Capítulo 26 - Saída

17 7 0
                                    

Queriam sair dali o quanto antes, desde o momento em que entraram e perceberam a armadilha na qual que haviam caído. Mas agora? Agora a pressa estava acima da cautela e isso fez com que eles apenas conseguissem detectar as armadilhas mais fáceis, as que necessitavam tempo foram superadas pela sorte ou pela dor.

Quando Yurgan recebeu o golpe de uma lâmina para proteger Serielle, eles fizeram uma pequena pausa. Todos estavam cansados, quase esgotados e a maldita cripta era como um labirinto. Assim, Yurgan e Serielle precisavam de um pequeno descanso para, em oração, buscarem a força necessária para que conseguissem realizar os milagres em nome de seus padroeiros. Serielle se recuperara mais rapidamente e ainda que Yurgan olhasse sua fé com reprovação, ela usou seus dons no ferimento. Enquanto isso, Leon permanecia calado e pensativo. Sentia seus movimentos ficarem mais e mais lentos e, à medida que o tempo passava e os movimentos e a tensão faziam o sangue carregar o veneno por toda a extensão do corpo, a desesperança minava suas forças e o tornava mais taciturno. Percebendo isso, Maxine aproveitou o tempo de descanso e começou a remexer sua bolsa em busca de algo que pudesse ajudar. Talvez, vendo e tocando aqueles itens ela pudesse se lembrar ou ter alguma ideia. Foi então que tocou em alguns frascos. Frascos que eram novos. Havia ganhado naquela mesma noite e os carregara, por vezes, na bolsa de lona que haviam recebido à entrada e cuja carga era revezada com os companheiros. Analisou um por um, lembrando do que eram e um sorriso se abriu em seu rosto. Deixou espalhar no chão o conteúdo que tinha no colo e saiu de gatinhas, com apenas uma mão de apoio no chão, enquanto na outra erguia um frasco com um líquido verde escuro, quase negro.

— Achei!! Aqui! Aqui! Tome! — foi destampando o frasco e praticamente se jogou sobre Leon enquanto o fazia. O rapaz se assustou com a atitude repentina.

— Mas o que está fazendo?! — a segurou pela cintura, quando ela quase caiu e quase deixou o frasco cair no processo.

— Um antídoto! Eu tenho um antídoto! Beba logo! — esbravejou e empurrou o frasco contra os lábios do outro.

Quando Leon segurou e entornou o líquido, Maxine se acalmou e deixou-se sentar no chão, apoiando o peso em uma das mãos, enquanto recuperava o fôlego.

Yurgan e Serielle tinham se aproximado durante a cena dos dois.

— Um antídoto? — perguntou a elfa, com esperança.

— Sim! Eu havia esquecido do que ganhamos ao vir para cá. Haviam alguns frascos com venenos e outras coisas. Eu não lembrava, até que os olhei agora. Havia apenas um antídoto. Aqueles malditos devem ter esperado que mais de um fosse mordido. Assim, teríamos uma briga por ele.

— Faz sentido.... Eu já não duvido que algo assim possa ser real. — Yurgan fez uma pausa enquanto olhava para Leon. — Como se sente?

— Meu braço ainda formiga. — o karinthar encarou Maxine. — Para dizer a verdade, sinto pouca diferença.

— É provável que formigue por algum tempo ainda, mas deve começar a aliviar logo. — ela sorriu, aliviada.

Nessa mesma pausa, Yurgan e Serielle revezaram, tirando um pouco da dor e curando alguns ferimentos de Leon e Maxine. Estavam fartos e continuaram em ritmo acelerado. Correram por alguns dos corredores que pareciam nunca acabar e ao entrarem em uma nova sala, se depararam com algo totalmente inesperado.

Na sala, havia mais uma criatura saída de lendas e contos para assustar crianças. Uma mantícora. A besta possuía um corpo felino, grande como o de um tigre, mas com a pelagem de um único tom amarelo avermelhado. A cauda, do meio até a ponta, era coberta por espinhos, como os de um porco espinho, mas maiores e mais grossos e mais farpados. Suas patas tinham garras enormes, sempre à mostra. Mas o que mais impressionava era a cabeça e a face, que era um tanto pequena para o corpanzil e causava uma grande estranheza naqueles que a olhavam, pois, seus olhos eram muito semelhantes aos de um humano e possuíam neles um tipo de inteligência maléfica que perturbava e amedrontava. Alguns poderiam dizer que havia mais naquela face que lembrasse um humanoide. Estava a se fartar de um corpo, que parecia ter sido destroçado não fazia muito tempo, considerando o sangue fresco que se empoçava nos vãos entre as pedras do chão.

A Chama de UrunirDonde viven las historias. Descúbrelo ahora