#48 - O Feiticeiro Sui

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"Dorugar é o seu nome. Há muitos anos Wolfgar não tem notícias dele. Sabe que foi minerar no Norte e só. Provavelmente foi para Mitronus. O tempo todo, é como se nem se lembrasse dele. Praticamente Wolfgar não toca no assunto. Quando bebe muito, porém, muitas vezes termina revelando o quanto tem saudades do seu pai. Eu, que também tenho meu pai anão em Mitronus, sei bem como é. No caso dele é mais complicado. Eu pelo menos sei o endereço de Thorul em Migluik. Wolfgar não sabe sequer se Dorugar ainda está em Mitronus, se está vivo. Se ainda estiver por lá, Mitronus é um reino enorme! Quem sabe um dia tenhamos mais sossego e a gente faz uma viagem de férias por lá. Assim visitamos Thorul e depois a gente parte numa jornada em busca de Dorugar. Um dia, quem sabe."


Novamente de pé, Ild vê que All Thorn já está confrontando sua própria cópia. Olha para O'glor, o gigante, que permanece parado no canto, como uma estátua. Então ele vê o gnomo de chapéu verde andando na ponta do pé com a espada de Takeshi na mão.

– Para onde ele... – É quando nota o objetivo do sujeito. – Neriom!

O monge grita e solta seu chicote da luva para golpear o gnomo rival. Em um estalo, a mão daquele gnomo se desprende do corpo, deixando cair também a espada.

– Você está bem, Neriom? – Ild vai até ele, que confirma com um gesto de cabeça.

– Moiren está bem também e pode acabar com os dois. – Ele começa a rezar de repente em uma língua estranha.

– O que ele está fazendo?

– Lançando magia de Perdição em nós!

Um choque de espadas estronda, quando Rottla e All Thorn finalmente se enfrentam.

– Você não precisa desse corpo. Você nem nome usa, "paladino".

– Cale-se, criatura das trevas. Vai se arrepender de ter dito essas palavras.

A batalha segue, com golpes e mais golpes, de ambos os lados, em um confronto aparentemente equilibrado.

– Ei, alguém viu minha pantera? – Haseid pergunta, preocupado e olhando o chão.

Sharon dispara contra o Ezelius maligno, mas uma barreira mágica criada pelo sujeito bloqueia um dos ataques.

– Rainha Grugbar, aceite a derrota e pode viver! – Malleck propõe, aos gritos.

– Quem vai me forçar a isso? Você!?

Seu rosto de pedra tem uma expressão vazia. Agora se pode notar que seus pés estão diferentes. Maiores, lembrando ventosas, o que deve dificultar a movimentação mas certamente lhe traz algum outro benefício.

Malleck salta mais uma vez em ataque, mas antes que o martelo lhe atinja, Grugbar o segura e arremessa para o lado, com o anão segurando.

– Ele quer ser eu?! – Neriom pergunta, confuso, apontando para o outro gnomo.

– Parece que é algo assim. – Ild lhe responde.

Com a vista voltando ao normal, Takeshi olha ao redor, fazendo uma releitura da cena. Aperta os punhais das espadas e parte contra o Ezelius avermelhado. Um golpe o acerta, os outros rebatem em um escudo invisível.

– O que estão esperando?! – É o grito da rainha e os heróis não sabiam para quem ela falava.

Do outro lado, também atrás do trono, simétrica à porta de onde saíram os clones, uma outra porta estava aberta. Vários ogânteres armados com bestas e arcos começaram a disparar contra quem estava na sala. Praticamente todos foram feridos naquela inesperada chuva de setas.

Wolfgar caía ao chão com pelo menos três flechas cravadas em seu corpo. No chão, seu corpo não reverteu para o tamanho normal. Ao invés disso, ele deu um grito assustador, levantou-se e saltou contra o feiticeiro vermelho.

Tão logo uma das flechas acerta sua coxa, Sharon busca em seus cinto um pequeno frasco e o joga no chão. Uma reação química tem efeito, levantando uma nuvem branca onde ela estava. Agora aquela nuvem lhe protege. Era uma carta que trazia na manga, mas devido à dificuldade em ser fabricada, exigindo conhecimento que ela buscava, mas ainda não detinha, Sharon guardava com zelo para uso no momento mais apropriado. Este lhe parecia ser o caso. Com a vantagem de, sem vento, a nuvem demorar mais a se dissipar.

Ninguém mais a viu. Ela também não veria nada, mas o Açor Real lhe dá a perfeita visão do combate.

O Ezelius maligno gesticula às pressas uma magia de proteção adicional que lhe ajude a receber a pancada de Wolfgar. Um escudo começa a se formar, mas rapidamente encolhe e some. Do lado, o outro Ezelius sorri com malícia.

– Esse era meu último feitiço, mas valeu a pena. – Ele solta enquanto o martelo do anão acerta em cheio sua cópia.

O corpo atingido voa até bater as costas na parede e cair de cara no chão. Não se levanta mais depois disso.

– Valeu, meu amigo! – Ezelius bate nas costas de Wolfgar. – Me sinto bem melhor agora.

– Não acabou. Próximo! Próximo!

– Hmmm... Que tal aquele ali? – Ele aponta o outro gnomo, que estava recuperando a espada de Takeshi naquele momento.

– Sui caiu... – Rottla deixa escapar, preocupado. Logo volta a si e levanta a espada para barrar os ataques de All Thorn.

– Do que está falando? Vamos! Não veio aqui pra me derrotar?

– Você está certo. – A cópia do paladino fala, enquanto desliza a mão sobre a lâmina da sua espada, evocando algum efeito mágico. – E é o que vou fazer.

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