Capítulo 32

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— Para um ótimo manicure você é um excelente empresário. — Sophia riu consigo mesma após ver a unha ganhando uma cor neutra, pintada por Micael, que estava se esforçando ao máximo para ficar bom.

— Fazer o que. — Suspirou. — A sua manicure dormiu.

Observaram Clara que estava dormindo na cama de casal, tranquila. Havia se cansado depois do banho, deixando o pai pintar as unhas da mãe.

— Ela é perfeita, não é mesmo? — Sophia observou Micael que continuava a pintar as unhas.

— Ela é. — Sorriu para a ex-mulher. — Fizemos um ótimo trabalho!

— Sim. — Deixou o sorriso morrer aos poucos...

Micael percebeu.

— Eu sei que... — Voltou o pincel do esmalte para o recipiente pequeno. — Não é uma boa hora para falarmos disso mas, precisamos mesmo conversar!

— Sobre?

— Sobre você. — Se encararam. — Eu tô bem preocupado com você, Sophia.

Ela ficou em silêncio, engoliu seco.

— Eu vou ficar bem.

— Se entregando desse jeito? Sem comer, sem tomar banho, ficar chorando o dia inteiro em cima de uma cama. Eu sei que você está de luto mas Clara está aqui! Eu estou aqui! Você não está sozinha! — Segurou em sua mão delicadamente, não poderia borrar o esmalte fresco.

Sophia assentiu, ainda em transe. Os olhos lacrimejaram mas ela conseguiu engolir o choro, sua face ardeu.

— Foi tudo muito rápido, Micael. — Digeriu o que iria dizer. — Quando eu vi, já tinha o perdido.

— Estava no estágio 4. Não tinha como salvá-lo! — Contou.

— Ele te contou, não foi? — Subiu o olhar à Micael, que fez o mesmo.

— Sim, ele me contou sim. Eu fui a primeira pessoa a saber que ele estava doente, nem Jack sabia. E, ele também não queria que ninguém soubesse. — Lembrou-se daquele dia terrível.

— Como sempre ele escondendo tudo de mim. — Soltou um riso incrédulo, sua garganta deu um nó horrendo, queria muito chorar. — Mas, eu fico feliz que ele confiou em você, como um filho. — Segurou forte na mão de Micael, que assentiu.

— É, como um filho. — Pegou a mão esquerda de Sophia, posicionando em sua perna. — Quero que fique sabendo que seu pai descansou, meu amor. Ele estava sofrendo muito, dores, convulsões diversas... Eu sei que dói mas ele vai odiar ver você desse jeito, não deixando ele partir.

— Eu sei. — Suas lágrimas caíram, ela chorou em silêncio.

— Está doendo, eu sei. Sei muito bem disso! — Retirou o pincel do recipiente pequeno, voltando a pintar sua unha. — Mas não quero que fique sofrendo a vida toda, dando espaço pra uma depressão. — Ele sentiu medo só de falar.

— Está difícil suportar, Micael. — Respirou fundo, ainda chorando. — É muito difícil de suportar. — Cerrou os olhos. — Um buraco de abriu dentro do meu coração, dói. Ele faz muita falta! — Abaixou a cabeça, chorando. — Eu não aguento mais isso, eu juro que não aguento mais isso! — Estava incrédula por estar sofrendo daquele jeito.

E não aceitava de jeito nenhum a morte do pai. Para Sophia, aquilo não fazia sentido algum. Renato era forte, jovem, extrovertido e jamais teria espaço para uma doença como aquela. Ela pensava desse jeito!

— Vai ficar tudo bem. — Micael lhe abraçou, forte. Deu um beijo no topo da sua cabeça. — Prometo à você que vai ficar tudo bem!

— Obrigada por ficar aqui comigo. — Secou suas lágrimas. — Pelo menos por enquanto. — Ficou sem graça e com medo, duas sensações terríveis.

Aposta de Amor - 2ª Temporada Where stories live. Discover now