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LAÍS

Depois que terminamos tudo, cheguei em casa e subi pro meu quarto pra fazer minha unha. Tinha comprado esmalte, acetona, algodão, palito e lixa no mercado e decidi consertar o desastre que estavam as minhas unhas.

Coloquei música no spotify pelo celular e fiquei curtindo meu momento sozinha, já que Sophia tava sumida e Analu e Amanda estavam com o pessoal na sala assistindo filme.

Embora eu quisesse apenas curtir minha música, fiquei pensando em Gustavo ali. A gente não se falava, ele conseguiu se enturmar com o pessoal, ficava assistindo filme, conversando, ajudando, mas eu e ele nada.

Não dava pra negar que a presença dele mexia comigo pra caralho, mexia com meus sentimentos e com meu coração legal. Eu queria ao menos ser amiga dele, mas ele decidiu desaparecer e nem me dar um tchau, aquilo pra mim significou que tudo que ele tinha dito pra mim sobre eu ser importante, fosse nada mais nada menos que total balela.

Estava ignorando completamente sua presença e preferindo não pensar em nada, apesar de que isso era uma tarefa quase que impossível, visto que a todo momento ele passava perto de mim e fazia questão de dar aquele maldito sorrisinho que me derretia completamente.

Escutei três batidas vindo da porta, eu odiava ser interrompida em três situações: enquanto pensava, enquanto dormia ou enquanto lixava minha unha (o que tirava toda minha paciência).

— Quem é? — gritei. Não poderia ser as meninas porque elas entrariam sem pestanejar, claro.

— Sou eu, Gustavo. — falou com tranquilidade na voz. Bufei.

— Entra! — falei baixo e sem vontade. Não iria bancar a criança, se ele queria falar, que falasse. Isso não significava que eu iria querer corresponder.

Ele entrou sem pressa, abriu a porta com insegurança, fechou novamente, andou até a cama de Amanda que ficava de perto da minha e sentou.

— Aproveitar que tá todo mundo quieto, queria conversar com você de uma vez por todas. — falou.

— Parece que todo mundo aqui tem muito o que conversar, é sempre isso. — balancei a cabeça negativamente.

— É isso ou beber. — ele riu, mas ficou no vácuo, arranhando a garganta. — Laís, primeiramente quero te pedir desculpas.

— Pelo o que? Por ter ficado aqui ou por ter ido embora sem falar nada em porto? — perguntei irônica.

— Por ter ido embora. — ele engoliu a seco. — Sei que foi puro egoísmo, mas cara... — ele riu sozinho mordiscando o lábio receoso. — eu me apaixonei por você.

Estava olhando pra minha unha enquanto a lixava sem dar a mínima para suas palavras, até escutar aquilo, eu levantei instantaneamente e ele engoliu a seco me vendo surpresa.

— Caralho, como é bom falar isso em voz alta. — ele suspirou aliviado. — Enfim, eu...

O interrompi. — Você se apaixonou por mim?

— Me apaixonei, Laís. Você não faz ideia do quanto foi horrível ser "politicamente correto" e te deixar, eu e Lia tínhamos um relacionamento aberto, mas isso não dava abertura para gostarmos de ninguém, todos que ficávamos eram por diversão. Além disso, tinha nova iorque e sabe? Como eu ia agir por distância como seu amigo se eu tava apaixonado?

— Tinham? Vocês tinham um relacionamento aberto? — eu larguei a lixa de lado.

— É, eu terminei com ela quando percebi que não tinha te esquecido, quando percebi que... — ele se calou e titubeou em falar.

— Percebeu que? — o estimulei curiosa.

— Que eu ainda estava apaixonado por você. — falou de uma vez e foi como um soco no meu peito. — Eu tive esperança quando vim pra cá, quando Jade e Luís falaram sobre a festa eu não conseguia parar de pensar em você.

Fiquei em silêncio. Ele ficava me olhando de maneira ansiosa como se esperasse desesperadamente por uma resposta, mas eu não sabia o que dizer e o que sentir.

Tudo mudou dentro de mim. Tudo. A raiva que eu tinha sobre ele se cessou e eu só conseguia sentir as coisas boas que eu pensava sobre ele antes, sobre como ele era um cara incrível.

— Laís? — ele chamou minha atenção.

— Olha, eu... vamos só... vamos só acabar com isso tudo e enfim ser amigos, sem raiva ou mágoas, vamos só nos divertir como nos divertimos em porto. — disse atrapalhada.

— Sério? — ele sorriu feliz. — Meu Deus, como eu queria ouvir isso. Não apenas isso, mas isso.

Olhei pra ele balançando a cabeça positivamente e sorri de leve. Sabia que ele queria mais, ainda mais assumindo que tava apaixonado por mim, mas apesar de bem e feliz, ainda era confuso.

— Deu certo? — Mike abriu a porta e meteu a cara.

— Você estava aí o tempo todo? — perguntei indignada.

— Eu também! — Giovana apareceu num salto e eu comecei a rir.

— Vocês são tão imbecis. — ri de nervoso negando com a cabeça. — Você sabia?

— Mais ou menos. — Gustavo fez cara de sonso.

— Tá, está tudo bem ou não? — Mike perguntou impaciente.

— Sim. — respondi.

Gustavo sorriu, Mike e Giovana fizeram a graça de bater as mãos felizes em hi-5 e entraram no quarto felizes da vida.

— Agora podemos beber pra caralho e rir disso tudo? Porque vocês sabem também que isso é o melhor que fazemos. — Giovana falou se jogando na cama e abraçando Gustavo de lado.

— Se vocês deixarem eu pintar minha unha em paz isso vai rolar, agora se vocês me atrapalharem mais eu vou mandar vocês tomar no cu. — disse bem passiva-agressiva.

— Porra, bora sair daqui então, pelo amor de Deus! — Mike puxou os dois pra levantar da cama.

Ele arrastou os dois até a porta, mas antes de sair Gustavo me deu aquela piscada e sorriu fraco pra mim. Aquilo machucou meu coração.

Eu fiquei rindo sozinha, mas depois me veio uma puta vontade de chorar, tpm uma hora dessas? Mas era a confusão mental, afinal, eu realmente estava muito feliz, de bem com Gustavo, meu casal estavam juntos super felizes, o que tinha pra dar errado? Nada!

Decidi só viver, voltei a fazer minha unha e fui tomar um banho pra ficar um pouco mais bonitinha porque eu tava um caco de feia e pelo visto, iríamos beber.

Como consequência Onde histórias criam vida. Descubra agora