bateu de frente e não de costas. Quebrar o lampião e derramar o óleo ali, poderia ter causado um fatal incêndio.

O impacto o fez gemer.

— Tudo bem, irmão? — Victoria colocou a cabeça sobre o poço, preocupada.

— Merda! Você é mais pesado do que imaginei, Yurgan. — praguejou Maxine. — O que anda comendo?

— Deve ser minha cota de malha.

A Chama de UrunirHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin