#22 - Despedida

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"Magmor é uma espécie do submundo. Maligna e muitas vezes chamada de demônio. Isso não significa muita coisa, já que cambions também são muitas vezes chamados assim. Dependendo da cultura, até mesmo elfos recebem esse título desagradável. Os magmor, porém, são grandes e malignos. Inteligentes e quase todos são capazes de lançar magias. O rei de Varmadum é Golvoczur, um magmor megalomaníaco que quer imitar Vorgacnarum. É sabido que as espécies pensantes são incompatíveis para procriação. Ainda não se sabe bem como, mas o rei de Varmadum conseguiu um feitiço que quebra esse bloqueio e lhe permite ter filhos com fêmeas de outras espécies. Ele fez isso algumas vezes, contra a vontade dessas fêmeas. Entre seus filhos estão Brann e Ild. Ild viveu isolado, buscando paz interior para lhe proteger do sangue magmor. Hoje ele parece livre de qualquer maldade paterna, graças à fonte do Coração Verde. Até mesmo sua aparência foi redefinida para a de um elfo normal."


-- Sharon -- All Thorn lhe olhava preocupado --, eu imagino o que você deve estar pensando. Nós temos uma nova missão, paralela à do plantio, mas essa missão foi parte do caminho para resgatar você.

-- Você não tá pensando que a gente ia deixar você pra trás, né? -- Wolfgar pergunta, cruzando os braços -- A gente não conseguiria entrar nesse mar subterrâneo sem um acordo com ele.

-- Um acordo?

-- Com o Roxocra...

-- Roarxorrarnarkvac! -- Ezelius grita lá de trás, com um sorriso no rosto.

-- Sim! Esse aí!

-- E quem é ele?

-- É o guardião! -- Wolfgar grita, empolgado -- Ele que controla quem entra e quem sai da ilha.

-- O guardião... Ouvi falar dele. Seria um tritão particularmente poderoso, que eu não sei porque estaria aqui preso, se é tão poderoso assim.

-- Ele é mesmo um prisioneiro, mas quer se libertar. -- All Thorn complementa a resposta -- A história dele é complexa. Ezelius foi quem conseguiu conversar com ele. Ezelius e Ild.

-- Vamos lá... -- O monge assume a narrativa ao ouvir seu nome -- Ele é na verdade um dragão que foi aprisionado por Grugbar. Um dragão marinho. Como você sabe, dragões marinhos não respiram debaixo d'água em sua forma normal. São dragões azuis voadores. Na água, eles mudam para a outra forma, a de tritão.Tritões são pessoas que não conseguem respirar fora d'água. Você entende disso, não é?

-- Certo, entendi. Então vamos ter que voltar mesmo praquela ilha maldita...

-- Meus nobres amigos -- Haseid fala alto, debruçado sobre o timão -- A conversa deve estar muito boa, mas temos que seguir. A batalha se aproxima, meus caros!

-- Então... -- Sharon pensa um instante -- Vocês me deem dez minutos, pode ser?

-- Sharon... -- O oganter agita os braços em reclamação silenciosa.

-- Vá lá. -- O paladino lhe fala, em voz baixa o suficiente para Haseid não ouvir -- Use o tempo que for necessário.

Depois de pensar um pouco, com Sharon já se afastando, ele completa.

-- Mas não pode ser muito mesmo, a marinha deles já está bem perto!

A elfa salta de volta para a Estrela de Pedra e passa entre Rosa e Neriom, dirigindo-se ao capitão.

-- Toró, precisamos conversar.

-- Tudo bem. Já se decidiu? Estamos de partida.

-- Claro, eu vou com eles. Vocês precisam apenas saber de algumas coisas.

A elfa olha ao redor e vê Nargol com braços cruzados e olhar cheio de desconfiança; Rosa ansiosa e atenta; e Neriom com uma expressão estranha no rosto, quase uma angústia.

-- Primeiro, a guarda da rainha não veio à nossa procura. Eles vem em busca do meu grupo, que está vindo em uma missão de enfrentá-la.

-- Vocês estão loucos? -- Rosa pergunta, espantada.

-- O tal guardião de que você falou. -- Sharon continua, falando diretamente para Toró. -- ... é um prisioneiro e o meu grupo pretende libertá-lo.

-- Hmmm... Isso é bem... Inesperado! E você acha que vocês dão conta?

-- Não sei, mas eles estão dispostos a tentar. E eu vou com eles.

-- Gostei da ideia. -- Nargol fala, quase como um grunhido.

-- Está doida também! -- Rosa olha espantada para a colega. -- Quer ir com eles?

-- Eu não. Eles indo lá, eles podem vencer e poderemos voltar pro porto de novo quando quisermos. Se perderem, serão menos elfos e anões no mundo. Só vejo vantagem.

-- Então tá. Muito obrigada pela ajuda, Toró. Até outro dia. -- Sharon se vira para o amigo gnomo antes de partir. -- Você entendeu bem a situação, pequeno?

-- Acho que sim.

-- Então... Indo com Toró, você estará em segurança. Se quiser, pode vir conosco. Tentarei te proteger, mas não posso garantir nada.

-- Pensei que você me abandona.

-- Não, Neriom, não pretendo abandonar você. Mas vai ser muito perigoso e você pode morrer se vier com a gente.

-- Eu vou com você, mas só se uma coisa.

-- O quê?

-- Você me leva pra fora das cavernas quando você sair das cavernas.

-- Tudo bem, não vejo problema quanto a isso.

-- Então vamos. Não podemos perder tempo.

Os dois correm pra buscar suas mochilas já na cabine e seguem para o outro navio.

-- Sabe, Rosa? -- Toró fala com a mão no ombro da tripulante. -- Estou bem curioso sobre esses acontecimentos.

-- Você não está querendo se envolver nessa guerra, está?

-- Não, mas até que tinha vontade. 

As Sementes do Mundo InferiorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora