#43 - Salamóvel

4 0 0
                                    

"A vida de aventureiro é por vezes desgastante. Quase sempre você pode parar, caso fique cansado disso. Essa é a maior diferença para aquele período. Não ter o direito de parar quando se sente cansado demais, não poder escolher quando nem o que comer. Ser explorado ao nível do constante esgotamento. Essa era a vida dos escravos da mina de orichalcum. Pelo que já pesquisei, não é muito diferente da vida de outros escravos. Sociedades primitivas podem ter esse tipo de tratamento. Os lagartos estão sempre sob suspeita de escravizar outros. Em Yoshidan eles tem algo assim, mas dizem que os servos de lá se tornam escravos voluntariamente e tem seus direitos. Dizem que efanos têm tendência escravocrata também. E, claro, tem os orcs. Alguns escravizam por pura maldade. Não me surpreenderia descobrir que a rainha da ilha é orquina."


-- Pronto, voltamos pra sala de novo! -- Ezelius desabafa, frustrado ao se ver aparentemente na mesma sala de antes ao fim do corredor. -- Vai procurar armadilha nela de novo?

Sharon começa a investigar aquele ambiente. Enfim, chama Ild para perto.

-- Temos que procurar alguma passagem secreta. Podemos estar diante de uma coincidência, mas podemos estar presos em um labirinto mágico.

-- Entendi.

-- Já sei! -- Ezelius fala. -- Vamos nos separar!

-- De novo?! -- Neriom olha para ele espantado.

-- Ih, verdade. Já tiveram essa ideia antes.

-- Sharon? -- Ild a chama e ela se aproxima para analisar o que ele descobriu.

-- Controles.

-- Parece os de antes.

-- Esta é uma sala-móvel!

-- Ótimo! -- Ezelius diz. -- Bota ela pra cima então!

Usando o conhecimento adquirido até o momento, a elfa consegue, após alguns minutos, acionar o mecanismo. Todos esperavam a subida da sala. Ela se move, mas de um jeito diferente. O grupo cai quando a sala se desloca para o lado. Logo que haviam se levantado, cai de novo quando a sala muda de direção. E outra vez, quando para.

-- O que foi isso? -- All Thorn pergunta.

Ild prontamente vai até uma das portas e a abre.

-- Estamos diante do mesmo corredor, é o que parece.

-- Não faz sentido. A sala só serviu pra chacoalhar nós e trazer de volta?

-- Não estamos no mesmo canto, eu acho. O corredor pode até ser parecido, mas não é necessariamente o mesmo.

-- E como poderíamos nos certificar disso? -- O paladino pergunta à Sharon.

-- Bom, podemos marcar a sala e o corredor.

-- Não é má ideia... -- Ild fuça em sua bagagem e tira um pequeno pincel e um pequeno pote de tinta. Vai até perto dos controles da sala e traça um círculo na parede. -- Pronto. Vamos para o corredor agora.

Em uma das paredes do corredor, logo no início, Ild faz outro círculo. O grupo o segue até o final do caminho, onde encontra...

-- Olha só...

Parecem estar mais uma vez naquela sala. Todos olham para a parede que Ild havia pintado: estava limpa.

-- Ou eles têm uma magia de limpeza no lugar ou estamos mesmo em outra sala.

-- Que bom! -- Ezelius fala, encostando-se em uma parede. -- Parece que entramos mesmo em um labirinto...

-- Podemos voltar. -- Neriom propõe. -- Pra ver se as marcas ainda estão na parede.

-- Voltar?! Eu quero é sair daqui logo!

-- Calma, Ezelius, o Neriom pode estarcerto.

-- As marcas devem estar lá, a sala nem se mexeu ainda!

-- Isso é verdade. -- Ild concorda e vai até a parede junto com a Sharon.

-- Se segurem. -- A elfa sugere, com um sorriso no rosto, por saber que a sala não tem nada que se possa agarrar. Dito isso, ela aciona o mecanismo e as movimentações estranhas se repetem.

-- Essas salas acabam com a gente... -- All Thorn desabafa, com o braço sobre Teraaz, que acabava de se levantar. -- Vamos voltar então.

O corredor ainda estava lá, como eles haviam deixado. No final dele, porém, não havia marca.

-- Estou entendendo. -- O monge diz, com a mão no queixo. -- Os corredores devem ser fixos, enquanto as salas se movem.E uma dessas salas deve levar até o lugar certo ou o corredor de saída.

-- Isso faz sentido. -- Sharon lhe fala. -- Mas como vamos descobrir qual a sala certa?

-- A gente não precisa seguir essas regras bestas! -- Ezelius fala, para o espanto de todos. -- Criaram isso aí e têm as regrinhas de achar a sala, mas é só a gente sair dos corredores e salas e pegar um atalho!

-- Pode funcionar. -- Sharon diz. -- Mas alguém teria que acionar uma sala. O restante do grupo ficaria no corredor e tentaria sair enquanto a sala se mexe.

-- E quem ia ficar?

-- Eu sugiro o gnomo! -- Ezelius diz, com um sorriso meio que de brincadeira.

-- Ninguém precisa ficar. -- Ild interrompe a conversa desagradável que se iniciava. -- Posso usar a Mão Fantasma para acionar a sala de dentro do corredor. Só preciso de instruções da Sharon.

-- Podemos tentar.

Assim eles fazem. De dentro do corredor, olhando por uma fresta da porta, a mão invisível projetada pelas Mãos de Mágico do monge tenta ligar a movimentação da sala, sob orientação da elfa. Finalmente acontece. A sala se mexe e leva as portas, deixando um espaço vazio no lugar. O grupo salta rápido dali.

Fora dos corredores e das salas, o espaço era gigantesco. Ezelius lança, quase que de susto, uma magia de voo em si mesmo e no All Thorn, salvando também Teraaz e Neriom. Sharon se segura no feiticeiro e por pouco não cai, como Ild.

O monge solta o chicote, em queda, pensando no que pode tentar prender, quando vê uma pantera saltando de cima de uma daquelas construções de corredor em sua direção. 

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora