Capítulo 53 - Morte

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Maxine estava zonza. A visão desfocada. Abria e fechava os olhos lentamente, tentando enxergar. Foram alguns segundos para situar-se. Seu corpo inteiro doía e em alguns pontos doía em demasia. Tentou levantar e a dor piorou, caíra de pelo menos doze metros.

"Que estupidez!" pensou. Como ainda estava viva, era uma pergunta que faria em outro momento. Virou-se quase de bruços e usou os braços para forçar o corpo a se erguer. Falhou na primeira vez. Concentrou-se e tentou novamente, suportando a dor excruciante. Olhou para cima e imaginou que devia ter batido em algumas das rochas ou montes de neve antes de chegar ao chão sobre a neve fofa, graças a Atos!

Olhou em volta, mas ouviu o mensageiro antes de o ver, ele gemia ou chorava, talvez ambas as coisas. Ela própria gemeu ao tentar pôr-se de pé e somente então viu que sangrava. A neve deixara de ser branca para tornar-se rubra sob o lugar que estivera caída. Permaneceu sentada e procurou por seus ferimentos. Um ombro deslocado que ela desistiu de tentar pôr no lugar, apenas com sua própria força, na segunda tentativa dolorosa. Imaginou que possuía ao menos quatro costelas trincadas, talvez quebradas, poderia ser resultado da queda ou cortesia do orc. O sangue vinha principalmente de dois lugares. Havia um corte profundo no quadril, provavelmente o lugar que bateu em uma das pedras na queda. Sua coxa era a segunda fonte do sangue, um espeto de gelo ainda estava enterrado na lateral.

Ver a adaga de gelo parecia ter piorado a sensação e ela rilhou os dentes e puxou o espeto, contendo um grito de dor ao fazê-lo. Tremia levemente quando pegou uma atadura limpa em uma das algibeiras e enfaixou a perna por cima da roupa mesmo, queria apenas que o sangramento parasse. Com dificuldade, conseguiu se pôr de pé e apoiou-se no paredão de pedra, ali ela respirou fundo e tentou novamente pôr o ombro no lugar, dessa vez se chocando contra a escarpa, conseguiu, mas não pôde deixar de gritar com a dor. Andou lentamente, mancando, à procura do homem que caíra com ela.

O mensageiro estava há alguns metros, atrás de uma pedra.

"Uma sorte que estava do lado e não em cima", pensou Maxine. No entanto, ao se aproximar, percebeu que o pobre desgraçado não tivera sorte alguma. A perna esquerda estava dobrada em um ângulo estranho e que lhe causou náuseas apenas ao olhar. O braço direito estava muito ferido. De onde Maxine estava, podia ver o branco do osso. Fechou os olhos por um momento, tentando acalmar sua mente e pensar no que fazer. Olhou em volta, primeiro precisava encontrar um abrigo.

Havia escutado os gritos e urros da batalha em seu estado subconsciente, mas agora já não ouvia nada vindo de cima, nem mesmo os orcs.

— Me ajude, por favor! — disse o homem com a voz entrecortada, soluçando.

— Aguente firme. Vou ajudá-lo! Vamos sair dessa, os dois.

Andou um pouco mais à frente, apoiada no paredão e encontrou uma abertura estreita na pedra. Entrou e tateou em volta, não era profunda, apenas um vão. Fez o árduo caminho de volta e parou em frente ao homem. O que poderia fazer por ele, quando ela mal podia se manter em pé?

Abaixou-se, fazendo uma careta de dor, e examinou a perna. Não era necessário ser um conhecedor de medicina para saber que estava quebrada, contudo, precisava de algum conhecimento para mexer nela. Procurou nas três algibeiras, que carregava presas ao cinto, e retirou os itens de dentro. Carregava instrumentos médicos, ervas e ataduras nas pequenas bolsas, pois dificilmente ficava longe delas. Não era muito, mas esperava que fosse o suficiente para manter o homem com vida até que encontrassem ajuda.

Maxine procurou por sua adaga reserva, já que havia perdido a faca de caça no combate.

— Aqui! — Colocou a adaga na frente da boca dele, esperando que a abrisse. — É melhor morder o cabo. Vai doer.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora