54 | The Tip Of The Iceberg.

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MARGOT

      Esfreguei a ponta dos dedos em meu couro cabeludo, a sensação da falta de unhas ainda era algo do qual parecia estranho quando minha carne tocava em qualquer superfície ou parte de meu corpo. Eu deveria colocar novas...? Não. Muito provavelmente não por agora. Eu devia esperar para quando aprendesse a controlar meus tics, ou faria um estrago nada bonito.

Massageei um ponto tensionado do couro, um alívio assemelhado à quando se é criança e permanece por horas com um coque apertado que repuxa e repuxa sua cabeça até você desejar arrancá-la de seu pescoço. Então você chega em casa e solta os fios, e passa um pouco mais do tempo tentando aliviar as dores tensionadas causadas pelos malditos laços.

A diferença é que eu não tinha nenhum laço de cabelo para culpar pelas tensões em toda parte da minha maldita cabeça agora.

— Arghh... Talvez se eu arrancá-la... — agarrei um punhado de cabelo em cada lado e repuxei com força.
Desisti quando latejou ainda mais.

Bufei ao jogar os punhos na superfície do balcão novamente.

— Pode melhorar se parar de beber. — O Barman tirou um segundo de seu precioso tempo limpando uma taça para me lançar um sorriso singelo, e irônico.

Levantei um dedo para ele. Quase chorei ao não ver a linda e afiada unha reluzir com o ato ameaçador.
Agora me fez parecer uma criança birrenta.

— Isso está fora de questão.

Ele sacudiu a cabeça ao se virar e prosseguir com a produção de um novo drink. Os antebraços desnudos pela camisa social preta repuxada continham veias grossas e saltadas, formando um caminho até as mãos grandes, mas ao mesmo tempo delicadas e... Nossa, eram bonitas.

As costas também. Seus ombros eram largos e altos, era possível notar o físico trabalhado mesmo por baixo da camisa. Seu corte de cabelo era elegante também, notoriamente bem aparado na máquina seguindo um degradê desde a nuca até o topo, onde os fios castanhos escuros mais compridos estavam lindamente penteados para trás.

Ele era gostoso, e até alto. Se eu levantasse minha mão para cobrir sua cabeça de minha visão e focasse apenas no físico, me lembrava bastante...

— Aaaaaaah... — choraminguei ao deitar a cabeça em meus braços outra vez.

Eu fiz algo errado hoje.

Quero dizer... Não tão errado assim, considerando meus motivos... Mas não deixava de ser algo que talvez eu não devesse ter feito. Tipo... Minha moral...

Foda-se minha moral, porra.

Investiguei a vida do Hacker hoje.

Literalmente dei uma de um caralho de stalker.

E não era como se eu fosse uma louca obsessiva por ele, que se dane ele. Mas eu não dormiria mais se todas as noites continuasse sonhando com milhares de coisas que poderia estar escondendo de mim. Coisas que eu não deveria saber caso quisesse mantê-lo em minha vida. Coisas do tipo fuja de perto desse cara enquanto é tempo.

Não encontrei nada.

Tipo. Nada.

E não estou falando sobre stalkear redes sociais, ele ao menos às tem. Estou falando de invadir malditas certidões de nascimento como uma hacker.

Só para descobrir que Vincent Hacker não existe.

Quero dizer, é óbvio que ele tem um documento de identificação, carteira de motorista, cartões, bancos e etc. Mas simplesmente não há acesso à nenhum deles. Não existe um maldito documento de nacionalidade original, ficha criminal, registro dos pais, nada. Não há como saber quem ele é além de agente. Quem era antes de se tornar um. Quando se busca por seu nome em sistemas confidenciais do serviço secreto, informações básicas surgem de seu perfil de soldado federal. Nada mais pessoal.

MISSÃO IMPOSSÍVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora