"Acordamos com o belo canto das aves. Tínhamos uma refeição perfeita à nossa espera, com frutas suculentas e deliciosas. Pouco depois, Flamdarir nos legou até o lago sagrado do Coração Verde. Leucalyus já nos esperava com sua forma ilusória, projetada. Pediu que esperássemos na margem e chamou Ild. Ele foi, com passos discretamente hesitantes, até o grande darapiroz. Lá se deitou no lago por alguns minutos. Observávamos tudo com calma e interesse. De repente, Ild se levantou gritando que estava queimando, que ardia e correu para fora do lago. Passou por nós e parou diante de Leucalyus, que pediu que ele se sentasse. O monge obedeceu. Cascas começaram a se desprender dele, precisando ser removidas manualmente. Ao fim desse processo, Ild se tornava um elfo completo, sem aqueles elementos estranhos de seu pai que o tornavam meio grotesco."
Todos estranharam quando a Sharon finalmente conseguiu acionar o outro mecanismo e fazer o chão subir. Não como uma armadilha: toda a sala subiu por dentro da montanha e eles não viam nada além da plena escuridão, sem fazer ideia de para onde estavam sendo levados. Após mais de um minuto, a sala parou diante de um corredor.
-- Já estamos no castelo... -- All Thorn constatava isso com surpresa, observando o acabamento no piso e nas paredes.
-- Essa magia foi boa! -- Neriom comenta e pisa no corredor, olhando com curiosidade.
-- Neriom! Espera, pode ser perigoso. -- All Thorn lhe pede.
-- Por quê? Estamos em um castelo! Deve ter muitas coisas incrível e ninguém botaria perigo dentro da casa.
Num silvo repentino, o chapéu de Neriom cai, com seu dono arrastado para o lado por uma flecha. Seu corpo despenca no chão.
-- Você está bem? -- All Thorn pergunta. Antes que ele possa responder, Sharon já chegou nele e o arrasta apressadamente de volta para a sala móvel.
-- Ele está respirando. -- Ela fala.
-- Claro que estou! Ai... -- O gnomo reclama, com a flecha ainda cravada em seu ombro.
O paladino puxa a flecha e coloca as duas mãos sobre a ferida aberta, de onde corre sangue. Suas mãos brilham e aos poucos a ferida vai se fechando, até o gnomo se ver completamente curado.
-- Você está se sentindo bem? -- O paladino lhe pergunta.
-- Estou. Obrigado. Você me curou.
-- Nenhum enjoo nem ardor?
-- Não, por quê?
-- A cura do paladino não cura venenos. -- Sharon fala e abre caminho entre os dois. -- É melhor vocês esperarem um pouco.
Enquanto eles observam, a elfa vai com cautela até próximo ao local onde o gnomo havia sido atingido. Com agilidade, toca no piso anteriormente pisado pelo seu colega e rapidamente recua. Ouve um pequeno estalo, mas nada acontece.
-- Ótimo. O dardo ainda não foi reposto.
Abaixada, ela analisa o piso que aciona aquele traiçoeiro gatilho. Então prossegue, olhando o chão com cuidado. Pegando uma pequena algibeira, ela despeja um pouco de areia vermelha sobre esse chão de mármore. Contorna a pedra e continua a investigação.
Logo outra pedra é marcada, e outra, e mais outra. Lá na frente há uma passagem para a esquerda, como um portal. Uma parede à frente marca o final do corredor.
-- Se a gente tocasse fogo no corredor, não resolvia? -- Ezelius pergunta, em tom irônico.
-- A gente se queimava, não é? -- Neriom é quem responde. All Thorn movimenta levemente a cabeça em negação. Ild permanece impassível, imóvel.
-- Ei, All Thorn! Ele consegue passar sem pisar nesses pisos marcados?
-- O Teraaz?! Já disse que pode perguntar coisas sobre ele a ele próprio. Mas sim, ele consegue escolher onde pisa.
-- Ai, desgraça! -- Sharon grita lá da frente.
-- Está bem?
-- Uma flecha acertou minha perna.
-- Espera, a gente chega já.
-- Já terminei, de qualquer forma. Essa da minha perna acho que era a última.
-- Vamos lá então? -- O paladino pergunta ao restante do grupo e todos concordam.
Teraaz se prontifica para ir primeiro e All Thorn sobe nele.
-- Vai com a gente, Neriom?
-- É... Tá bom.
O paladino ajuda o gnomo a subir e eles seguem. Bastam alguns passos e ouvem outro disparo.
-- Teraaz!?
-- A flecha acertou uma pata dianteira, podemos seguir.
Enquanto o cavalo continua, All Thorn se estica e arranca a flecha do seu companheiro. Em seguida, posiciona a mão direita sobre o braço esquerdo. A mão brilha um pouco.
-- Está fazendo o quê?
-- Usando a cura.
-- Mas você está curado!
-- A magia que aplico em mim também atinge Teraaz.
-- Ah... De qualquer forma, ele pisou no chão errado, parece.
-- É, isso é verdade. Mais atenção, amigo.
-- Não pisei no chão errado.
-- Não?
-- A armadilha recarregou, naquele piso que feriu o gnomo.
-- Entendi.
No final do corredor, Sharon espera no portal, apoiada na parede e olhando para o que tem além. All Thorn desce e vai para perto dela. Os outros também já se aproximam.
-- Olha só que interessante... Uma sala com estátuas.
Antes de entrarem, o paladino precisa usar sua habilidade de cura mais uma vez...
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As Sementes do Mundo Inferior
FantasyNovela de aventura publicada em folhetim, semanalmente aqui mesmo no Wattpad. Já está concluída (mas talvez tenha continuação). A história vem de um arco de campanha de RPG mestrado por Iran Morais e ambientado na Terra Média. A adaptação envolveu...