Capítulo 5 - Fadas

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O grupo recém-formado se encaminhou para a Taverna Porta Vermelha, ou Taverna do Colho, como os moradores da cidade a chamavam. Acomodaram-se em uma das mesas vagas e analisaram a primeira missão. O tal teste para entrar na guilda.

No papel que Lilly entregara, dizia que alguns itens de valor haviam sido afanados, além de ser necessária uma investigação devido a depredação. Os locais em questão eram a forja, o armazém, a alfaiataria e o boticário. Todos chegaram à conclusão óbvia que deveriam começar perguntando aos donos de cada estabelecimento o que eles sabiam.

Seguiram a ordem de acordo com o caminho que fizeram a partir da taverna. Primeiro pararam no armazém do Sr. Rupert, um homem feio e de aparência embrutecida, com o maxilar proeminente e nariz minúsculo. A pele, levemente esverdeada, conferia, a quem quer que o olhasse, a certeza imediata de que ele se tratava um híbrido entre homem e orc, ou, como se era comum chamar, um meio-orc. As manchas grisalhas nas têmporas e na barba, além das rugas, identificavam-no como um homem de meia-idade, mas, que ainda tinha um grande porte e muito vigor.

Ao entrar no armazém, Yurgan se adiantou com um semblante sério e altivo.

— Senhor Rupert, fomos encarregados, pela guilda, de lidar com a situação dos itens desaparecidos e o vandalismo. Certamente, algum rufião que não tende a demorar a encontrar a justiça. — apresentou a carta da guilda, autorizando a missão.

— Fico feliz que tenham vindo logo. — a voz era grave e rasgada e, seu sotaque era marcado por erres quebrados e arrastados. — Quanto ao rufião, temo que talvez dê mais trabalho do que deveria. Venham comigo.

O meio-orc os levou até a parte de trás do armazém, onde as mercadorias ficavam estocadas e mostrou do que se tratava sua reclamação. Era uma grande roldana, que, em verdade era muito útil para Rupert, mas, era difícil pensar na utilidade que teria para qualquer outra pessoa. A peça em questão não fora roubada, provavelmente devido ao seu peso, contudo, estava repleta de moças.

Enquanto Yurgan analisava o local de onde a peça estava, Maxine e Callon começaram a procurar em volta, passeando com os olhos sobre toda e qualquer superfície. A garota, acostumada a seguir rastros, foi a primeira a perceber..

— Aqui! — disse, em voz alta.

Os outros seguiram a voz e a encontraram em um canto do galpão, ao lado de pegadas que não levavam a lugar nenhum.

As marcas sobre o chão batido eram pequenas e finas, possuíam uma ramificação trifurcada nas extremidades e pareciam ter sido feitas por patas possuidoras de pequenas garras, como pés de galinha.

— São pegadas muito estranhas. Muito pequenas. Além disso, elas começam e terminam do nada e para o nada. Não levam a lugar algum. Como se fossem feitas para despistar, ou... como se não tivesse saído daqui.

— Não encontrei mais nada de estranho. — disse Callon.

Trocaram mais algumas palavras com Rupert, fazendo-lhe perguntas as quais o homem não sabia responder e, quando soube, inundou-os com informações que os enchia ainda mais com dúvidas e teorias. Seguiram, então, para o próximo estabelecimento: a forja.

Ao chegarem, notaram logo a confusão que estava no lugar.

— Senhora Moira Braço Forte? — a voz de Yurgan soou alta para atrair a atenção de uma mulher baixa e atarracada, que tinha os longos cabelos castanhos enrolados em coques aos lados da cabeça. Se tratava de uma representante da raça anã e, como era comum à tal, era uma habilidosa ferreira.

— Ora! Não me chame de senhora, garoto.

— Me desculpe, não quis ofender! — retratou-se o jovem, rapidamente.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora