#44 - Os Três Elfos

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"Não tive a honra de conhecer a rainha de Verdeluz. Desde muito tempo eu ouço falar dela. Todos os elfos conhecem onome de Mejinore e sua lendária sabedoria. Cantigas onde lições de humildade são passadas por ela de forma desconcertante e impactante existem até mesmo na língua de outros povos. Por isso mesmo, se eu fosse de fatod e Verdeluz, acredito que já a teria visto um punhado de vezes e poderia ter trocado palavras com ela uma ou duas vezes na vida. Um dia eu gostaria de fazer isso e visitar o palácio verde, construído com madeira que nunca se estraga. Interessante como cada reino tem seus próprios costumes e isso inclui a criação dos castelos. Em Yoshidan os humanos também usam muito madeira, mas com tijolos e tecido. No Reino dos Deuses costumam fazer tijolos caríssimos, de joias, prata e ouro."


Da plataforma mais no topo, Neriom e Sharon esperam seus amigos.

– Eles conseguem?

– Conseguem sim. São quatro, mas são três que estão voando. E um deles é o Teraaz.

– O cavalo falante... É, mas ele já está levando o All Thorn.

– O All Thorn sai e voa também.

– Nossa! Ezelius é poderoso! Lançou três magias em uma vez só?

– Duas. Magias no All Thorn são replicadas no Teraaz graças ao Escudo da União.

– Entendi... Mas que lugar é esse? É enorme!

– É mesmo.

Eles contemplam por um tempo a visão. São vários pedaços de corredores flutuando e alguns cubos que por certo são as salas móveis.

Não demora, o grupo está todo reunido ali.

– Eu disse que a gente chegava por fora também! – Haseid fala, descendo do Teraaz com o Takeshi, que lhe responde:

– É, diga isso pra águia!

– Como assim? – Sharon pergunta, com um riso no rosto.

– A coitada quebrou o bico! – O humano fala, ainda irritado. – E a gente, a testa.

– E onde ela está?

– Foi embora rapidinho antes que o vidro se ajeitasse.

– Como assim?

– O vidro que quebrou quando a gente entrou.

– E o vidro se reconstrói? – All Thorn pergunta, com curiosidade.

– Com certeza! Eu até chamei a águia, mas ela não me deu bola. Acho que estava desesperada depois do baque, mas ela tinha que entender que foi por um bem maior.

– Com certeza! – Wolfgar fala. – A floresta aqui tem muitos perigos. Você salvou o animal desses perigos para levá-la até um "bem maior"!

– Esse lugar é um espaço de distorção da matéria. – Ezelius diz, com ar de riso. Ninguém sabe se pela piada ou pela descoberta.

– Como a gente entra? – Neriom pergunta, meio distraído, apontando para baixo. – Se é que esse é o caminho acertado.

– Boa pergunta. – Sharon lhe responde, falando baixo para não atrapalhar a discussão do Ezelius com os outros. – Aqui parece ser mesmo o ponto mais alto.

– Todas as salas parecem encaixadas, todas as portas. – Ild fala.

– Como um quebra-cabeça...

– Como um quê?! – Neriom pergunta, assustado.

– O jeito mais fácil seria alguém acionar a porcaria da sala pelo lado de dentro.

– Verdade, mas não podemos contar com isso. Pode demorar demais para acontecer.

– ...Ou nem mesmo acontecer.

– Com a gente até deu certo. – Wolfgar entra na conversa. – De repente, várias salas se mexeram quando vocês saltaram. Pior é que não adianta bater na parede. Eu já tentei isso.

– Vamos ter que tentar um jeito de acionar o mecanismo por fora.

Os três fazem que sim com a cabeça e Sharon vai até Teraaz.

– Pode nos fazer um favor? A magia de voo ainda vai durar um tempo, certo?

– Sim, vai.

– Ild e eu precisamos descobrir como acionar a sala por aqui por fora. Pode nos ajudar?

O cavalo olha para All Thorn, que acena em confirmação.

– Vamos.

Com os dois nas costas, Teraaz voa para o lado da construção cúbica.

– Vocês só tem vinte minutos! – Ezelius grita de lá de cima. Então, fala com os demais. – Vou ter que ir ajudá-los.

Ele vai até os três e dá um tapinha nas costas da Sharon.

– Vai lá, vocês conseguem. – E dá uma piscada.

O tempo passa enquanto eles buscam uma forma de tirar aquela sala móvel dali.

– Ei, a gente podia fugir os três.

– Como assim, Ezelius?

– A revolução dos elfos! A gente foge voando com o cavalo do paladino!

– Ei, eu estou ouvindo. – Teraaz responde e os três elfos dão uma gargalhada.

Faltavam menos de três minutos quando Ild encontra o local exato e Sharon começa a mexer para acionar aquilo. De repente, a sala se move para o lado.

– Agora! – A elfa grita, apontando o corredor para o Teraaz, que leva os dois. Eles descem e ela ordena. – Rápido! Ajuda os outros!

Os outros logo chegam e uma porta vem fechar o corredor novamente, com a reacomodação das salas móveis, enquanto Ild e Sharon olham para o outro lado do corredor atentamente.

– Parece igual.

– É, parece. Vamos?

Quando a porta no fim do corredor é aberta, eles veem um outro corredor. Um corredor muito mais alto. Pelo menos quinze metros de altura. Todo feito em blocos de pedra polida.

– Conseguimos. – All Thorn fala, num suspiro. O grupo corre em direção ao barulho que parece ser de uma batalha e vem lá da frente.

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora