#36 - Boas-Vindas

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"Acordamos com o belo canto das aves. Tínhamos uma refeição perfeita à nossa espera, com frutas suculentas e deliciosas. Pouco depois, Flamdarir nos legou até o lago sagrado do Coração Verde. Leucalyus já nos esperava com sua forma ilusória, projetada. Pediu que esperássemos na margem e chamou Ild. Ele foi, com passos discretamente hesitantes, até o grande darapiroz. Lá se deitou no lago por alguns minutos. Observávamos tudo com calma e interesse. De repente, Ild se levantou gritando que estava queimando, que ardia e correu para fora do lago. Passou por nós e parou diante de Leucalyus, que pediu que ele se sentasse. O monge obedeceu. Cascas começaram a se desprender dele, precisando ser removidas manualmente. Ao fim desse processo, Ild se tornava um elfo completo, sem aqueles elementos estranhos de seu pai que o tornavam meio grotesco."


Todos estranharam quando a Sharon finalmente conseguiu acionar o outro mecanismo e fazer o chão subir. Não como uma armadilha: toda a sala subiu por dentro da montanha e eles não viam nada além da plena escuridão, sem fazer ideia de para onde estavam sendo levados. Após mais de um minuto, a sala parou diante de um corredor.

-- Já estamos no castelo... -- All Thorn constatava isso com surpresa, observando o acabamento no piso e nas paredes.

-- Essa magia foi boa! -- Neriom comenta e pisa no corredor, olhando com curiosidade.

-- Neriom! Espera, pode ser perigoso. -- All Thorn lhe pede.

-- Por quê? Estamos em um castelo! Deve ter muitas coisas incrível e ninguém botaria perigo dentro da casa.

Num silvo repentino, o chapéu de Neriom cai, com seu dono arrastado para o lado por uma flecha. Seu corpo despenca no chão.

-- Você está bem? -- All Thorn pergunta. Antes que ele possa responder, Sharon já chegou nele e o arrasta apressadamente de volta para a sala móvel.

-- Ele está respirando. -- Ela fala.

-- Claro que estou! Ai... -- O gnomo reclama, com a flecha ainda cravada em seu ombro.

O paladino puxa a flecha e coloca as duas mãos sobre a ferida aberta, de onde corre sangue. Suas mãos brilham e aos poucos a ferida vai se fechando, até o gnomo se ver completamente curado.

-- Você está se sentindo bem? -- O paladino lhe pergunta.

-- Estou. Obrigado. Você me curou.

-- Nenhum enjoo nem ardor?

-- Não, por quê?

-- A cura do paladino não cura venenos. -- Sharon fala e abre caminho entre os dois. -- É melhor vocês esperarem um pouco.

Enquanto eles observam, a elfa vai com cautela até próximo ao local onde o gnomo havia sido atingido. Com agilidade, toca no piso anteriormente pisado pelo seu colega e rapidamente recua. Ouve um pequeno estalo, mas nada acontece.

-- Ótimo. O dardo ainda não foi reposto.

Abaixada, ela analisa o piso que aciona aquele traiçoeiro gatilho. Então prossegue, olhando o chão com cuidado. Pegando uma pequena algibeira, ela despeja um pouco de areia vermelha sobre esse chão de mármore. Contorna a pedra e continua a investigação.

Logo outra pedra é marcada, e outra, e mais outra. Lá na frente há uma passagem para a esquerda, como um portal. Uma parede à frente marca o final do corredor.

-- Se a gente tocasse fogo no corredor, não resolvia? -- Ezelius pergunta, em tom irônico.

-- A gente se queimava, não é? -- Neriom é quem responde. All Thorn movimenta levemente a cabeça em negação. Ild permanece impassível, imóvel.

-- Ei, All Thorn! Ele consegue passar sem pisar nesses pisos marcados?

-- O Teraaz?! Já disse que pode perguntar coisas sobre ele a ele próprio. Mas sim, ele consegue escolher onde pisa.

-- Ai, desgraça! -- Sharon grita lá da frente.

-- Está bem?

-- Uma flecha acertou minha perna.

-- Espera, a gente chega já.

-- Já terminei, de qualquer forma. Essa da minha perna acho que era a última.

-- Vamos lá então? -- O paladino pergunta ao restante do grupo e todos concordam.

Teraaz se prontifica para ir primeiro e All Thorn sobe nele.

-- Vai com a gente, Neriom?

-- É... Tá bom.

O paladino ajuda o gnomo a subir e eles seguem. Bastam alguns passos e ouvem outro disparo.

-- Teraaz!?

-- A flecha acertou uma pata dianteira, podemos seguir.

Enquanto o cavalo continua, All Thorn se estica e arranca a flecha do seu companheiro. Em seguida, posiciona a mão direita sobre o braço esquerdo. A mão brilha um pouco.

-- Está fazendo o quê?

-- Usando a cura.

-- Mas você está curado!

-- A magia que aplico em mim também atinge Teraaz.

-- Ah... De qualquer forma, ele pisou no chão errado, parece.

-- É, isso é verdade. Mais atenção, amigo.

-- Não pisei no chão errado.

-- Não?

-- A armadilha recarregou, naquele piso que feriu o gnomo.

-- Entendi.

No final do corredor, Sharon espera no portal, apoiada na parede e olhando para o que tem além. All Thorn desce e vai para perto dela. Os outros também já se aproximam.

-- Olha só que interessante... Uma sala com estátuas.

Antes de entrarem, o paladino precisa usar sua habilidade de cura mais uma vez... 

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora