#34 - Rumo ao Pedestal

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"Estão catalogadas doze raças de dragões até onde se sabe, onde as fontes a que tive acesso registram. Todas elas têm uma forma de gente, alternativa à forma de dragão, e podem mudar de forma conforme sua vontade. São eles o dragão dourado, o de prata, de cobre, de zinco, de ferro e de mercúrio, entre os metálicos; e o dragão branco, o negro, o marrom, o verde, o vermelho e o azul. Cada um deles tem suas próprias características. O de cobre, por exemplo, consegue se metamorfosear em outras espécies, o de prata tem talento musical e seu cântico é capaz de curar as feridas de quem o ouve. O dragão azul tem forma alternativa de tritão, sendo o único tipo de dragão que não escolhe que forma adotar, sendo obrigado a usar a forma mais apropriada para o meio onde estiver. Ainda não há informações claras se os tipos de dragão constituem de fato raças ou espécies."


A formação de trilha é reestabelecida pelo grupo. Sharon e Haseid voltam a seguir à frente, estudando o caminho e traçando a melhor rota.

-- Ô Sharon! Essa rainha é doida, é?

-- Por quê?

-- Olha o tamanho disso aqui! Ela cercou praticamente a ilha inteira!

A elfa faz um aceno de confirmação e segue.

-- E o pior é que a maior riqueza, que é a mina de orichalcum, nem está aqui dentro, não é?

-- É, não está.

-- E então! Se roubam o metal dela?!

-- Ela deve ser muito ambiciosa. Deve ter área construída no caminho dos portões do castelo, inclusive com depósitos.

-- Será? Eu acho que não tem não.

-- Será que não?

-- Veja: pra quê que a rainha quer orichalcum? Eu não acho que ela estoque muito. Ela deve tirar e já botar nos navios, pra vender e fazer dinheiro. Senão, por que a mina não está dentro dos muros?

-- Eu vejo pelo menos duas respostas possíveis: primeira, ela trabalha com escravos. Se eles fogem, como aconteceu, ela poderia se sentir em risco com inimigos dentro do terreno dela.

-- É, esse é um ponto.

-- A outra possibilidade é de a mina ter sido encontrada depois de o muro já estar pronto.

-- É, pode ser também. Quer saber? Tanto faz! Só quero terminar logo isso pra ir atrás da cambiona. A gente nem teve tempo pra nada!

-- Sei... E o que aconteceu com a Nala?

-- A sereia? Sei lá por onde ela anda!

-- Você não era apaixonado por ela?

-- Veja bem, minha bela... -- Sharon o repreende com o olhar. Ele faz uma ligeira pausa e continua. -- Aquilo com a sereia foi poético. Eu vim de um lugar onde só tinha areia e Sol. Ela vinha da água! Ah, mas foi muito bom. Passou, né? Como tudo na vida.

-- E a Natália?

-- Natália, Natália... Quem é essa mesmo?

-- Aquela druida humana, lembra não? Que a gente conheceu em Jorneik.

-- Ah, sim, ela foi legal também.

-- Sei... E a Ilipheia?

-- Ah, aí você pegou pesado. Elipheia me salvou do naufrágio e a gente morou junto um tempão.

-- Pretende voltar?

-- Ah, sei lá! Se as águas do destino me levarem de volta, eu volto. Até lá, enquanto isso, tou de boa!

-- Certo...

-- Mas olha, minha... Não precisa ficar com ciúmes. Tem um lugar bem quentinho pra você aqui, ó... -- Haseid bate de leve no peito.

-- Já falamos sobre isso. -- Sharon responde, seca. -- Para o bem da nossa amizade, você tem que parar com esse papo furado pra cima de mim. Aliás, já era pra ter parado.

-- É, eu sei, mas vai que um dia você muda de ideia. -- Ele dá uma piscada pra colega.

-- Ali.

-- Onde? O quê?

-- Achei o castelo.

-- Onde, que eu não tou vendo?!

-- Ali longe, dá pra ver detrás daquela árvore.

-- Entendi, seu arco tirou as folhas da frente pra você. Estamos perto?

-- Não muito. Acho que a gente chega em uma ou duas horas.

-- É, ainda temos uma boa trilha pela frente. Por falar nisso, você...

Sharon o interrompe, colocando o dedo sobre os lábios.

-- Já conversamos demais. Vamos prestar atenção na floresta.

Lá atrás, Neriom segue admirado com tudo o que vê. Árvores diferentes, insetos, pequenos animais...

-- Floresta é muito barulho! Não sei como eu dormi.

-- Você nunca esteve em uma floresta antes? -- Takeshi pergunta, andando ao lado de Teraaz.

-- Na verdade não. Você anda mais em florestas, não é?

-- Ando por onde preciso andar. Por que pergunta?

-- Sei lá, sua armadura é muito barulho também, combina mais com a floresta.

-- O paladino de vocês também usa armadura e ela não é mais silenciosa do que a minha.

-- Na verdade, parece um pouquinho menos barulho.

Takeshi bufa e vai mais para trás da comitiva falar com Ezelius e Wolfgar.

-- Foi algo que eu disse? -- Neriom pergunta baixinho e passa um bom tempo sem resposta.

-- Está perguntando pra mim? -- O cavalo finalmente fala.

-- É, você ouviu a conversa?

-- Na verdade, não.

-- Tudo bem então.

A viagem segue até que as árvores começam a ficar mais afastadas. A partir daí se pode ver finalmente o castelo no topo de um pedestal de pedra. Já não está muito longe, mas enquanto caminham, cada um vai pensando em como será que vão conseguir subir. 

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