Capítulo 62

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Arthur deixou a casa de Micael no final da tarde. O mesmo estava atrasado quando olhou o relógio, indicando o horário de Clara sair do colégio, mas estava tudo sob controle quando Sophia lhe enviou uma mensagem, dizendo que já havia buscado.

— Oi papai. — Clara passou por Micael, o abraçou.

— Oi meu amor, como foi na escola hoje? — Beijou o topo da cabeça da filha.

— Eu fiz um desenho de cachorro. — Contou.

— Desenho de cachorro? — Sorriu. — E eu posso ver esse desenho de cachorro?

— Pode! — Tirou a mochila das costas.

Abriu o objeto buscando por sua pasta colorida, retirando de lá o desenho totalmente pintado. Micael teve o papel nas mãos, sorriu ao ver o desenho.

— Uau, você desenhou sozinha?

— É. — Clara estava com vergonha. — Eu fiz pra você, papai!

— Você não havia feito pra mim, Clara? — Sophia retirou os sapatos enquanto trancava a porta.

Deixou a bolsa em cima da poltrona.

— Agora é do papai. — Fez uma cara de sapeca.

— Tudo bem. — Sophia respirou fundo. — Já que a senhorita mostrou o meu antigo desenho ao papai, pode ir ao banheiro pra tomar banho. Vamos! — Bateu palmas enquanto via a filha chiar, caminhando ao banheiro social.

Micael encarou a esposa com um olhar de explicação. Sophia não havia ido almoçar em casa...

— O que foi?

— Fiquei esperando você pra almoçar hoje. — Levantou os ombros. — Fiquei sozinho.

— Sheron estava um caos hoje e eu quero que você me explique isso, sem mentiras! — Jogou o jornal no peito do marido, que franziu o cenho ao ler.

Sua cabeça deu pontadas fortes ao ler a manchete sensacionalista e de extrema verdade. Micael havia dito aquilo, em algumas reuniões paralelas, mas não sabia que iria para a mídia.

— Quem te deu isso?

— Sheron, hoje de manhã. — A esposa cruzou os braços. — Você disse isso mesmo?

Micael ficou em silêncio.

— Borges? — Bateu o pé direito no tapete, ficando esbravecida.

— Olha só, em minha defesa eu posso explicar! — Abriu as mãos e recebeu um tapa no ombro.

— Explicar? — Sophia grunhiu. — Seu idiota! Eu defendi você hoje pra toda a empresa. Você comeu cocô? — Estava irritada.

— Eu não pensei que isso ia para a mídia.

— Assim que você dá uma entrevista é óbvio que ela vai pra mídia, Micael. Meu Deus! — Colocou as mãos na cabeça. — Por pouco eu não perdi o meu emprego, suas lindas palavras me colocaram em cana hoje. — Bufou.

— Minhas lindas palavras? O que foi? Você está com medo de perder o convite pro grande aniversário da Sheron? — Debochou. — O que vai ter lá que eu ainda não sei?

— Vai ter muita coisa, Micael. Ela é minha chefe! Eu não posso perder esse emprego.

— E por que não? Você sabe quem é você? — Se irritou. — Sophia Borges. Você não precisa trabalhar. Você não precisa seguir a sua carreira em diante e todo mundo sabe disso.

— Eu gosto da minha profissão! — Cerrou os dentes.

— Então procure outra pessoa pra trabalhar. — Estava incrédulo. — Onde está aquela empresa que você estava trabalhando de home office? Que ficava horas em reuniões no FaceTime? Onde estão as suas viagens?

— Ah, então você quer que eu volte a viajar? Nessa altura do campeonato?

— Você não precisa trabalhar, Sophia. Você já trabalhou a vida inteira! Eu também! Vamos ter outro filho e nossa filha vai fazer cinco anos. Pra que vamos ficar nos matando assim?

— Desde quando você ficou tão caseiro desse jeito? É o hábito de ficar em casa que está de deixando assim? — Sophia passou pelo marido, indo até o quarto. Ele a seguiu.

— Eu comecei a ver a vida diferente. — Trincou o maxilar. — Você queria que eu ficasse como o seu pai? — Encarou a esposa mas logo engoliu seco. Havia errado na discussão, um ponto fraco. — Me desculpa! Me desculpa. Eu não queria ter disso... Isso. — Coçou os olhos com o polegar e indicador, parecendo cansado de discutir.

— Imagina se quisesse. — Seus olhos lacrimejaram.

— Eu não queria mesmo dizer isso.

— Vamos acabar como o meu pai e minha mãe. Não é mesmo? — Começou a chorar, em silêncio. — Um matrimônio terrível e cruel onde a nossa filha vai ter que ir para a melhor escola dos Estados Unidos, depois, vai virar líder de torcida e conhecer um garoto que se finge de gay pra conquistar tudo o que quer. — Entrou no closet enquanto chorava. — Espero que você não seja gay também! — Secou suas lágrimas.

Micael segurou o riso.

— Eu não sou gay.

— MEU PAI TAMBÉM NÃO ERA! — Jogou um Scarpin no marido, que desviou.

— Tá bom, tá bom. — Micael se escondeu no batente da porta. — Eu vou esquentar as berinjelas que eu fiz hoje pro almoço. Estão gostosas! — Sorriu leve mas recebeu outro sapato.

— SAI DAQUI! EU NÃO QUERO VER VOCÊ! EU NÃO QUERO ESCUTAR A SUA VOZ E PRO INFERNO A SUA BERINJELA! — Grunhiu de raiva.

Os hormônios estavam lhe matando.

Aposta de Amor - 2ª Temporada Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon