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MARGOT

Abro os olhos com certa dificuldade, o quarto não está iluminado, mas por conta do sono extremo me sinto quase cega.
É questão de alguns longos segundos para despertar totalmente, e só quando me viro vendo que há um grande espaço enquanto encaro a parede, percebo que estou na cama sozinha.

Quando me recordo do que aconteceu noite passada, me levanto quase num pulo.
Preciso racionar alguns segundos para saber se realmente foi real, ou se foi apenas um delírio...
Nitidamente dormi bastante, então essas memórias malucas que invadem minha cabeça agora, podem não passar de apenas um sonho bem intenso...

Olho em volta do quarto procurando algum vestígio de roupa ou qualquer outra coisa, mas não há nada.
Nada no chão, nada jogado nos móveis, nada de Hacker... Nenhum rastro que mostre que isso foi real.

Engulo em seco fechando os olhos por alguns segundos soltando um riso, eu com certeza bebi ou me droguei pra sonhar uma coisa maluca dessas.
E tão... Realista.

Mas quando abro novamente, olho direto para a mesa no canto da parede, fixando especificamente no pé quebrado...

Não foi um sonho.
Eu realmente transei com Hacker.

Não sei direito o que pensar sobre isso, sei que estou confusa por conta do sono e por isso achei que tudo não passou de um sonho.
Ou é apenas porque a ideia de que eu e Hacker realmente fizemos isso parece loucura.
E agora não tenho nenhum sinal dele nesse quarto, não sei se ele se arrependeu e caiu fora, mas não me sinto mal por isso, na verdade já esperava que isso aconteceria e se fosse o contrário, acharia estranho.

Balanço a cabeça para sair desse transe de dúvidas e me sento na cama esfregando meu rosto para despertar. No momento em que me levanto, sinto meus músculos um pouco doloridos e também uma leve ardência íntima, com certeza consequência de toda aquela agressividade, mas nada que me impeça.
Quando estou quase entrando no banheiro, percebo que a porta de vidro que dá acesso a sacada está meio aberta e começo a sentir um leve cheiro de fumaça de cigarro. Dou um pequeno sorriso irônico.
Sinceramente, não estava esperando ver ele agora.

Vou até a porta e a abro vendo Hacker sentado numa cadeira enquanto fuma observando a vista da cidade, vestido apenas com a calça de moletom que dormiu. Ele nota minha presença, mas não tenta me olhar.
Puxo a cadeira do outro lado da mesinha e me sento o olhando por pequenos segundos, e desvio minha atenção para a vista, me mantendo em silêncio, pois apesar de estar aqui com ele, não tenho o que dizer.

- São três da tarde. - de repente diz desviando minha atenção para ele que já está olhando para mim.
Tomo um pouco de susto com o horário, nem tinha passado essa dúvida pela minha cabeça até agora.

Dormi pra caralho, provavelmente foi por conta do cansaço extremo e dos hormônios depois de tantos orgasmos.

- Conseguiu dormir? - pergunto e ele assente desviando o olhar para a cidade novamente. - Tem quanto tempo que acordou?

- Não muito. - solta a fumaça e fica em silêncio por alguns segundos, mas logo olha para mim novamente. - Você tá... Bem? - franze levemente o cenho, percebo que está perguntando sobre as consequências de tudo aquilo.

Antes de responder, estendo minha mão para Hacker e ele parece ficar meio confuso, mas logo entende e arqueia a sobrancelha colocando seu cigarro em minha mão, meio desconfiado. Dou um sorrisinho e coloco o cigarro em minha boca dando uma tragada enquanto o encaro, observando a expressão um pouco surpresa em seu rosto.

- Tô. Meu corpo é bem treinado, sou bem forte. - dou de ombros e ele dá sorrisinho fraco me encarando enquanto solto a fumaça.
Primeira vez que faço isso em dois anos, não acho uma sensação ótima, mas também não acho ruim.

MISSÃO IMPOSSÍVELOnde as histórias ganham vida. Descobre agora