Aposta de Amor - 2ª Temporada

Capítulo 44

O dia amanheceu firme em Nova Iorque. Sem chuvas, o sol entrando de leve entre as frestas da janela dos Borges. No segundo quarto da casa, no corredor, a pequena Clara já abria os olhos, despertando cheia de energia por ter dormido a noite inteira, o oposto dos pais.

Os pés com meia tocaram o tapete aveludado e rosa do quarto, fazendo Clara sair do cômodo e procurar por alguém dos dois, já que, ninguém havia lhe acordado ainda.

E ela precisava ir à escola!

Coçando os olhos e bocejando, essa foi sua feição enquanto andava até o quarto de Sophia e Micael, que estava trancado. Clara forçou a maçaneta diversas vezes mas não obteve resultados para entrar.

E Micael acordou assustado ao escutar o barulho. Deu um pulo na cama antes de olhar o visor do iPhone, em seu criado mudo.

07: 38 passados.

— Puta que pariu, Clara! — Lembrou-se que a filha tinha que ir para à escola, estava faltando muito ultimamente.

Andou desnorteado até o closet, buscando uma nova calça abrigo e uma cueca. Correu até à porta, destrancando.

— Você já acordou, não é mesmo? — Viu a pequena bocejar.

— Por que você trancou a porta?

— Porque eu estava dormindo. Já escovou os dentes? — Pegou Clara no colo, correndo até o banheiro social.

— Hu-hum. — Negou com a cabeça.

— Sabia que estamos totalmente atrasados? — Colocou a pequena de pé no banquinho apropriado para a pia, fazendo com que Clara escovasse os seus dentes sozinha. — Escove os dentes que eu já venho trocar você, escutou?

— Sim! — Clara fez um jóia com o dedão, escovou os dentes, tranquila. Não estava preocupada se iria para a escola ou se faltaria de novo.

Micael foi rápido ao ir até o quarto da filha, separar o seu uniforme e levar para o banheiro aonde ela estava, terminando de escovar os dentes. Estava apressado quando retirou o pijama de Clara mas foi interrompido por Sophia, na porta, tinha o cenho franzido ao ver aquela correria de manhã.

— Aconteceu alguma coisa? — Cruzou os braços, tentando decifrar o que havia acontecido.

— Clara está atrasada! — Vestiu a blusa do uniforme na filha. — Precisamos ser rápidos.

— Micael, é sério? — Sophia estava super tranquila.

— Como? — A encarou, sem entender.

— São sete e quarenta e cinco. Você ainda acha que dá tempo da Clara ir à escola? — Debochou. — Filha, volta pra cama! Ainda está cedo. — Assentiu para a pequena. — Depois eu ligo pra sua professora. — Deu às costas e saiu.

Micael balbuciou algo mas não ousou em terminar, deixou Clara se vestir sozinha, indo procurar por Sophia.

— Sério. — Abriu os braços, ainda incrédulo. — O que deu em você? Crise de meia idade?

— Senso do comum. — Rebateu. — Você não vai fazer a menina correr contra o tempo, quando ela pode ficar em casa e faltar à aula.

— Clara anda faltando demais, Sophia. Isso não é bom!

— Todo mundo falta, Micael. — Deu de ombros. — Você faltou na escola, eu faltei na escola, assim como Clara irá faltar hoje. Ela não vai morrer por conta disso! — Foi até à geladeira, buscando as coisas para montar a mesa do café da manhã.

— Espero que você diga isso quando a diretora mandar mais um e-mail reclamando da ausência dela.

— E você anda recebendo e-mails da diretora? — Sophia quis muito saber, ainda na razão.