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MIKE

A galera tinha saído pra beber, quero dizer, alguns tinham saído e quem restou ficou trabalhando. Ajudei a Laís a gravar umas publis pro instagram dela, fiz umas fotos pra ela e depois ela se trancou no quarto pra resolver outras coisas.

Amanda e Analu ficaram no quarto a noite toda, só saíram pra buscar o hambúrguer que tínhamos pedido por delivery, Sophia ficou ensaiando no quarto e eu também decidi procurar um caderno perdido pela casa e anotar algumas ideias de administração que eu tive para os hotéis.

Minha cabeça estava uma confusão esses dias, por esse motivo eu tava preferindo ficar na minha, sem ficar resenhando muito ou de conversinha.

Uma parte de mim estava feliz por ter resolvido de vez meu problema com Sophia e até de ter tido uma conversa legal com Giovana, mas outra parte ainda martelava em situações que me cercavam, como descobrir meu pai, ver quem eu amo com o babaca do Ian e ainda as briguinhas com minha irmã mais nova.

— Ai, acabei agora. — Laís disse bufando enquanto descia as escadas toda mole. — Internet dá trabalho, viu? Pelo amor de Deus.

— Imagino, pra gravar aquele vídeo curtinho tu odiou milhões de vezes. — ri fraco.

— É todo dia isso, quando tô com a minha mãe é mais fácil. — ela disse se jogando no sofá.

— Tô ligado. — assenti. — Sophia tá dançando ainda no quarto da Luma?

— Tá sim, Amanda tá desenhando peças de roupa e Analu estudando alguma coisa. — contou. — Agora eu queria estar bebendo com o pessoal.

— Tô de boa! — dei de ombros.

Claro que seria impossível estar no mesmo metro quadrado que Giovana e Ian ficando, ela provavelmente nem sabia que eu sabia dos dois, mas peguei da janela do segundo andar os dois se beijando no quintal.

Na hora me subiu aquela raiva de querer descer e arrumar uma confusão, mas conhecendo Ian do jeito que eu conheço, um simples bate boca ia partir pra porradaria. Eu não tinha medo de briga, mas ia ser uma parada além do que se necessita.

E também eu não queria dar tanta moral assim pra Giovana, já não bastava eu saber que estava morrendo de ciúme e saudade por dentro.

— Tá se mordendo todo por dentro com os dois lá, né? — ela riu me fazendo cosquinha.

— Tá maluca? Claro que não. — menti.

— Tá querendo mentir pra mim, Mike? Faça-me um favor. — ela revirou os olhos e se ajeitou no sofá.

— Rola um ciúme, mas já passa. Tô preocupado com outras coisas. — disse. De certa forma, isso não era mentira.

Por mais que tudo que eu quisesse fosse estar com ela novamente e de uma vez por todas consolidados, sem nada pra atrapalhar, eu tinha outros problemas maiores.

Aquele nome, Caio, não saia da minha cabeça por um só segundo e lembrar da histórias que meus pais faziam questão de contar me fazia embrulhar o estômago saber que eu tinha um merda de pai.

— E você? Tudo certo? Esqueceu o serzinho de porto? — puxei outro assunto.

— Não quero falar sobre isso, você sabe. — ela disse séria engolindo a seco. — Ainda dói.

— Você se envolveu demais cara, eu te avisei um milhão de vezes. — balancei a cabeça negativamente.

— Porra, como eu ia imaginar que ia me apaixonar por um formando? — ela bufou e eu enxerguei lágrimas se formando em seus olhos.

— Esse nem foi o pior, você não era monitora mesmo, o pior foi que ele tava num rolo quase sério com outra mina, né? — fiz careta.

— Chega desse assunto, odeio porto. — ela balançou a cabeça tentando esquecer e eu ri.

— Parece que nós vivemos o karma dos nossos pais, que bizarro.

— Você tá vivendo que karma dos seus pais, garoto? Se manca! — ela me chutou com os braços cruzados.

— Além da minha mãe ser a Letícia? — olhei pra ela sarcástico.

— É, aí fode. — ela riu. — Mas não tem como piorar, amigo.

— E se eu te contar que o meu pai biológico é um dos outros filhos da puta que nossos pais nos contavam?

Ela me olhou séria, se posicionou morrendo de curiosidade e manteve a atenção em mim.

— Você não vai me dizer que é o...

A interrompi. — O Caio.

Ela arregalou os olhos, abriu a boca indignada levando as mãos até ela e ficou um tempo em silêncio enquanto eu só me mantinha quieto.

— Nem fodendo. — ela aumento o tom de voz. — Você tá falando sério? — assenti. — Tu sabe que tua mãe e teu pai vão ficar arrasados, né? Ahhh, por isso você tá mal desse jeito, além da Giovana e do Ian. Caralho, tá tudo horrível mesmo.

— Tô te falando, para de reclamar da sua vida. — disse bebendo da água que estava mofando há horas na minha mão.

— Que loucura! — ela disse ainda se recuperando da fofoca. — Mas assim, vai passar, sabe? Eu sofri muito quando descobri que era adotada, quando olhei no espelho, olhei nos meus pais e na Amanda e vi que eu não tinha nada deles. Três brancos que nem papel, de olhos claros, um loiro e duas ruivas e eu morena. Você sabe que foi foda aquela fase, mas passou.

— Eu lembro, foi punk mermo. — disse fazendo careta.

— Então... vai passar! — ela me encorajou, levantou e sentou ao meu lado me abraçando de lado e fazendo carinho no meu braço.

— Assim espero. — suspirei e descansei no abraço dela. — Mas deixa eu te falar, você sabe que seus olhos são claríssimos e que você é branca, né?

Ela soltou do meu abraço, me empurrou e mandou língua. — Mas é diferente, cala a boca.

Nós ficamos rindo juntos das nossas desgraças, mas tinha fé que as coisas iam se ajeitar sim, só que tava foda de passar por elas.

Depois ela ficou me fazendo escolher as melhores fotos pra ela postar, pegamos uma cerva pra continuar trocando e ideia e fomos dormir.

Depois ela ficou me fazendo escolher as melhores fotos pra ela postar, pegamos uma cerva pra continuar trocando e ideia e fomos dormir

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@laisdrupaiva a publi de hoje é da minha loja preferida de joias e tem um lugar no meu coração por ser de uma querida amiga minha.
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Como consequência Where stories live. Discover now