Capítulo 27 - Corrupção

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Todos ficaram olhando a passagem escura durante alguns momentos.

Maxine acendeu uma tocha e foi a primeira a entrar. O corredor, assim como toda a cripta, era trabalho de alguém, provavelmente anões, pois era um trabalho excepcional, com pedras quadradas e bem cortadas, milimetricamente idênticas, simétricas. Seguiu por uns cinco metros, então, encontrou uma escada e uma nova passagem, dessa vez parecia a porta de um alçapão, a julgar pela porta no topo da escada.

— Eu abro. Você pode me dar cobertura com a besta, Maxine. — Yurgan sugeriu.

A jovem assentiu e entregou a tocha para Serielle que estava próxima.

Yurgan conseguiu abrir a porta acima deles, sem problemas. Não estava trancada ou possuía armadilhas. Maxine espiou, assim que a porta abriu o suficiente.

Então, percebendo que nada havia em volta, Yurgan abriu a porta completamente. Estavam em uma sala, aparentemente uma despensa, considerando os barris cheios de gordura que conservavam carne e grandes peças de carne seca penduradas. Havia cheiro de sangue fresco no local. Notaram que havia uma passagem para um cômodo quase vazio no que consideraram como parte de trás. Ali estava um cervo morto. Pendurado por um gancho, seu sangue era o que cheirava. Uma porta larga estava ao final da sala, provavelmente uma passagem para o exterior, por onde traziam a caça. Na despensa, havia uma segunda porta, que levava à opulência da mansão, assim seguiram por ela.

O jovem campeão foi o primeiro a sair, seguido por Maxine e então, pelos outros. Espiaram e se depararam com um corredor. Seguiram pelo mesmo, cautelosos, e então, surpresos, perceberam que o salão de festa da mansão de Lady Benedict estava logo à frente. Adentraram e olharam em volta, com os cenhos franzidos, desconfiados.

— Ora, ora! Que surpresa agradável! — a voz de Mirele demonstrava uma doçura exagerada. Zombava deles.

Maxine cerrou os dentes para evitar arreganhá-los para a mulher. A mandíbula de Yurgan se esticou em uma tentativa de controlar a raiva. Serielle a olhou com puro desdém e os olhos de Leon pareciam um tanto injetados.

— Uma lástima terem saído do jogo tão cedo! Mas...

— Você só pode ter um monte de merda nessa sua cabeça, sua desgraçada! — a voz de Maxine era sibilante.

— Ora, não há necessidade de tamanha grosseria, Maxine! Nem parece a bela dama que esteve presente no baile, arrancando suspiros. — respondeu a lady com afetação.

— Ahh! Mas você ainda não viu nada... — a voz doce contrastava com a fisionomia da jovem ruiva.

— Acredito que tenha muito a explicar, Lady Mirele. — interrompeu Yurgan, com a voz grave.

A mulher em frente a eles, vestida de maneira pomposa, abriu o leque em um movimento único e, de maneira coquete, cobriu parte do rosto, simulando surpresa. Então, afastou o objeto, iniciando um leve gingado com o mesmo, mas deixando a face à mostra.

— Explicar? Não há nada a explicar, meus caros. Vocês são melhores do que imaginei e venceram a cripta. A maior parte de meus servos esteve verificando as ilhas mais longínquas, esperando por vocês. Mas... talvez, pudéssemos prolongar um pouco mais o jogo. O que acham? Ofereço quinhentos sóis para que somente um de vocês saia daqui com vida. — o sorriso no rosto dela carregava uma pitada de loucura.

— Lady Mirele Benedict, você será levada e o seu caso será julgado em uma tribuna, onde terá todos os seus direitos protegidos como manda a justiça de Austra e dos homens. — a mão de Yurgan apertou o cabo da espada com força, até os nós dos dedos ficarem brancos, os dentes estavam trincados e o maxilar, tenso, como se as palavras que saíam de sua boca desejassem se transformar em um brado intenso de batalha.

A Chama de UrunirOnde histórias criam vida. Descubra agora