— Uhuuuul, cadê o abraço agora? — Analu surgiu do nada batendo palmas.
— Não força, Ana Lua. — Luma sorriu fraco revirando os olhos.
— Nada disso, quero abraço sim senhora, eu hein. — ela veio na nossa direção. — Se acertaram e vai ficar por isso mesmo? Comigo não!
Ela parou no nosso meio de braços cruzados.
— E você quer que a gente faça o que? — perguntei rindo.
— Se abracem, bora! — ela saiu da frente. Luma desviou o olhar pro chão e eu quis matar minha irmã do meio, era pra ser algo simples. — Ou melhor, me abracem.
— Você é ridícula! — Luma levantou balançando a cabeça e abraçou ela com força. — Você também Mike, eu não vou pagar esse mico sozinha. — me olhou séria.
Obedeci rindo, me levantei e abracei as duas. Foi o abraço mais forçado da face da história, mas valia alguma coisa, aliás, era também o primeiro na história da nossa "adolescência x vida adulta", já que a última vez que tivemos um abraço daqueles foi na infância.
— Chega! — Luma se afastou sentando de novo. Eu fiz o mesmo e Analu sentou ao meu lado.
— Pra selar essa paz de vocês, vê se se divertem juntos se rolar a boate mesmo, sei que vocês falaram sobre deixar rolar uma amizade, mas todos nós sabemos que anos depois é difícil algo tão natural assim, é pelo menos pra se esforçar.
— Que que é, Analu? Tá de conciliadora? — olhei pra ela debochado.
— Sim ué, vocês acham que eu gosto de ficar no meio de um campo minado com meus dois irmãos? É horrível, meu sonho de princesa era essa amizade, de vocês dois e consequentemente, nossa. — ela disse feliz.
— Meu Deus, eu mijei na cruz. — Luma riu de nervoso.
— É sério, me promete que vai se esforçar? Você é a pior! — Analu bufou.
— Eu sou a pior? — Luma ficou boquiaberta.
— Você é a pior, vai, foi eu que te chamei pra essa conversa. — concordei com Analu.
— Então eu prometo bem prometido só pra mostrar que eu não sou a pior. — ela disse convencida.
— Começou a competição. — Analu revirou os olhos.
— Tá, nós prometemos só por prometer, beleza Ana? — me pronunciei.
— Agora sim! — ela sorriu satisfeita. — Amo vocês, seus insuportáveis. — me abraçou de lado.
— Eu também amo vocês, pestes. — disse, com muita coragem, mas disse.
— Eu... eu... — Luma começou a gaguejar.
— Cara, você é muito fria. — Analu começou a rir alto e trocou de lugar pra fazer cosquinha nela. — Bernardo deve ser muito pica de ouro pra você ter se apaixonado, na moral.
Pigarreei. Pelo amor de Deus, eu tava ali.
— Que que é? Suas irmãs estão em relacionamentos também, tá achando que é só você? — ela me encarou. — Inclusive se eu fosse você, me resolveria também com o próprio Bernardo, aliás, ele já já vira seu cunhado.
— Para, Ana! — Luma deu uma cotovelada nela.
— É a verdade, ué. — deu de ombros.
Eu fiquei sem saber o que falar, né? Me resolver com Bernardo era algo muito além de mim, o que eu ia falar? Nós nunca nos demos bem, era estranho pra nossa família, mas foi o que rolou.
Mas eu também entendia que seria importante isso, entendia porque precisava me dar bem com Luma e pra isso, tinha que parar de ser implicante. Além disso, o moleque tinha me provado ser uma pessoa maneira durante esses dias, mesmo que eu tenha falado várias babaquices pra ele.
— Luma, almoço pronto! — a porta dos fundos se abriu avisando. Em falar no diabo.
— Eita, eu vou comer! — Analu pulou da espreguiçadeira e saiu correndo pra dentro.
— Você vem? — Luma me olhou sorrindo fraco.
Eu assenti escutando minha barriga roncar e a acompanhei. Tava leve de alguma forma, tirando a situação do meu pai biológico que não cabia a esses momentos, me sentia muito bem resolvido. E se fosse pra eu trocar alguma ideia com Bernardo pra melhorar tudo mais ainda, eu faria.
A tarde foi tranquila, almoço suave, passei o dia conversando com Giovana sobre trabalho, apartamento, viagens, família, depois Laís e Sophia ficaram pentelhando e animando pra noite, já que iríamos mesmo pra boate e assim passou rápido.
Fui o primeiro a ficar pronto, claro, era sempre assim. Mas hoje também tinha um motivo específico, eu tinha que deixar Amanda e Analu no restaurante e ainda voltar pra casa pra pegar o resto do pessoal.
— Volta de táxi? — perguntei pra elas que estavam descendo do carro.
— Aham, peguei o número com um de confiança da Luísa. — Amanda avisou.
— Beleza, então! — assenti.
— Se liga lá hein, capaz da Luísa aparecer nessa festa e não entender nadinha desse seu romance. — Analu brincou antes de fechar a porta do carro.
— Tá repreendido. — fiz o sinal da cruz e ri.
Ela enfim bateu a porta e eu dei partida com o carro. Cheguei em casa e adivinhem? Quase ninguém pronto, tava a ponto de surtar.
— Você já tá tão gata que eu não entendo pra que mais. — disse resmungando atrás de Giovana que passava uma coisa vermelha na boca.
— Pra ficar ainda mais! — ela disse piscando pra mim pelo espelho. — Aliás, vi a foto que você postou, não aguento contigo.
— Muito gato, né? — fiz pose e um bico.
— Muita coisa, bebê. — ela suspirou. — Ainda bem que é meu. Pronto, acabei.
Suspirei aliviado e puxei ela pra descer e esperar o resto da rapaziada.
— Sabe que que eu tava pensando? — ela esticou a perna na minha depois de sentarmos no sofá. Eu balancei a cabeça pra que ela prosseguisse enquanto eu olhava a hora no meu relógio. — E se Luísa tiver lá?
Ah pronto, tinha o dedo de Ana Lua nisso certeza.
— Vai estar, ué. — dei de ombros olhando pra ela.
— Não querido, ela não sabe que estamos namorando, vai ficar toda pra cima de você. — ela revirou os olhos.
— Ela vai saber, né ciumentinha. — falei como se fosse óbvio. Peguei em seu rosto apertando suas bochechas e a puxei pra selar meus lábios. — Quem diria, você a ciumenta.
Ela fez o drama dela, mas rapidinho estava me enchendo de beijos. Fiquei rindo enquanto ela não parava, até que Theo, Henrique e Laís apareceram fazendo barulho.
O resto desceu segundos depois e fomos para os carros. Giovana, Luma e Bernardo foram no meu e Ian, Sophia, Theo e Henrique foram no de Laís.
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Como consequência
RandomTrancados em uma cabana no meio do nada durante um mês, um grupo constituído por dez jovens adultos que são da mesma família precisam achar meios para se comunicarem e se darem bem, já que eram o total oposto. Dramas românticos, brigas entre amigos...