Capítulo 63 - Desagrado

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— Você está bem? — A voz do príncipe era séria e ecoou do salão de pedra, ainda que falasse baixo. Ele olhou ao redor, notando a caverna cheia de estalactites e estalagmites sob a suave penumbra que preenchia o local.

A jovem gemeu e ele percebeu que a voz estava trêmula. Ela tentou se levantar, se desvencilhando do abraço, mas ao erguer-se, cambaleou e apertou os lábios para conter a dor que sentia. Tristan imaginou que ela estava atordoada devido ao golpe na cabeça e se levantou a tempo de segurá-la quando ela estava prestes a cair.

— Foi uma bela pancada. Você é bem durona. Poderia ter desmaiado na hora. — provocou e, sem muito cuidado, passou o braço ao redor dela para sustentá-la. Notou que ela fez uma careta de dor e gemeu alto quando ele apertou a mão contra torso.

Olhou-a com preocupação e a acomodou em um largo degrau de pedra, teve que deitá-la quando ela tentou se erguer e tonteou novamente.

— Fique quieta por alguns momentos. Eles não vão nos encontrar aqui. Chamei sua atenção apenas porque acreditei que eles iam acabar notando você. Eu queria proteger a minha posição. Você os seguiu? Pode rastreá-los? Anton mencionou algo sobre rastreá-los.

O príncipe fez várias outras perguntas em relação aos orcs, enquanto observava o local onde estavam. A jovem falou algo, muito baixo.

— O que? — perguntou o príncipe.

— Pode fazer silêncio por alguns momentos, por favor? — respondeu ela alto e de forma irritada, fazendo uma careta de dor no processo.

Tristan fechou a cara e se afastou, procurando por algum caminho que pudessem seguir. A caverna não era tão fria, o que era um alívio, e possuía alguns pilares naturais, alguns mais grossos que outros. Entre todos os obstáculos, ele encontrou um túnel. Era a segunda opção, pensou ele, já que depois de algum tempo, pretendia sair pelo mesmo lugar ponde onde tinham entrado.

Alguns minutos depois, Tristan se aproximou da jovem e a encontrou sem o casacão de pele e a jaqueta de couro. Ela vestia apenas as calças e a camisa de algodão, que estava rasgada e manchada de sangue. A jovem havia arregaçado a manga da camisa, e ele podia ver o antebraço enfaixado. Parecia que ela havia acabado de apertar a atadura. O jovem se aproximou, observando as roupas e os pertences. Notou que uma faixa de tecido manchada de sangue rodeava sua coxa por cima da calça rasgada. A garota estava em um estado bastante pior que o dele. Tristan chegou a sentir um pouco de simpatia por um instante, até que ela o olhou e ele recordou do episódio do dia anterior.

— Sua mão está sangrando.

A voz feminina o pegou de surpresa.

— Sei. — respondeu em tom monótono. Olhou para a mão e viu que havia um corte longo na lateral da palma que ia até o início do pulso. Sentou-se e remexeu em sua algibeira. Pegou um frasco do elixir que havia adquirido na aldeia e já estava prestes a destampá-lo para tomar quando viu a expressão horrorizada da jovem. — O que?

— Você só pode ser um imbecil mesmo! — esbravejou.

Tristan ficou aturdido com o ataque e sua irritação veio à tona.

— Como é? — Tinha o cenho franzido em uma expressão irada, quase ameaçadora, mas a jovem apenas fez um gesto em negação com a cabeça, como se ainda não acreditasse, e remexeu na própria algibeira. Retirou uma das ataduras que havia lavado antes e, com uma careta de dor, chegou mais perto dele e pegou a mão ferida para examinar.

— Você é muito estúpido se usar um elixir para tratar um ferimento simples como esse. — Viu que a ferida não precisava de sutura e o olhou antes de continuar. — Você não deve saber o valor desse líquido em um lugar como esse. — Voltou para o ferimento, começando a limpá-lo e, em seguida, enfaixando-o bem apertado.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now