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» Dia seguinte «

Céu nublado, vento frio, respingos de chuva... O clima perfeito para ir ao cemitério.

Apesar da fama aterrorizante que os cemitérios possuem, muitos encontram lá oque não encontram em mais nenhum lugar do mundo: paz.
Talvez por se sentirem perto o bastante de seus entes queridos, buscando um minuto de silêncio e reflexão interior.

E o cemitério onde minha mãe está enterrada, é para onde eu estou indo agora.

O uber para o carro numa rua a alguns metros de distância do cemitério e eu vou caminhando em direção ao mesmo.
Quando entro, passo por todas aquelas lápides até chegar ao local onde eu me recordo de ser a lápide de minha mãe, da primeira vez em que eu vim aqui.

Sinto um frio percorrer em minha espinha quando vejo seu nome gravado na lápide.
Nove anos, e as vezes eu ainda não acredito que isso seja real, as vezes eu acordo torcendo para que tudo fosse apenas um sonho... Mas ela está aqui, enterrada em minha frente.
E eu forço a minha mente a não imaginar como seu corpo está debaixo da terra, pois quero pensar nela lembrando daquele rosto lindo, que hoje eu tenho deja vu todas as vezes que olho para meu reflexo no espelho, pois me tornei sua cópia viva.

É engraçado como achamos que sabemos de tudo, como fazemos planos para nosso futuro, como contamos vitória antes da hora...
Um dia, eu estava sentada na mesa de jantar com meus pais, enquanto comemos e ríamos falando sobre minhas terríveis apresentações escolares, felizes enquanto aproveitamos oque nós nem tínhamos idéia que seria nosso último momento juntos. E no outro, eu estava em um avião indo para a Inglaterra, chorando nos braços da minha avó enquanto ela me consolava dizendo que tudo ia ficar bem...

Eu só queria poder entender, poder descobrir quem fez isso, quem foi o motivo de eu ter uma adolescência destruída, e porque isso aconteceu...

Eu juro que faria de tudo pra  desvendar logo esse mistério, e poder olhar nos olhos de quem acabou com a felicidade de uma criança, antes de acabar com a vida dele de uma forma tão cruel quanto fizera com meus pais.

Sem perceber, sinto minhas pernas fraquejarem e caio de joelhos na frente do túmulo sentindo lágrimas começarem a cair de meus olhos ao mesmo tempo que as gotas de chuva que antes eram apenas respingos, engrossarem. Encosto meus braços na lápide deitando minha cabeça por cima enquanto deixo o choro que eu venho segurando a tanto tempo, livre.

— Eu falhei com você mãe, me perdoa... — Soluço enquanto a chuva começa a me encharcar. — Eu não quis ser uma vergonha pra você, eu juro que não quis...

Hacker finalmente abriu meus olhos, e de certa forma eu sou grata a isso.
Mas não pude evitar de me sentir atingida com todas aquelas palavras...

Afinal, eu não sou de ferro.

— Eu prometo, a partir de agora eu vou ser tudo aquilo que você esperava que eu fosse. Tudo aquilo que você me ensinou foi para que um dia eu fosse igual a você, e eu vou ser. Eu prometo mãe, mesmo você não estando mais aqui, eu vou ser aquilo que você sempre sonhou que eu fosse, eu vou ser seu orgulho. — Digo levantando minha cabeça para encarar a lápide. — Não me importo em levar anos para encontrá-lo, contanto que no final eu consiga cumprir oque eu prometi a mim mesma que faria: Vingar vocês.

Fico alguns minutos em silêncio apenas encarando a lápide em minha frente enquanto a chuva deixa meus cabelos e minha roupa completamente encharcados.
Depois de algum tempo apenas perdida em meus pensamentos, me levanto do chão limpando meus joelhos que sujaram de grama e me recomponho novamente.

MISSÃO IMPOSSÍVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora