#35 - Como Subir

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"Já tive oportunidade de conhecer sereias em alguns momentos. Teve uma ocasião em que precisamos mergulhar em um enorme lago no Labirinto. Uma sereia chamada Cora se ofereceu para nos ajudar, cobrando seu preço. No fim, ela tentou nos trair e quase perdeu a vida por isso. Teve também a Nala, que conhecemos no Bosque da Lua. Uma barda corajosa, mas meio que presa ao Rio da Deusa, como toda sereia. Não tive muita conversa com ela e não sei se ela poderia me ajudar com minha curiosidade a respeito de magia submarina. Talvez tenha sido uma grande chance perdida. Mesmo sem ser maga, Haseid depois me falou que ela era devota da deusa Makya. Quanto a tritões, devido à dificuldade de respirar e de conversar, não pude interagir ainda com nenhum."

O grupo se reúne ao pé daquela estranha montanha vertical. Parecia ter sido criada artificialmente, mas mantinha um aspecto natural ao mesmo tempo. Em seu topo estava aquele enorme castelo marrom com detalhes verdes, quase como uma referência à região montanhosa e sua vegetação. Dezenas e dezenas de metros acima de onde o grupo estava, sobre um pedestal de pedra quase inescalável. Inacessível.

-- Finalmente encontramos o castelo. -- All Thorn fala para seus amigos. -- Precisamos de uma forma de ir até ele. Sugiro que todos pensem em alguma solução. Se não dermos um jeito, todo nosso esforço até o momento não terá servido de nada.

Sharon olha para Haseid, mas antes que possa lhe falar da sua ideia, o oganter já se dirige ao grupo, gesticulando empolgado.

-- A melhor forma de a gente subir seria voando, com certeza. Eu posso chamar algumas águias gigantes que sirvam de transporte.

-- Águias gigantes? -- Neriom pergunta, num grito de susto. -- Isso parece perigoso!

-- Relaxe, meu brother! Não viu o jacaré? Se eu chamar uma águia gigante, ela virá como amiga da gente.

-- E tem disso por aqui?

-- Tem sim, eu vi algumas mais cedo.

-- Olha, a rainha manda na ilha. -- Sharon coloca sua posição. -- E volta e meia entra e sai gente. Só precisamos descobrir por onde.

-- Tá, eu prefiro chamar as águias.

-- O que vocês acham? -- All Thorn pergunta e Ezelius é o primeiro a se pronunciar, estendendo os braços como quem tanto faz.

-- O que for mais rápido. -- Takeshi fala, do seu canto.

Wolfgar inclina a cabeça pensativo, até que o paladino conclui que ele já pensou tempo demais. E ninguém mais falou, então ele conclui:

-- Podemos procurar uma passagem e, se não encontrarmos, vamos com as águias.

-- A gente vai perder ainda mais tempo. -- Takeshi reclama.

-- Não precisam ter medo. Relaxem, eu me garanto! Vou chamar as águias, certo? -- Haseid olha os colegas um pouco, sentindo ainda alguma resistência, e completa. -- Olha a altura desse castelo! Se tiver escada escondida, vai levar uma eternidade pra gente subir!

-- Isso faz sentido. -- Wolfgar concorda.

-- Certo. O jacaré conseguiu levar o Teraaz. A águia consegue?

-- Não sei, mas a gente pode tentar!

Todos se calam por um tempo e Haseid gesticula para que esperem.

-- Aguardem e confiem! -- Ele se afasta e começa a pronunciar aquelas palavras estranhas, que mais parecem imitações de urros e outros sons da natureza. Demora pouco tempo para seu pedido ser atendido. Mais ou menos.

-- Veio só uma águia?

-- É, mas é maior do que eu imaginava. -- Haseid fala, defendendo-se de All Thorn.

-- Pode ser, mas ela não consegue levar todo mundo.

-- Ah, mas eu vou com ela, que ela não veio até aqui à toa. É preciso respeitar os animais. Quem vem comigo?

-- Isso não é prudente.

-- Visualiza: a gente chega lá em cima e, indo assim em dois grupos, podemos pegar a rainha de surpresa!

-- Ou morrer, os dois grupos. -- Ezelius diz, baixinho.

-- Eu vou com você. -- Takeshi se prontifica.

-- Opa! Bem-vindo à tripulação, meu nobre! Mais alguém? Acho que ainda dá mais um ou dois.

-- Bora! -- O anão fala, já andando em direção ao enorme animal.

-- Então fechou. Bora lá! Destino: castelo!

Com os três nas costas, a águia levanta voo, deixando o restante do grupo para trás. O monge se aproxima da Sharon.

-- O que você acha? Eu acho que deve ter uma passagem secreta por aqui.

-- Também acredito nisso. Vamos procurar.

Os dois começam os trabalhos.

-- Sharon? -- Ela olha para o gnomo, que se aproximou. -- Não era melhor a gente ter ido também?

-- Vamos dar um jeito, não se preocupe. -- Ela responde e continua andando ao redor daquela "construção natural".

Após longos minutos, algo chama a atenção da elfa.

-- Ild! Pegadas!

Ele se abaixa e confirma. Eram mesmo pegadas, e elas iam em direção ao pedestal. Os dois se dirigem à parede através da qual as pegadas somem. Agora, mais do que nunca, tem certeza de que ali fica a passagem secreta. Resta descobrir como abrí-la.

-- Cadê eles? -- Neriom pergunta a All Thorn ao vê-lo olhando para cima.

-- Não sei, não dá mais pra ver a águia. Ela começou a contornar a montanha.

-- Não é perigoso a gente dividir o grupo?

-- Perigoso é, mas o Haseid é teimoso às vezes.

-- E o humano também. E o outro é um anão!

-- É, você entendeu.

O gnomo se assusta com um barulho de pedras sendo arrastadas. Um portão de pedra se deita vagarosamente no teto, como um portão basculante.

-- Conseguimos.

-- Vamos então! -- All Thorn fala animado, mas nota que lá dentro, além do portão, tem só uma sala quadrada e vazia. 

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora