Capítulo 56 - Recuar

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Balmora, Yogratax...

Nono mês, 2.999...

— RECUEM!

Gloradan gritou a ordem quando viu Gauargi e Yurgan feridos.

— Podemos continuar! — respondeu Yurgan, gritando, enquanto se afastava do oponente e tentava curar um profundo corte em sua coxa. Assim que conseguiu aliviar a gravidade do ferimento, correu em direção ao lorde, que sangrava em profusão, mas uma flecha cruzou o ar se enterrado na omoplata esquerda do campeão de Austra.

Gloradan saíra para buscar o mensageiro, mas ao ver a emboscada, sabia que era apenas uma questão de tempo até a retirada acontecer. Haviam derrotado alguns e ferido outros gravemente, quase a metade. Era um feito bastante incrível para quatro atacantes. Mas os orcs eram corpulentos, fortes e resistentes e o pequeno grupo alcançara o limite. Permanecer mais tempo em combate era uma sentença de morte.

— Recuem! AGORA! — A autoridade na voz do elfo foi sentida e acatada, puseram-se a cavalgar, retornando para as muralhas.

Quando estavam a cruzar o grande portão, Yurgan viu o cavalo de Maxine já à frente, mas sem a jovem. No entanto, não houve tempo para parar ou fazer o cavalo retornar. Yurgan olhava para trás e gritava para que parassem, mas o portão se fechava.

— Temos que voltar! — Moveu o cavalo para ficar de frente para o portão novamente e o animal sentia a agitação de seu cavaleiro.

— Deve entender que não há vergonha em recuar, meu jovem! — Começou Gloradan, mas Yurgan o cortou com um gesto impaciente.

— Maxine não está aqui! — Estendeu uma das mãos enluvadas, mostrando que apenas o cavalo os acompanhara, finalmente conseguindo a atenção de todos.

Gauargi olhou em volta. Em toda a agitação, não percebera que a jovem não os acompanhava. Passou a mão pelo rosto e a deixou permanecer um tempo enterrada nos cabelos. O que fariam? Gloradan também fora atingido pela notícia. O elfo ficara sem fala. Olhava para o portão, mas sabia que não podia voltar. O que diria a Argos?

*

Yurgan levava o semblante carregado, mas se continha.

— Devemos procurá-la, — falou firmemente, o jovem.

Gauargi sentava-se na ponta da cadeira, os cotovelos apoiados sobre a mesa, segurava a cabeça com os dedos enterrados nos cabelos ruivos, muito mais abalado do que esperava.

— Devemos pensar com clareza! — A voz de Gloradam se fez ouvir. — Temos que organizar...

— Temos que organizar os homens de armas e fazer um ataque! Eles certamente não esperam um ataque imediato. — A voz de Argos tomou a tenda enquanto entrava.

Gloradan se aproximou e colocou uma das mãos no ombro do amigo.

— Lamento! Peço perdão por não ter sido mais cuidadoso.

— Não foi culpa sua. Poderia ter sido qualquer um de nós e com qualquer um de nós. — Tocou a mão sobre seu ombro.

— Eu concordo, senhor Argos. Acho que temos boas chances. — Afirmou Yurgan.

— Se você for, certamente não fará parte da vanguarda, rapaz. Olhe seu estado! — respondeu o patrulheiro, apontando o dedo para o rapaz. — O mesmo serve para você, Lorde Gauargi!

— Algum de vocês conhece a face do príncipe Tristan? — Gauargi falou em tom calmo.

Todos fizeram silêncio.

— Eu não vi o mensageiro. Mas vocês podem me garantir que não se tratava do príncipe usando um disfarce, não é? — Continuou o lorde.

— Eu pude ver o príncipe em algumas ocasiões quando estive na capital e aquele homem não era ele. — falou Yurgan.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now