Capítulo 73 - Tensão

19 5 3
                                    

Maxine e Tristan continuaram a extenuante tarefa de chegar o mais alto que conseguissem. Após a noite íntima que compartilharam, passaram o dia em uma escalada desenfreada, quase sem pausas e sem conversas. Esgotados, dormiram, e no dia seguinte voltaram ao ritmo insano imposto por Maxine.

Tristan se orgulhava de seu treinamento, que muitas vezes fora mais rígido que o normal, mas era difícil acompanhar a garota. Ele vinha percebendo as diferenças, mas elas se tornavam cada vez mais explícitas durante aquela caminhada louca em busca do topo de Balmora. Ela suportava a dor e as intempéries melhor do que muitos cavaleiros que ele havia conhecido. Possuía um bom senso de direção, isso ele podia dizer pelos outros caminhos que haviam feito juntos. Naquele momento, ele realmente sentiu que fazer parte da Guilda desenvolvia talentos muito necessários. Gostaria de ter esse conhecimento anos antes.

Tristan parou quando viu Maxine olhar ao redor. Novamente, ela tentava ouvir algo e se localizar. Ele pôde notar a frustração dela ao ter somente o silêncio como resposta e continuou em frente. O príncipe pensou em pedir que eles fizessem uma pausa, mas jamais daria esse prazer a ela. Fixou o pensamento que precisava manter o ritmo, sem reclamar para que ela não tivesse nada do que falar a seu respeito.

Chegaram a uma câmara grande, inclinada, que possuía dois caminhos. Um continuava através de outras câmaras que se conectavam, formando um imenso cômodo onde não era possível ver o final, a não ser seguindo por ele, e havia um corredor estreito, ainda mais íngreme. Maxine olhou algumas vezes os caminhos, chegando a dar alguns passos dentro da grande câmara. Mas, no fim, decidiu seguir pelo túnel.

— Não vai perguntar minha opinião sobre o caminho? — perguntou Tristan, irritado, quando ela apenas seguiu para o corredor, o ignorando.

Maxine parou e virou-se.

— Não estou obrigando você a me seguir. Faça como quiser. — A jovem voltou a caminhar, já entrando no túnel que era bastante estreito, ainda que se sentisse um tanto culpada pela resposta grosseira.

Tristan a seguiu e conseguiu segurá-la quando ela já se esgueirava pelo caminho serpenteante. A puxou, pegando-a de surpresa. No entanto, não sabia bem o motivo de fazer aquilo.

— Por que faz isso? — perguntou ele, aproximando-se dela como um predador. — Como consegue ser tão irritante, tão fria e esnobe? — Ele a observava e pôde notar quando os olhos dela mudaram. Seria medo o que via? — Você tem medo de mim? — perguntou com a voz profunda, muito próximo a ela.

A garota era uma confusão.

— Não seja ridículo! — A jovem falou com violência, tentando se desvencilhar e sofrendo as dores de fazê-lo.

— Realmente, seria ridículo pensar que tem medo de mim depois da noite que compartilhamos. — disse ele, sentindo a respiração rápida dela atingi-lo. — Vamos, venha aqui! — A beijou, tentando recriar a harmonia da noite anterior, mas ela se debateu e o recusou. Havia realmente algo no olhar dela, havia medo. Pensou que possivelmente a tivesse machucado e ela não queria admitir. — Maxine, eu...

A jovem não o ouviu. A frase 'venha aqui' na voz do príncipe havia causado um pânico irracional. Ela teria se entregado àquele beijo se ele não houvesse dito nada. Mas por qual motivo aquilo a deixara tão perturbada? Olhou para ele, ainda sentindo medo e a agitação irracional.

— Não!! Por que está fazendo isso? — disse ela em alto tom, queria entender por que aquele homem provocava tais sentimentos nela, mas jamais admitiria o quanto a perturbava. Ia se afastar, mas Tristan não permitiu.

— Diga-me! Eu a machuquei?

— Não tenho que lhe dizer nada! Não quero falar sobre isso, me deixe em paz! — Quase gritou e, na pressa para se desvencilhar, acabou tropeçando no chão irregular e batendo contra a parte inferior da parede do túnel. Tristan a segurou, mas não a tempo. A rocha não era firme, na verdade, naquele ponto era fina como papel e se rompeu, fazendo com que os dois caíssem. O príncipe pensou rápido e a segurou junto dele. Bateram no chão duro, cerca de três metros abaixo. Tristan absorveu a maior parte do impacto e o ar deixou seus pulmões, gerando um som que revelava a dor sofrida. Maxine gemeu quando Tristan a soltou e ela rolou para o lado, esquecendo do corte em suas costas. Tentaram se levantar, mas antes que conseguissem, foram surpreendidos por sons de passos. Estavam a meio caminho de se colocarem de pé quando duas figuras surgiram na câmara de pedra.

A Chama de UrunirWhere stories live. Discover now