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Acordei com barulho de pássaros e muito mosquito me comendo viva. Acabou que eu e Mike fizemos uma cena lá com o pessoal comendo, bebendo e trocando ideia pra não dar na cara e depois que todos foram começando a querer deitar, eu e ele raptamos nossas coisas e dormimos no quintal.

Foi bom demais, ficamos conversando e rindo a madrugada toda, claro que depois da foda de saudade, vem a foda de reconciliação, o que deixou tudo melhor ainda, mas agora de manhã tava o sol na cara e mosquitada que só.

Deixei ele dormindo que nem anjo, olhei no relógio no meu pulso que marcavam 9 horas da manhã, levantei pra ir no banheiro e beber uma água.

Eu estava radiante, parecia que tudo estava completo na minha vida, na verdade nem tudo. Quando eu deixasse tudo a limpo com Ian e Sophia, eu com certeza me sentiria 100%, mas confesso que estava um pouco nervosa.

Nervosa de conversar com Sophia, no caso. Ela estava tão bem mais tão bem que talvez aquilo fosse um processo só de negação e por dentro estava só esperando uma coisinha a mais pra explodir, mas a fé era grande.

Já Ian, bom... Ian é o Ian, né? Daquele jeitão dele de quem não liga pra nada, não deixaria de ser amiga dele e nem de curtir, seria como sempre fui e...

— Bom dia! — ele fechou a geladeira me assustando assim que entrei na cozinha.

— Que susto! — ri de nervoso com a mão no coração. — Já está acordado?

— Uhum, vou dar uma corrida. — contou colocando leite pra dentro da garrafa mesmo. — E você, teve pesadelo? — brincou.

— Não, dormi lá fora, mosquitada me acordou. — contei.

— Lá fora? — franziu as sobrancelhas rindo sem entender.

Ok, a conversa ia ser mais cedo do que eu pensava e eu nem tinha preparado nada pra falar, mas iria fundo. Se eu mantivesse segredo era capaz de dar corda pra ele me beijar ou algo do tipo, e aí seria mais vergonhoso.

— É, eu dormi lá com Mike. — falei de uma vez e ele arqueou as sobrancelhas surpreso.

— Voltou com ele? — perguntou rindo. Ele guardou o leite, fechou a geladeira e passou por mim pra sala.

— Na verdade, sim. — assenti. — Até ia sentar pra conversar com você hoje.

— Conversar por quê? — ele me olhou sem entender. — Tá suave Gi, todo mundo sabia que vocês iam ficar juntos e eu tô bem, relaxa.

— Sério? Porque eu...

Ele me interrompeu. — Tá de brinks? Olha pra mim, cara, sou o Ian, não Bernardo. Somos amigos e é isso.

Ele riu, mandou um beijo no ar e saiu porta a fora como se tivesse preparado pra correr.

Fiquei em estátua no meio de cozinha, tinha sido a conversa mais rápida que eu já tive na minha vida, mas o que que eu esperava, né? Ele era o Ian, e algo assim era completamente esperado vindo dele, mas tudo bem, me facilitava o trabalho de me sentir mal de algum modo.

Respirei fundo e ri sozinha da minha situação, achando que ele ia se importar e cheia de medo, balancei a cabeça negativamente, bebi minha água e fui acordar meu namorado aos beijos.

SOPHIA

Segunda-feira, penúltima semana nossa por aqui e eu não sabia exatamente o que sentir. De alguma forma, apesar de todos os perrengues, aqui eu me sentia tão livre quanto um pássaro.

Acho que pensando em todas as experiências que tivemos nas mansões que nossos pais alugavam, nos melhores hotéis que íamos, essa "inútil" cabaninha tinha sido a melhor, a mais libertadora.

Como consequência Onde histórias criam vida. Descubra agora