A Chama de Urunir

Capítulo 31 - Rumor

Bharani, Yogratax...

Oitavo mês de 2.999...

A missiva na mão do príncipe Tristan fora escrita pelo próprio rei, seu pai, e, além das notícias, pedia que retornasse para a capital.

O norte estava sendo atacado por orcs, e ninguém sabia de onde eles haviam surgido. Balmora, a grande cidade situada na montanha de mesmo nome, estava sendo protegida por homens e mulheres da guilda, que atenderam ao chamado da coroa.

Tristan pensara em permanecer mais tempo em Bharani, queria estar na linha de frente e ajudar nas batalhas, mas seu retorno para a capital parecia inevitável. Talvez conseguisse que o marechal interviesse em seu nome, para que ficasse. Tentaria a sorte. Contudo, algo o preocupava ainda mais. As notícias incluíam o fato de seu irmão, Tarquin, ter partido da Pradaria depois de garantir a segurança da rainha e ninguém saber onde ele se encontrava.

Conhecendo o seu pai, Tristan imaginou que ele ordenaria que fosse para o norte. Era uma situação muito grave e necessitava da atenção de alguém da corte. Estando o rei e os conselheiros ocupados com a defesa do reino na guerra, essa tarefa ficaria para o príncipe.

Ter a Guilda no norte ajudava muito. O deixava um pouco mais tranquilo, pois conhecia a fama da Irmandade da Luz, e eram eles os responsáveis pela proteção. Foram muitas as vezes que a Guilda se recusou a participar do que envolvia política, negando pedidos de nobres e até mesmo do rei, quando estes estavam ligados a questões políticas. Mas jamais negariam proteção à população, essa era a sorte do rei.

— Soube que recebeu notícias! — Gauargi praticamente pulou da montaria antes mesmo que o grande cavalo parasse quando viu o amigo caminhando pelo pátio.

— Sim, mas não são boas. Acredito que vou precisar me deslocar para o norte, em breve. — Se pôs a caminhar em direção ao castelo da ordem.

Gauargi entregou seu garanhão para um cavalariço e se apressou para alcançar o príncipe.

— Balmora está mesmo sob ataque?

— Sim. Infelizmente, a missiva de meu pai confirma o fato. Mas há algo que me preocupa mais, ainda que seja egoísta de minha parte. Tarquin saiu da Pradaria e não deu mais notícias. Ninguém sabe nada sobre ele, nem mesmo se haviam guardas o acompanhando.

Enquanto caminhavam, foram surpreendidos por um grande homem de meia idade que surgiu na frente deles quando estavam prestes a entrar no castelo.

— Senhores! Que bom que nos encontramos. — a voz do homem era grave e era o pesadelo de muitos recrutas. Tristan sabia, pois fora um destes.

— Sir Laurentius! — respondeu o príncipe, surpreso. — Em que podemos lhes ser úteis?

— Uma de nossas tropas está saindo para o auxílio na fronteira com Kushan. Se pretende ir para a capital, esse seria um bom momento, terá a proteção da tropa até boa parte do caminho.

— Em verdade, eu planejava marchar com a tropa até a batalha, antes de receber as notícias de meu pai. — respondeu o príncipe.

O homem soltou uma alta gargalhada, surpreendendo novamente os jovens.

— Certamente eu não permitiria tal loucura, meu príncipe. Tenho apreço por meu couro e, se você fizesse essa maluquice, seu pai certamente o arrancaria! — riu, como se as palavras do príncipe fossem uma tolice. — Ora, ora! Ah, mais uma coisa! Um mensageiro um tanto suspeito chegou há pouco e diz ter uma mensagem para vossa graça. O mensageiro se recusa a ir embora sem lhe falar. Disse que é um assunto de seu interesse.

— Se quiser, posso verificar do que se trata. — se ofereceu Gauargi e Tristan concordou.

O jovem ruivo saiu, seguindo um pajem que lhe indicava onde a figura esperava.