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Me aproximei dela tentando ignorar quaisquer pensamentos que surgissem na minha mente, ela fechou os olhos suspirando e encostei meus lábios nos dela.

Eram macios, a boca dela parecia se encaixar perfeitamente na minha, nossas línguas tinham uma sintonia que não dava pra explicar, mas era só isso. Não tinha absolutamente nenhuma tensão a mais.

Enquanto o beijo rolava, eu fazia carinho lentamente por sua bochecha e ela mexia na parte de trás do meu cabelo fazendo com que os fios do meu cabelo enroscassem em seu dedo.

Ela me deu um selinho se afastando. — Obrigada por me entender!

Eu sorri fraco balançando a cabeça positivamente e desviei o olhar pra trás dela. Sinceramente, eu sabia que eu era fodido, mas não sabia que era tanto. E quando apertei o olhar, consegui enxergar Giovana na porta olhando.

— Giovana?! — gritei levantando. Sophia fez o mesmo assustada.

Ela não deu a mínima, bateu de ombros e entrou pra dentro de casa novamente. Até pensei em ir atrás, mas nem forças tinha pra isso.

Tava cansado demais pra tudo, pra draminha de relacionamento, pra problema familiar, tudo. Sabe quando tu se sente esgotado de um jeito que você nem ao menos tem forças pra correr atrás de algo que tu sabe que quer? Então, tô assim.

— Vou entrar, falou? — cocei a cabeça me virando pra Sophia.

Ela assentiu engolindo a seco e veio me seguindo pra entrarmos.

A galera tava animada dentro de casa, com o som alto, bebendo e Giovana tava no meio, não do mesmo jeito divertido, mas estava lá.

Não tava com muita paciência pra isso, peguei meu celular em cima da mesa e subi pro meu quarto pra trocar uma ideia com os moleques lá do Rio. Já marcar um próximo rolê quando eu saísse dessa prisão.

Eu precisava aguentar isso pelo simples fato de que eu queria sair de casa. Eu já tinha juntado um dinheiro, mas precisava de um pouco mais e meu pai não garantiria isso se eu não aguentasse essa parada louca.

E foi assim. O dia todo mexendo no meu celular, assistindo vikings no netflix. Não foi diferente pro resto do pessoal, parece que a festa acabou cedo e ficou cada um no seu canto.

No dia seguinte o mesmo. Só arrumamos a casa rapidinho, almoçamos e cada um pro seu lado.

Laís tava grudada em Giovana na sala enquanto assistiam algum filme, Sophia com os moleques trocando ideia do lado de fora, Amanda e Analu pra cada lado no celular e Luma, Theo e Henrique dormindo o dia todo.

— Cadê o resto? — escutei a voz da minha mãe vindo da sala.

Franzi a sobrancelha.

— Espalhados pela casa. Que que vocês estão fazendo aqui? — Laís perguntou.

Tirei o cobertor de cima de mim, larguei o celular e desci. Dei de cara com minha mãe, tia Karine, tia Sarah e tia Mariana.

— Qual foi? — perguntei. — Vieram finalmente me liberar?

— Claro que não, Mike. — minha mãe bufou.

— Queremos todos na sala! — Mari mandou.

— Vou chamar o resto da galera. — Giovana avisou.

Enquanto isso me joguei no sofá de braços cruzados e fiquei observando minha mãe com a Karine olhando pra gente entediadas.

O povo começou a chegar, cumprimentaram elas surpresos e se ajeitaram na sala assim como eu.

— Pronto, qual motivo de vocês aqui? — perguntei curioso.

— Pra dizer que vocês não estão cumprindo o combinado. — Karine falou.

— Que combinado? Já não estamos nessa casa macabra por três, quatro dias? — Theo falou irônico.

— Mas não se conectam. Estão apenas nos celulares, porque vemos que estão online, fazendo storys, vendo filmes, um em cada canto. — minha mãe falou.

— Pelo amor de Deus, que papo é esse de se conectar? — Ian disse indignado.

— Ficarem mais juntos, se conhecerem melhor, Ian. — Karine olhou séria pra ele.

— Tá, pera aí, vocês largam a gente no meio do nada como se não tivéssemos vida além dessa família, como se já não fôssemos adultos e ainda querem que forcemos a barra de umas amizades que não existem? — Laís cruzou os braços.

— Exatamente. — a mãe dela assentiu como se fosse nada.

Rimos de deboche.

— Isso não vai rolar. — falei.

— Além disso, vocês estão um porre com essa merda, aceitem que não somos unidos como vocês, que inferno! — Luma bufou levantando do sofá. Primeira vez que eu concordava com a pirralha.

— Um porre ou não, vocês vão ter que aceitar. Ou perdem as regalias de vocês. — Mariana deu de ombros.

— Ok, já fizeram o show de vocês? Agora podem ir embora! — Amanda revirou os olhos.

— Não, tem mais uma coisa! — minha mãe disse e bufamos. — Quero o celular de todos vocês.

— Você tá de brincadeira? — Laís disse, ou pra dizer a verdade quase gritou. — Eu trabalho com isso.

— E cá entre nós, eu tô até de boa aqui, mas não dá pra arranjar coisa pra fazer 24h por dia. — Sophia falou pela primeira vez.

— Isso é fato. E vamos ficar incomunicáveis? — Bernardo perguntou.

Eu estava tão chocada de ver minha vida sendo controlada, mesmo que por dias, como se eu fosse uma criança que eu não tinha nem o que dizer.

Até me senti um bosta de 26 anos de idade ter que passar por essa situação. Tudo bem que era tudo por um apartamento, mas porra, meu pai saiu de casa bem antes disso e o trabalho nem era lá grandes coisas, por que eu não conseguia?

— Vamos deixar apenas um celular e um computador por necessidades com vocês. — Karine falou.

— E vão bora, me entreguem logo essa merda que eu tenho mais o que fazer! — minha mãe disse impaciente.

Eu ainda não tinha reação, apenas disse onde o meu celular estava e continuei estagnado ali no sofá. Foi só elas pegarem tudo que foram embora sem nem dar um tchau direito.

— Sem condições nenhuma, falou? Eu não vou aguentar isso. — Ian revirou os olhos.

— Ah, qual é? É só um detalhe gente, nós nos divertimos outro dia juntos. — Sophia falou tentando amenizar a situação.

— Detalhe esse enorme, né? — Giovana balançou a cabeça negativamente.

— Tá difícil pra caralho! — aumentei o tom de voz. — Quero que se foda essa merda toda.

Levantei com raiva sem nem olhar pra cara de ninguém e subi pro meu quarto.

Tava decidido em arrumar minhas malas e partir. Imagina ficar um mês nessa porra com esse bando de louco sem nem o celular pra eu me distrair? Nem fodendo muito.

Como consequência Where stories live. Discover now