#41 - O Mapa

8 0 0
                                    

"Fluchil era o nome da pequena cidade em Uzokir. Antes de ser paladino, All thorn trabalhou, desde a adolescência, na construção de casas. Ajudava um mestre construtor cujo nome não recordo e não é importante. Trabalhou por alguns anos com ele até que recebeu um chamado. Segundo ele, os sinais o levaram até o Corredor Comercial. Entre os viajantes que compunham uma caravana com a qual cruzou, estava um elfo chamado Turidan. Era paladino da Ordem de Suno Brilhante e lhe acolheu como discípulo. All Thorn deixava um mestre para adotar outro. Turidan foi quem lhe guiou no caminho de cavaleiro sagrado, seguidor do deus Suno. Após alguns anos de treinamentos, missões e ensinamentos, o humano estava pronto para começar a escrever sua própria história com suas armas e sua fé."


-- Acho que entramos pela porta errada. -- Sharon comenta, após se recuperar do resgate e receber uma cura leve contra os machucados.

-- E tem mais entradas para o castelo? -- Neriom pergunta, espantado.

-- Vai saber...

-- Olha, faz sentido. -- Ezelius entra na conversa. -- Até agora não vimos ninguém. Se a gente tivesse entrado por uma entrada principal, provavelmente enfrentaríamos muitos soldados e a rainha seria informada mais rápido. É uma pena, teria sido bem melhor.

Neriom encara o feiticeiro com expressão de espanto.

-- Ué, contra armadilhas não dá pra usar bola de fogo!

-- Vamos seguir. -- All Thorn recomenda e Sharon já se coloca novamente na dianteira.

Logo que vira a curva, atenta aos detalhes pelo chão, paredes e teto, a elfa se volta par o grupo.

-- Temos duas ladeiras. Uma subindo e outra descendo.

Os colegas se aproximam e constatam com seus próprios olhos. Há uma pequena curva entre elas, mas são quase uma ladeira só, com uma inclinação de rampa, não tão íngreme. O corredor por onde o grupo vem chega bem nessa curva da ladeira.

-- Ladeira bacana... -- Neriom comenta, quase que pra si mesmo.

-- Considerando esse novo impasse, gostaria de ouvir a opinião de todos sobre qual caminho seguir.

-- All Thorn, a gente não quer ir pra cima?! -- Ezelius responde, apontando pro teto. -- Pra mim, não tem nem o que decidir aqui.

-- Este corredor é estranho. -- Sharon diz e todos a olham. -- O piso é mais escorregadio, diferente do que vimos até agora. E observem com mais atenção: o corredor é quadrado.

-- Como assim?

-- A distância do chão para o teto é parecida com a distância entre as paredes.

-- E isso quer dizer o quê?

-- Ainda não sei.

O grupo resolve subir a ladeira. No final eles veem, surpresos, uma sala grande com azulejos ornamentais. Não há nenhuma saída visível para aquela sala a não ser a ladeira. No meio daquele espaço bonito, sobre um suporte firme, descansa uma pedra esférica de mais de dois metros de diâmetro.

-- Isso é parte de uma armadilha.

-- Mesmo, Sharon? Até eu que não entendo nada dessas coisas já notei. -- Ezelius responde e continua. -- Ela faz o quê?

-- Ainda não tenho certeza. Talvez esse mapa se desprenda.

-- Mapa?! -- Neriom chega mais perto, curioso.

-- Mapa. -- Ild confirma e se aproxima de uma parte verde claro do globo. -- Aqui é Varmadum, no Sul de Galdentur Norte.

--Legal! E o que tem depois? -E mais fácil ver o Galdentur Sul.

O gnomo caminha, contornando o globo e se decepciona ao ver apenas aquele cinza-escuro que representa o mar.

-- Não existe Galdentur Longe?

-- Você quer dizer Galdentur Leste e Galdentur Oeste, não? -- Ezelius pergunta, sorrindo.

-- Pode ser.

-- Não existem, que eu saiba. -- Ild responde e pondera. -- Pra que serve esse mapa-bola enorme? A rainha quer sair do subterrâneo e fazer guerra na superfície?

Ezelius é quem arremata.

-- Serve pra correr atrás da gente!

-- Provavelmente. -- Sharon fala. -- Resta saber como acioná-la, quer dizer, se elas precisar ser acionada para prosseguirmos, já que não vejo nenhuma passagem.

-- Você não é a especialista?

-- Desconfio que a passagem ou mecanismo que a aciona esteja ligado à esfera. -- A elfa explica aos colegas, ignorando o feiticeiro.

Após várias tentativas, de repente parte do suporte desce e a bola começa a girar, quase atropelando All Thorn e Teraaz. Ela desce lentamente em direção à entrada da sala, estranhamente silenciosa. Ao chegar na porta, entra no corredor, que tem uma inclinação maior.

A bola é quase do tamanho daquele caminho, deixando uma pequena margem para que possa bater nas paredes ou passar por cima de qualquer obstáculo esmagável no caminho. A atenção dos aventureiros, porém, está direcionada a outro lugar.

-- Como eu suspeitava, mas não exatamente. -- Sharon observa a passagem no teto, que leva a uma sala vazia.

-- Essa é outra sala móvel? -- Ezelius pergunta. -- E por que ela abre assim? As pessoas entram nela como? Pulando?

-- Vamos fazer assim: eu vou acionar novamente o arpão. Sharon sobe por ele e procura algum lugar onde amarrar cordas pra gente subir também.

-- E armadilhas! -- Ezelius completa. -- Você quis dizer "procura armadilhas", que eu sei.

-- Vai logo, All Thorn. -- Sharon pede, séria. -- Não temos muito tempo. A armadilha logo termina de se armar.

E assim eles fazem. Logo que todos estão na nova sala, que está vazia e tem três portas em paredes diferentes, algo estranho acontece. A sala se move e aquele buraco que havia no piso, por onde entraram, se fecha. É quando a Sharon nota que o piso é ligeiramente ladeiroso em direção ao buraco agora tampado. E há outro buraco tampado igual na parede que não tem porta. 

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora