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LAÍS

Por conta do caralho: era como eu estava. Parecia que eu tinha cheirado duas carreiras de pó misturado com whisky e energético. Todo mundo sabia que eu estava além de mim e os mais chegado sabiam exatamente o motivo.

— Hoje eu vou dar, eu vou distribuir. — gritei de cima da mesa de plástico.

— Uhuuuuul — gritaram.

— Hoje eu vou dar, eu vou distribuir. — comecei a cantarolar.

— Desce daí maluca, a mesa é fraca. — Giovana me chamou balançando minha calça.

— Vai tirar essa teia com teu namorado e me deixa em paz, chata. — chutei a mão dela e continuei dançando.

— Laís, desce! — ela mandou séria.

Bufei revirando os olhos, segurei minha calça pra eu não tropeçar e desci.

Fiz o favor de colocar a música pra tocar de novo porque eu tinha parado pra fazer um show em cima da mesa e todo mundo voltou a escaralhar.

Avistei Theozinho de longe e corri saltitante até ele. Meu bebê estava fazendo 17 aninhos hoje e eu estava tão feliz com sua felicidade.

— Você gostou, meu amor? — abracei ele forte por trás que se assustou. — Diz que sim, diz que sim, diz que sim.

— Gostei, prima. — ele riu. — Tá tudo bem?

— Tudo ótimo, você já me viu tão maravilhosa assim? — larguei dele e dei uma voltinha.

— Você é sempre maravilhosa. — ele beijou minha mão. — Só nunca te vi tão bêbada assim.

— Sou melhor assim, não acha? — perguntei fazendo careta.

— Só acho que você pode tomar uma água pra melhorar um pouquinho. — ele opinou limpando o suor da minha testa.

— Iiiih chatos pra caralho, fui. — arranquei a mão dele e dei de costas procurando meu próximo alvo.

Foi aí que encontrei Mike e Giovana conversando na mesa de bebidas. Pronto, eram eles.

Saltitei mais um pouco e parei em um salto do lado deles que riram balançando a cabeça negativamente.

— Você tá muito louca, garota. — Mike riu.

— E o foda-se? — olhei séria pra ele.

— Não tá mais aqui quem falou. — ele levantou as mãos em sinal de rendição.

— Ela tá assim ela. — Giovana reclamou colocando gelo no copo.

— Calem a boca e me escutem. — disse e eles me olharam debochados. — Vocês tem que parar da porra da palhaçada e ficarem juntos logo, vocês estão que nem criança e ninguém aguenta mais esse drama de vocês. Como que pode duas pessoas se amarem e não estarem juntas? Isso não existe porra, se beijem. — peguei a cabeça dos dois e forcei pra que se aproximassem.

— Calma aí Laís. — Giovana desviou rindo sem graça.

Bufei.

— Isso tudo é porque você queria estar com o amor da sua vida? — Mike provocou.

— Amor da minha vida? Desconheço. — me fingi de desentendida.

— Aham. — resmungou debochado.

— Af vocês não prestam pra nada, pelo amor. — revirei os olhos e eles saíram rindo.

Fiquei olhando pro nada, sabe aquela máxima "olhando pro nada, pensando em tudo"? Eu estava o extremo oposto "olhando pra tudo, pensando em nada". Balancei a cabeça saindo do transe.

Quando fui beber mais do meu copo que tava mofando na minha mão, percebi que nele não tinha mais nada. Eu tava bebendo que nem tava percebendo. Aproveitei que estava perto da mesa e mudei da cerveja pra vodca com energético.

— Não acha que já está mal demais? — uma voz do além parou do meu lado.

Arfei com um sorriso irritado de lado e me virei. Foi só ver quem era que meu peito estufou.

— Acho que não, incomodado? — cruzei o braço.

— Não, só preocupado. — Gustavo disse olhando nos meus olhos.

Ri sarcástica.

— Engraçado e até meio irônico, já que o motivo disso é você. — disse na cara dele desfazendo o sorriso.

— Eu? — franziu a sobrancelha apontando pra si mesmo indignado. — Por que eu?

— Porque você simplesmente despencou lá de nova york e veio parar na minha casa, não é um motivo bom pra você?

— Calma Laís, você tá puta comigo? — ele perguntou confuso.

Eu gargalhei alto, que filho da puta.

— Você só pode estar de sacanagem, não é possível. — falei nervosa.

— Sacanagem por quê? Eu achei que estávamos bem, que tudo tinha se resolvido. — ele realmente parecia confuso.

— Resolvidos? Depois que você passou no meu quarto você sumiu, eu não te vi mais, nunca mais. Nem na festa, nem no dia seguinte, nem nada. Você desapareceu. — eu falava com raiva.

— Eu te disse que você não era como nada pra mim, Laís, se rolasse despedida eu não sei o que eu faria, minha cabeça tava uma confusão e eu preferi não te ver mais. — disse sério.

— Preferiu me fazer sofrer do que sofrer você mesmo. — ri debochada e ele engoliu a seco. — Olha Gustavo, quer saber? — encostei no peito dele. — Eu não te quero aqui, isso aqui é minha casa com minha família e eu não me sinto à vontade com você aqui, ok?

Ele não respondeu nada, só continuava me olhando bem sério trincando o maxilar. Eu terminei de encher meu copo e sai.

Se eu não tivesse com tanto álcool na mente e com tantos amigos em volta, eu sabia que ia desabar de chorar, mas graças ao céus respirei fundo e voltei pra minha festa.

Como consequência Onde histórias criam vida. Descubra agora