Capítulo 15 - Orelhas

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De maneira silenciosa, eles seguiram para as escadas. Primeiro Callon, depois Maxine, que perdeu alguns segundos puxando a faca de caça e cortando uma orelha de cada cadáver orc que ainda as possuía, depois Leon e por último Victoria e Yurgan.

Quando chegaram no topo da escada, onde havia a abertura, o elfo espiou, mas todos foram capazes de ouvir mais vozes se aproximando.

— Não temos como saber quantos são, mas se pegarmos eles aos poucos, teremos mais chances! — Callon olhava para Yurgan, esperando alguma aprovação.

— Sim. Este é um bom lugar para uma luta. Temos o controle da situação aqui. Podemos nos manter em posição defensiva e pegar um a um. — comentou o jovem sisudo, olhando em volta.

Os outros acenaram em concordância.

Não demorou para que as vozes, no idioma estranho, estivessem muito próximas. Callon conseguiu identificar três.

Leon e Maxine estavam posicionados logo na entrada, um a cada lado do batente da porta. Yurgan estava cinco passos atrás, posicionado no meio do corredor com escudo erguido e a espada na mão. Callon era ágil, por isso, seria a isca. Atrairia os inimigos e, então, se posicionaria atrás de Yurgan, onde já começavam os degraus da escada. Victoria, estava dois degraus abaixo, por instrução do irmão.

Callon saiu pela abertura. Olhou de um lado para o outro e avistou três indivíduos caminhando pelo corredor que era iluminado apenas por feixes de luz, que adentravam pelas rachaduras e buracos que haviam no teto e nas paredes. Além, é claro, da tocha que o elfo carregava, para se fazer visível.

As vozes, que antes pareciam conversar em um tom calmo, se alteraram e os passos se tornaram mais pesados e audíveis. Corriam em direção ao elfo.

Callon, com tranquilidade esperou alguns segundos, para que não houvesse dúvidas do local onde entraria, e, passou correndo por Maxine e Leon, parando logo atrás do filho do magistrado, conforme combinado. Sacou rapidamente o arco e posicionou duas flechas na corda, esticando-a no mesmo instante em que o primeiro orc apareceu na abertura.

Os dois companheiros que estavam mais próximos à abertura, deixaram o orc entrar. Cheio de fúria, passou por eles sem os notar e foi recebido com as duas flechas de Callon, que se enterraram profundamente na garganta, trespassando-a e surgindo, ensanguentadas do outro lado. Yurgan não moveu um músculo ao ouvir as flechas assoviando em seu ouvido, apenas aguardou, em posição defensiva. Callon se sentiu orgulhoso em saber que seu companheiro confiava sua vida às suas habilidades com o arco.

Os dois outros inimigos chegaram no momento em que o primeiro caía, sem vida. Vinham gritando, escandalosos e, antes mesmo que pudessem reagir, foram recebidos por Maxine e Leon.

O machado de Leon possuía um cabo longo, sendo empunhado com as duas mãos, para que a força do rapaz se fizesse valer. O jovem ergueu o machado e o desceu, preciso. O som de osso se partindo se fez ouvir muito alto, inclusive pelo segundo orc, que olhou assustado, vendo o companheiro sendo dividido pela lâmina dupla do machado, desde a omoplata até o esterno, cambaleando por dois passos e desabando. A distração momentânea do orc facilitou o ataque de Maxine, que também segurava a espada com as duas mãos, para um melhor aproveitamento de sua força. Uma estocada fora o suficiente e, ao puxar a arma, depois do golpe, as entranhas do inimigo seguiram a lâmina, se despejando no chão. O cheiro de sangue e fezes não os abalou, pois estava sobreposto pelo odor nauseabundo da própria sala onde estavam.

Um quarto orc, ao qual eles não haviam notado, entrou enquanto Maxine e Leon lidavam com seus respectivos oponentes e Yurgan avançou, defendendo o primeiro golpe feito com uma machadinha em seu escudo. Callon viu o escudo do amigo estremecer e ele dar um passo atrás, por pouco não errando o degrau, tamanha era a força posta no golpe. Atacou em seguida com a espada, no entanto, estava, claramente, tentando não o ferir de forma letal. Dois golpes cortaram a pele esverdeada do orc na altura das coxas e o terceiro golpe foi com força em sua maxila, usando a borda de aço do escudo, deixando o oponente desacordado.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now