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NARRADORA

00:05 AM

O silêncio da madrugada começou a se alastrar naquele posto de gasolina, exceto pelos sons dos carros que passavam como um flash na pista ao norte da Califórnia.

Seu horário de plantão havia finalmente acabado, e estava ansiosa para poder voltar para o aconchego de sua casa e descansar as dores nos tornozelos devido a mais um dia em pé por horas naquela farmácia, atendendo todo tipo de pessoa que passava por aquele posto. Odiava aquele trabalho, mas se quisesse continuar tendo algum dinheiro em seu bolso, não tinha outra opção. Não via a hora de poder dar um beijo de boa noite em seu pequeno que naquele horário já deveria estar em seu 5° sono, e em seguida finalmente se deitar no conforto de sua cama, ao lado de seu companheiro que costumava lhe esperar para trocarem conversas sobre como foi seu dia em seus respectivos trabalhos, antes de dormirem.

A mulher girou a chave do caixa o trancando e em seguida a guardou em seu bolso, olhou em seu relógio pela quarta vez e coçou sua sobrancelha como um tique nervoso. Já estava impaciente, o outro atendente já deveria ter chegado àquela hora, ela estava apenas o esperando para finalmente dar o fora dali, e pelo visto, o imbecil decidiu se atrasar naquele dia.

Grande azar.

O vento frio adentrou a farmácia quando as portas se abriram, imediatamente seu corpo congelou e sua respiração se recusou a sair de seus pulmões, aquela imagem de um ser todo de preto sendo seus olhos intimidadores a única parte exposta de seu rosto enquanto se aproximava em passos lentos do corpo frágil e inocente do outro lado do balcão, era como um filme de terror em sua cabeça, que naquele momento já estava pensando em mil possibilidades do que poderia acontecer, e infelizmente, nenhuma delas era boa.

Assalto?

Droga! Já era a terceira vez!

- Eu posso lhe dar tudo o que tenho no caixa, não precisa fazer nenhum movimento brusco! - a mulher falou levantando as mãos para mostrar que não tentaria se defender, teve que juntar todo o resto de força que ainda habitava em seu corpo para pronunciar cada palavra.

O encapuzado, ou encapuzada, se manteu em silêncio, era divertido ver o medo naquele rosto tão inofensivo.

- Não quero seu dinheiro. - finalmente falou, o tom de voz tão firme quanto o estado em que o corpo daquela mulher se encontrava de pé. Ela engoliu em seco, àquela altura já esperava de tudo.

- Então... O-o que quer? - Maldita gagueira! Mas quem poderia lhe julgar? Estava com medo.

O ser misterioso abriu um sorriso de canto, apenas para si próprio, pois toda expressão em seu rosto era coberta por um boné, máscara e capuz. Mas os olhos eram suficientes para mostrar o quanto não era nem um pouco inofensivo, ou inofensiva.

Não falou mais uma palavra, apenas levou sua mão coberta por uma luva até o cós de sua calça, e puxou a foto que em seguida colocou sobre o balcão, girando com a ponta do dedo para mostrar a imagem à mulher.

Tentou engolir em seco, mas sua garganta havia se fechado.

Buscando todos os resquícios de memórias antigas, encontrou o que lhe fez reconhecer aquela imagem.

A partir dali, já sabia que de trás daquele balcão, não sairia mais.

MARGOT

A vida em Los Angeles era divertida, mas pelo visto, somente quando minha rotina era produtiva. Naqueles primeiros três dias de volta na cidade, eu estava me sentindo exatamente como uma adolescente depressiva. Em outras palavras: acordava tarde e não fazia absolutamente nada o dia inteiro, pois por conta do ferimento no braço, Boss me mandou repousar por alguns dias, até estar estável o suficiente para voltar a rotina de treinamento que eu já havia me acostumado, e apenas com três dias em falta, senti saudade de toda aquela adrenalina.

MISSÃO IMPOSSÍVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora