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— Venham ver! — Analu chamou da porta da casa.

Nós cinco continuávamos parados em frente tentando absorver aquela parada toda.

— Pensem pelo lado bom, natureza é igual a paz. Vamos! — Sophia disse com um sorriso forçado no rosto e foi na frente em direção a casa.

Ian bufou a seguindo e Bernardo foi atrás. Laís me deu aquela encarada que a gente já se entendia, ajeitou a mala e foi também.

Não era feio, mas a gente não curtia muito. Sempre fomos acostumados com hotéis, praias e cidade e aqui era o total oposto.

Fui o último a entrar na casa/cabana/chalé de madeira, parecia uma enorme casa de boneca. Tinha uma sala enorme com almofadas jogadas no chão, um sofá em L e uma televisão pequena de frente pra ele.

A cozinha era logo atrás da televisão onde era dividido por uma bancada também de madeira com uns bancos do mesmo material. Não era grande, era o suficiente.

— Só tem três quartos, galera. — Amanda avisou descendo umas escadas. — Eles botaram mesmo no nosso cu.

— Tá de caô? — perguntei indignado ainda no meio da sala.

— É sério, três quartos e dois banheiros. — Analu completou.

— Nossa mãe concordou com isso? — Laís olhou pra Amanda confusa. — Impossível!

— Gente, é o que tem. Vamos nos dividir! — Bernardo falou.

— Homens num quarto e mulheres no outro. — Analu sugeriu.

— Eu vou ficar em um quarto com Theo e Henrique. Tenho essa de homem não! — Luma falou ajeitando a mochila nas costas e subindo.

— Os machos em um. — Henrique apontou pra mim e pros gêmeos.

— Qual é? Sério? — Ian fez careta. Digamos que nós três não nos dávamos muito bem.

— E Laís, Sophia, Amanda e Analu em outro. — ele continuou ignorando nossa insatisfação.

— Pode ser, contanto que nós quatro fiquemos com o maior. — Laís exigiu.

— Beleza, por mim tudo bem. — Theo deu de ombros.

— Tanto faz! — dei de ombros também.

Assim organizamos e decidimos subir pra ajeitar nossas coisas, decidir cama e coisas do tipo.

Nosso quarto tinha uma beliche e um colchão alto no chão que ficou pra mim. A gente mal trocou alguma ideia, qualquer que fosse, apenas dividimos o armário embutido em espaços pra cada um e descemos de volta.

Eles se jogaram no sofá e eu fui pra cozinha ver o que tinha nela. Até que tinha um monte de comidas estocadas e algumas besteiras, mas o que tinha mesmo eram bebidas.

E eu ficava pensando até que ponto nossos pais eram irresponsáveis desse jeito, não por mim, claro que não, mas por exemplo por Luma, Theo e Henrique.

O resto começou a descer novamente, se espalhar pelo sofá, as conversas paralelas começaram, eu peguei uma cerveja na geladeira e fui na direção deles.

— Vou ter que procurar a cidade, não trouxe quase roupa de frio e tá congelando aqui. — disse.

— É, tô na mesma. — Sophia concordou.

— Julho é frio, eu trouxe. — Laís falou.

— A esperança era partirmos pra um lugar que ao menos tivesse um sol, eu também vou com vocês. — Amanda concordou.

— Então bora! — falei pegando a chave do meu carro em cima da bancada.

— Pera, antes de vocês irem, temos que estabelecer algumas coisas. — Bernardo falou.

Franzimos as sobrancelhas.

— Regras de convivência, limites, tarefas, enfim... — ele continuou.

— Ah... pra quê? — eu revirei os olhos.

— É o mínimo pra não sair nenhum morto daqui. — Ian o defendeu.

Conhecendo o jeito do Ian eu sabia que ele estava pouco se fodendo pra organização de qualquer parada, mas claro que ele não ousaria me deixar fazer desfeita das ideias do irmão dele.

— E é necessário também, bora entrar em acordo pra isso dar certo. — Sophia disse.

Balancei a cabeça negativamente e indo em direção deles. A panelinha Theo, Henrique e Luma estavam jogados nas almofadas do chão, eu, Amanda e Analu sentados no chão e Ian, Bernardo, Laís e Sophia no sofá.

— Beleza, pra começar regras de convivência: tipo não invadir o espaço do outro, não se intrometer nas conversas dos outros. — Luma falou redirecionando o olhar pra mim. Mandei o dedo médio.

— Além disso, nada de sexo pela casa, nada de som alto se alguém tiver dormindo e nada de brigas. — Bernardo falou.

— Sexo? Quem vai transar com quem aqui, doido? — Amanda perguntou indignada.

— Tem vários em potencial aí, Amanda, tá cega? — Henrique respondeu revirando os olhos.

— Papo de maluco esse, já acabou? — perguntei impaciente.

— Não! — Laís falou. — Agora tarefas, acho legal separarmos algo pra cada um, assim sem confusões.

— Eu posso cozinhar de boa! — Sophia se ofereceu.

— Topo também, curto fazer as paradas com meu pai lá em casa mesmo. — Bernardo falou.

— Também, prefiro isso do que limpar! — Henrique disse fazendo cara de nojo.

— Tá, cozinha na conta de Sophia, Bernardo e Henrique, de qualquer forma toda ajuda é válida em qualquer momento. — Laís definiu.

— Eu posso cuidar da lavanderia, roupas etc. — Theo levantou a mão e Luma concordou com ele se voluntariando também.

— Já que ninguém vai se oferecer, eu fico com lavar os banheiros, desde que ninguém os torne banheiro de boteco. — Analu levantou a mão.

— Eu cuido da limpeza da sala e quartos, apesar de odiar. — Amanda fez careta.

— Eu ajudo. — Laís falou. — Só sobram Mike e Ian que ficam com a limpeza da cozinha, pode ser?

Taquiupariu. — resmunguei.

— Pode ser? — ela repetiu me olhando firme.

— Tá, que seja. — dei de ombros. — Acabamos agora?

— Isso foi melhor do que imaginei, acho que vamos ficar bem. — Sophia falou.

— Já que estamos em concordância, que tal uma festa pra abrir as férias? — Ian sugeriu levantando do sofá.

— Todo mundo junto? Comemorando? — Theo franziu as sobrancelhas.

— Sim gente, vai ser isso durante um mês, melhor acostumarmos. — Analu falou.

— Beleza então, festa hoje! — Laís bateu palmas e todo mundo começou a agitar.

Levantei pegando a chave do carro e sai com quem queria comprar roupa pra se agasalhar, já que tava um frio que eu desconhecia.

Não sei no que daria essa festa, conhecendo as bombas atômicas que podiam estourar, digo, conflitos, podia ser que não desse muito certo.

Como consequência Onde histórias criam vida. Descubra agora