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LAÍS

Acho que não tinha ninguém mais furiosa do que eu naquele momento. Eu trabalhava com internet, com meu instagram, tinha trabalhos pra entregar e story's pra gravar.

Me surpreendi da minha mãe fazer isso, até porque ela sabia da importância do meu trabalho, já que ela fazia o mesmo. Ela devia estar super valorizando essa palhaçada que não ia dar certo e todo mundo sabia.

O pessoal ficou discutindo sobre o que tinha acabado de acontecer, Mike subiu puto da vida e eu aproveitei pra ir atrás dele.

— Que isso, cara? — entrei no quarto me deparando com ele fazendo as malas.

— Cansei dessa porra, vou meter o pé. — ele deu de ombros mexendo nas coisas.

— E vai perder o emprego? — questionei.

— Fodase, arranjo outro. — disse nem aí.

— Mike, pera! — segurei as mãos dele que colocavam as roupas freneticamente dentro da mala. — Não faz isso, nós dissemos que íamos aproveitar isso aqui.

— Olha essa merda, Laís? Pegaram nosso telefone sem mais nem menos. Tô todo fodido da cabeça, problema familiar, amoroso, a porra toda, e ainda fazem isso? — ele disse vermelho.

Eu sabia que ele estava mal mesmo. Eu conseguia enxergar pela feição caída em seu rosto, mas ele precisava cair na real.

— Você acha que eu não tô puta com isso? Eu trabalho com internet, cara. Além disso, não tenho nada a perder se eu for embora, mas eu sei que podemos aproveitar juntos isso aqui se colocarmos uns pingos nos is. — disse sentando na ponta da cama.

— Tipo o que? — ele franziu a sobrancelha.

— Você sabe que só sofre porque você não toma uma atitude na sua vida, você só sabe culpar as pessoas pela as coisas que você não quer fazer "Sophia vai sofrer" "Meus pais vão surtar" e com isso você decidi simplesmente não fazer, mas isso que empaca sua vida. Você precisa tomar atitudes!

— É que... — ele tentou se explicar cabisbaixo, mas eu o interrompi.

— É que nada, Mike. Você ia fazer a mesma coisa agora, arriscando perder emprego pra não encarar os problemas de frente. — joguei na cara.

Não sabia o que era falar todas essas coisas tão friamente e quando eu resolvi soltar, foi libertador. Acho que por ele ser meu melhor amigo eu me privava de ser dura, mas sinceramente, agora eu acho que eu podia ter sido pior.

Ficamos um tempo em silêncio, sem falar nada e ele olhando pro chão. Parecia que um peso bem grande tinha saído das minhas costas.

— Tá certa! — disse suspirando.

— Eu sei que eu tô. — disse me achando.

Ele riu e começou a colocar as coisas dele de volta na gaveta enquanto eu o olhava.

— Que que você acha de sairmos dessa casa hoje? — sugeri com um sorriso perverso nos lábios.

— E ir pra onde? — ele riu de nervoso. De fato não tinha nada por perto.

— Sei lá, procurar uma balada. — bati ombros.

— Acho difícil acharmos. — ele disse sem esperança.

— Se acharmos, vamos? — quase que me ajoelhei na frente dele animada.

— Aham, eu adoro burlar as regras. — disse sorrindo fraco e eu levantei da cama dando pulinhos.

Puxei ele pra descermos e convocarmos os maiores de idade, mas estava todo mundo espalhado, então aproveitei antes pra pegar o telefone que elas tinham deixado, loguei meu instagram, avisei ao pessoal que ficaria sumida por alguns dias, mandei alguns e-mails pra clientes e comecei a procurar com Mike baladas por perto.

Como consequência Where stories live. Discover now