Capítulo 17 - Fruto

28 6 5
                                    

Yurgan foi o primeiro a se recuperar do susto. Amparou o elfo assustado e, rapidamente, despejou-lhe uma bênção que, feita às pressas, causou-lhe um efeito extenuante e doloroso, fazendo sua cabeça latejar e seu nariz se encher de sangue, ao tentar diminuir o perigo sobre a vida de Callon.

Leon passou por eles com um brado de batalha em sua garganta, possesso novamente em sua fúria, e avançou, sem nem mesmo saber quem era seu inimigo. Contudo, foi fácil discernir quem era. Um imenso orc estava no centro da sala, sorrindo, com grandes presas se projetando para fora do lábio inferior. Portava um machado tão grande quanto o de Leon, adornado por pequenos crânios. Usava uma capa fétida de cor parda. Parecia mais velho e mais robusto do que qualquer outro dos orcs que tinham enfrentado antes.

O machado de Leon procurou seu alvo, mas o orc se esquivou e tentou ferir o jovem karinthar, com um golpe que mirava sua cabeça. Maxine havia seguido Leon e, assim que o orc velho tentou atacar o jovem, foi surpreendido pela garota, que havia usado seu grande companheiro como cobertura. Surpreendeu o inimigo com dois ataques rápidos, causando uma profunda ferida na lateral do tronco. Yurgan, percebendo o risco iminente, largou Callon sob cuidados de Victoria e avançou, flanqueando o orc e desviando, com o escudo, o golpe que era endereçado à Maxine. A pancada que a arma causara sobre a madeira, arrancara uma enorme lasca do equipamento, fazendo seu braço vacilar, mesmo tendo acertado de raspão.

Victoria estava paralisada a observar Callon, que havia escorregado ao chão, segurando o peito, com a respiração entrecortada, após Yurgan o soltar. O peito ainda sangrava, de onde a machadinha havia sido arrancada. A jovem respirou fundo e se colocou à frente do elfo, enquanto ele se recuperava. Começou a entoar suas palavras e executar seus gestos, mas um enjoo súbito a atingiu e um sangramento nasal se iniciou.

O orc urrou e girou o machado em um movimento amplo, acertando o ombro de Leon, que, por conseguir dar um passo para trás, não teve o braço arrancado. Maxine girou o corpo a ponto de conseguir evitar o pior, sofrendo um ferimento superficial que rasgou o couro de seu peitoral e lacerou a pele do peito. Yurgan se moveu, se esquivando do golpe, e se aproveitou da abertura deixada pelo movimento do inimigo, para um ataque limpo, uma estocada entre as costelas, que visava o coração. No entanto, o orc reagiu ao golpe soltando uma das mãos do machado e acertando Yurgan com um forte soco que o fez se afastar dois passos para trás. Continuando o assalto, o imenso brutamontes voltou a segurar o machado com as duas mãos, em um movimento que pareceu muito rápido para alguém de seu tamanho, e preparou um ataque, mas foi atrasado por um golpe de Leon que, também, se movimentou de maneira rápida, com uma finta, e o acertou na omoplata, fazendo-o urrar.

Ao contrário dos outros bandoleiros que haviam invadido o forte, aquele oponente começava se mostrar superior em combate, fazendo com que Yurgan começasse a duvidar que seu treinamento tivesse sido suficiente para lidar com aquele tipo de inimigo.

Maxine tentou se mover para conseguir uma oportunidade melhor para atacar, mas a fúria do orc ferido recaiu sobre ela. Um grito de dor e raiva escapou pela garganta da jovem ao sentir o frio do aço lhe cortar na lateral esquerda do corpo. O couro do peitoral havia absorvido a maior parte do dano e, ainda assim, o sangue lhe correu, abundante.

Ao analisar Yurgan, que erguia o escudo, fechado em sua defesa, enquanto voltava a se aproximar, o orc se voltou para Leon, que lhe pareceu um alvo mais fácil. Ao erguer a arma para atacar, no entanto, foi surpreendido por uma seta que se enterrou firme na carne do antebraço.

Callon havia deixado Victoria, que ainda se contorcia de dores por conta dos danos que a realidade lhe aplicara, para, apesar da dor que sentia, se adiantar e ajudar os companheiros. Yurgan aproveitou a distração momentânea, que, em condições normais, poderia tirar um homem adulto de combate, para executar mais um golpe limpo na linha do quadril do inimigo. Um segundo ataque foi desferido, visando o pescoço, mas este apenas passou de raspão, incapaz de atravessar a pele grossa para lhe tirar sangue. O elfo já colocava outra flecha em seu arco, com a mão trêmula quando Yurgan viu Maxine ser arremessada para o lado. A garota fora esbarrada contra a parede e tossiu algumas vezes, segurando a garganta por onde havia sido erguida e arremessada. O orc encarou o elfo com um olhar cheio de ódio e, esquivando-se de um ataque amplo de Leon, avançou a passos largos, ignorando um Yurgan que, momentaneamente, havia aberto suas defesas.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now