#45 - A Rainha da Ilha

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"Nesse ponto, suspeita-se que os dragões sejam parecidos com os elfos. Difícil saber com certeza. A reprodução deles de fato é muito lenta, mas pode se dever à sua natureza extremamente agressiva. Romances entre dragões rendem canções de guerra que não são metáforas. Para eles, não há qualquer diferença entre a conquista de um castelo e a conquista de um par para procriar. E é apenas para isso que eles se juntam nesse encontro de amor e ódio, cheio de mortes e destruição. Dragões vivem muitos séculos, quase tanto quanto elfos. Arrogantes, pensam que são deuses. Sendo assim, sua reprodução é quase nula. Assim como é a dos deuses. Dos verdadeiros, já que os deuses menores podem nem mesmo ser capazes de se reproduzir."


– Essa ilha não lhe pertence! – A voz desconhecida é facilmente percebida como de um anão, que gritava no final daquele corredor.

O grupo corre e chega até a cena. Com a petulância de um anão que tem a certeza de que está fazendo a coisa certa, aquele sujeito barbudo vestia uma armadura brilhante. Nela, estampado o símbolo de Roko, o deus das pedras, cavernas e montanhas. Deus do chão. O anão tinha cabelos vermelhos. Não ruivos, vermelhos mesmo. E veias estranhas à mostra em seu rosto.

– E vocês, quem são? – Uma mulher de dois metros, totalmente de pedra, pergunta aos recém-chegados. A coroa em sua cabeça e o trono de mármore não deixam dúvida sobre sua identidade.

– Sou All Thorn, da Ordem de Suno Brilhante. Nós viemos por fim à sua tirania sobre as pessoas desta ilha. Você pode se arrepender do seu mal e ser poupada da nossa ira ou aceitar as consequências de seus atos vis.

A resposta, que não surpreende quase ninguém na sala, é uma longa e estridente gargalhada.

– Por que você fala essas coisas? – Takeshi pergunta, baixinho.

– Vai que ela muda de ideia. Não custa tentar.

– É, às vezes dá certo. – Ezelius completa. – Desde que estou no grupo já vi funcionar... Hmmm... Zero vezes!

– Ela é um elemental? – Wolfgar pergunta e o outro anão responde positivamente com a cabeça.

– Vocês dois... – A mulher de pedra olha para o lado. – Deem um jeito neles.

Do lado da rainha, havia uma armadura enorme, da altura do salão. Uma armadura completa, com dois escudos que vão do peito da armadura até os pés. De trás da armadura sai um oganter velho conhecido do grupo.

– Ic'tlun?! – All Thorn o encara com raiva. Sharon também, apesar de não falar nada.

Ild desenrola o chicote e o joga rápido para trás, preparando o ataque, mas quando vem o golpe, é barrado por um dos dois escudos gigantes. E uma voz cavernosa diz:

– Hoje não.

Haseid sorri encarando o gigante, usando sua habilidade de declarar um alvo. Agora todos os seus esforços estão direcionados àquela montanha de dois escudos.

Sharon corre para o lado buscando um lugar onde se esconder. Sem ver muita opção, ela simplesmente para, arma seu arco contra aquele feiticeiro que lhe sequestrou e trouxe para essa ilha.

A primeira flecha passa perto da cabeça do oganter. Ele percebe o ataque e quando vem a segunda flecha, num movimento rápido ele a evita também.

– Não entendi nada. Quem é você? – Neriom se aproxima do anão esquisito.

– Malleck.

– Eu, Neriom. Aquela pedra é a rainha? E a armadura? E o outro lá?

– Sim, é a rainha Grugbar. O grandão é um gigante chamado O'glor. O feiticeiro é Ic'tlun. São a força de elite da rainha. Seus amigos parecem já conhecê-los.

– E você é paladino?

– Não, sou clérigo de Roko.

– Que bom! Eu também! Quer dizer, não de Roko, mas...

– Vão ficar só conversando, é? Shuroi! – Takeshi grita correndo em direção ao gigante, jogando sua espada.

– É o seu nome? Neriom Shuroi? Ou ele me xingou?

– Não sei, acho que é o nome da espada.

Num grito de fúria, Wolfgar aumenta seu tamanho. Ele acaricia o martelo com um riso e corre contro O'glor, o gigante da rainha.

All Thorn prepara sua espada celestial com o poder de destruição dado por Suno, energizando-a com um brilho dourado leve. Faz isso e corre também contra o gigante. Antes que o alcance, porém, os dois escudos se juntam em um paredão intransponível, que recebe os golpes violentos do anão, do espadachim e do paladino sem demonstrar qualquer variação ou efeito.

Ezelius aponta o indicador para o feiticeiro deles, desviando do gigante, que era o alvo inicial mas agora está protegido por seus escudos gigantescos.

De sua mão, um raio vermelho parte e acerta o peito do inimigo. Ezelius sorri, recua o braço com o cajado e o arremessa como uma lança. A arma muda de forma, transformando-se em um relâmpago, que voa na direção de Ic'tlun.

O cajado atravessa o inimigo e crava no chão. Ezelius franze a testa e, num gesto, fazo cajado voltar para a sua mão.

– Ué! Pra onde ele foi? – Neriom pergunta, espantado.

– Nunca esteve ali. – O anão sacerdote responde. – Ic'tlun é um sujeito traiçoeiro. O tempo todo, era provavelmente uma magia de ilusão.

– E onde ele está?

– Vamos ter que achá-lo. – Ele faz uma careta, coçando a barba em seu queixo enquanto seus olhos percorrem toda a cena. – Ou melhor, você o procura. Vou cuidar de algo mais importante.

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora