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Depois de aceitar ter perdido Mike, depositei todas as minhas esperanças na minha relação com Ian, assim eu pensava. Não de ter algo sério, e sim de algo que me fizesse bem.

Bati a porta do quarto e gritei com tanta força que eu sabia que tinha dado pra escutar por toda a casa. Tava cansada de mágoas na minha vida, de dar tudo errado e de me amarrar a homem ruim.

Me olhei no espelho e a única coisa que eu conseguia ver era aquela menina idiota que eu conhecia bem, aquela menina ingênua, burra e feia que ninguém gostava. Só conseguia enxergar isso.

Enquanto me olhava fiquei pensando no jeito que ele falou com meu irmão e o seu olhar indiferentemente pra mim antes de não conseguir mais me encarar. O quanto eu tinha um imã para babaquice era imensurável.

Aquela vontade louca de me machucar, de me xingar e me agredir verbalmente começou a surgir em minha mente. As lágrimas já escorriam descontroladamente pelo meu rosto sem que eu movesse um músculo e a raiva ia crescendo dentro de mim. Só queria fugir!

Levei minhas mãos até meus cabelos, passando todos os fios entre meus dedos e apertei meus olhos com força antes que eu descontasse tudo de ruim em mim mesma.

— Sophia?! — Mike abriu a porta com força e pressa. Ele estava ofegante e eu soltei meus cabelos me virando pra porta. — Sophia, não se sabota.

— Eu mereço. — dei de ombros e voltei a me olhar no espelho com nojo.

— Não, Sophia. Você não merece, é aí que tá. — ele veio até mim e parou do meu lado. — Lembra que eu te disse que o azar eram dos outros que te magoavam? Continua sendo verdade.

— Não, não é, o problema tá em mim. — disse sem enxergar um palmo a minha frente. Eu ficava cega.

— Sophia, para de achar que sua vida é horrível por causa de homem. Você precisa gostar de si mesma, pelo amor de Deus! — bufou. — Olha pra mim! — ele me virou pelos braços.

— Sophia, olha pra mim! — segurou meu rosto com força. Meu coração estava acelerado, eu tava quente, mas consegui engolir a seco, piscar os olhos e olhar pra ele. — Você é incrível e precisa lutar com seja lá o que for que acontece nessa sua cabeça. Ian é babaca, eu fui babaca e virão muitos babacas por aí, não só pra você, como pra todos. Ter experiências ruins não te torna indesejável. Todo mundo deseja ficar perto de você porque você é doce, carinhosa, empática, prestativa...

Dentro de mim, a cada palavra dele, as coisas foram se acalmando. Meu coração foi desacelerando, minha visão voltando aos poucos e minha mente parando de pensar descontroladamente.

— O Henrique, teu irmão, é um moleque incrível que nem você, com certeza não merece comentários como o que o babaca do Ian fez e eu imagino o que você deve ter sentido, principalmente porque vocês estão ficando e gostam de conviver um com o outro, mas você precisa se amar e não descontar em você. O problema tá nele. — completou.

Respirei fundo, me soltei dele levemente e sentei na minha cama cabisbaixa.

— Me entendeu? — sentou na cama da minha frente.

— Acho que sim. — assenti. — Preciso do meu psicólogo de volta urgentemente. — ri fraco.

— Sim, mas você também pode se ajudar, seus amigos também. — disse.

— Eu sei, não é atoa que você tá fazendo isso. — sorri pra ele agradecida.

— Você não deixa de ser minha melhor amiga.

Como consequência Where stories live. Discover now