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Cheguei perto das duas e Sophia estava respirando (ou não) desesperadamente se segurando para não chorar e Laís estava com uma cara de desespero ao lado dela implorando pra que ela se acalmasse.

Quando olhei pro lado e vi Mike com a garota debruçada em seu pescoço me subiu uma raiva sem tamanho, dessa vez não era ciúme e sim um certo desprezo. Como assim depois de uma conversa com a melhor amiga ele ainda fazia essas coisas?

— Laís, deixa eu falar com ela sozinha! — sai do meu transe do mundo da raiva e apoiei minha mão sobre seu braço.

— Tem certeza? — ela me olhou receosa.

— Mais que tudo. — disse convicta. Precisava levar um papo com Sophia pra ontem e dessa vez tinha que ser sério.

Ela não falava nada, eu juro que seus olhos nem piscavam direito e ela parecia estar em uma luta interna contra ela mesma. Olhei para os dois lado e nenhum ambiente vazio ou mais afastado do som, então agarrei em seu braço e a puxei pra fora dali.

— Sophia? — a chamei colocando ela contra o carro. — Me responde!

Ela não disse nada, mas parecia ter acordado visto que piscou inúmeras vezes antes de fixar o olhar em mim.

— O que estamos fazendo aqui fora, Giovana? — ela disse com os olhos cheios de lágrimas.

— Quero conversar com você! — disse suspirando.

— Você viu o que aconteceu? Que ódio! — ela apontou pra porta e gritou apertando as mãos no rosto.

— Vi e sei que não foi atoa que você quis explodir, Sophi, mas você precisa se acalmar e pensar com clareza. — falei tirando suas mãos de seu rosto.

— Eu não consigo! — ela disse deixando as lágrimas rolarem e levando as mãos até os cabelos. Quando eu vi que ela queria começar a se machucar, puxei sua mão pra baixo na hora.

— OLHA PRA MIM! — mandei apertando os braços dela contra seu corpo. — Eu tô aqui. Respira, inspira, se acalma e vamos conversar.

Ela franzia o rosto em um aperto como se tivesse muito agoniada com algo. Eu não queria que as coisas fossem assim, aliás, quem quer? Mas ela precisava escutar algumas coisas, não de forma dura como ele merecia, mas sim de carinho e com muito amor.

Soltei uma mão dela que se soltou mole como se estivesse enfraquecendo e levei a minha mão até seu cabelo acariciando. Percebi sua respiração ficando mais leve, seus olhos piscando normalmente e até um sorriso de alívio se formando no canto de sua boca.

— Sophia, isso precisa acabar. — disse engolindo a seco. — Você não pode mais sofrer por isso, você precisa seguir com sua vida, você tá se machucando, princesa. E não merece isso. Você é incrível, uma amiga maravilhosa, gentil e bondosa com as pessoas, não é atoa que dizem que você é mistura de Sarah com sua antiga madrasta Alicia, que Deus a tenha inclusive, mas enfim... Você não merece, assim como eu também não.

— É difícil, Gio. Pra mim, isso é exatamente o que eu mereço, sabe? — ela disse fungando.

Eu balancei a cabeça negativamente com muita força. — De jeito nenhum. Você merece alguém que te ame, que te apoie, que não brinque com seus sentimentos, que seja seu amigo.

— Mas...

— Mas nada, Sophia. Você sabe que essas coisas ruins que você pensa sobre você são coisas só da sua cabeça. — disse olhando fixamente nos olhos dela e fazendo ela olhar nos meus. — Já se olhou no espelho? Você é linda, mais que linda, perfeita. Já ouviu o que as pessoas falam sobre você? Só coisas incríveis. — sorri ao falar pra ela.

— Eu te amo, Giovana. Que saudade de você! — ela me puxou pra um abraço. Foi tão gratificante ouvir aquilo e descansar no ombro dela.

— Eu também te amo, não vamos mais nos afastar. — falei soltando do abraço e olhando pra ela séria.

— Por mim não mais. — ela disse passando segurança pra mim.

— Promete que não vai mais sofrer por isso? — perguntei.

Ela fez uma careta e deu um sorriso sapeca pra mim que fez a gente rir. Eu sabia que ela era um caso sério, eu não sei o que ela tem com ele, se é especificamente com ele ou se é algo com ela que ela espelha nele, não sei, mas é difícil.

De qualquer jeito me senti vitoriosa por ela não ter simplesmente surtado e que bem provavelmente ela voltaria pra festa com um sorriso no rosto e animação pra jogo.

— Vamos nos divertir? — olhei pra ela.

— Bora! — ela deu aquele sorrisão dela que só essa loira sabia dar e nós entramos.

Sei que podem se perguntar como eu, a pessoa que considera aquele que não deve ser nomeado o grande amor da sua vida, consegue lidar com outra pessoa gostando dele, não ficar bolada ou com ciúme e ainda aconselhar. E eu responderia: NÃO SEI.

Entramos de volta, Laís estava dançando sozinha com sua bebida na mão, Mike, Amanda e Analu desaparecidos e Ian e Bernardo até agora com umas minas. Eu e Sophia pegamos bebida, nos juntamos a Laís e começamos a dançar.

E foi só ver Sophia no nosso meio que Bernardo largou o desenrolo dele e veio rapidinho ficar com a gente. Talvez Ian estivesse certo, talvez Sophia não enxergava um grande amor na frente dela por causa do embuste e talvez, mas só talvez, eu esteja preocupada demais com a vida dos outros ao invés de procurar uma boca pra eu beijar. Fui!

Como consequência Where stories live. Discover now