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Vários quadros em tons de roxo foram pintados no final. Eles tinham levado à sério aquele momento, já que disputavam entre si qual sairia melhor. Estavam sujos da tinta da cabeça aos pés. Até mesmo o carro tinha sido uma vítima quando em um desses "incidentes" Léo tinha sido colocado no capô e retribuído aquele beijo intenso que recebia do português, marcando o antes branquíssimo veículo.

- Sabes que vai ter que lavar isto alguma hora -- Cris olhou para a "obra" feita.

- Sei não, você que me colocou ali -- Léo sorriu e deu uma olhada no céu, vendo o sol começar a se pôr. -- Olha! Olha! -- se esticou, puxando-o para perto para ver a cena.

- Hum -- Cristiano se escorou no veículo, cruzando os braços, enquanto observava a cena. -- Bonito, aqui há uma bela vista. Como soube disto?

- Quando ia aos treinos, sempre olhava para essa área bem isolada -- respondeu. -- An... -- brincou com os dedos. -- Você queria mesmo casar em um cruzeiro? -- perguntou em um meio sorriso, pois achava engraçado aquela vontade.

- Seria bom, mas eu queria uma cerimônia grande, como merecemos -- ele respirou fundo. -- Mas eu sei que não dá. Só foi um pensamento tolo.

Não foi. Messi não queria ter aquela sensação de que pudessem ter todos contra aquela relação. Não lhe fazia sentido. Por mais que, no fundo, soubesse que todos já tinham conhecimento sobre os dois, a prova era clara: tinham se beijado na frente de várias pessoas e câmeras. Eles só não tinham sido tão abertos sobre isso. Léo não queria ser, também. Era um cara privativo, mantinha sua família longe dos holofotes, e Cris também era a sua família agora, mais do que os outros, podia, para ser sincero, considerar apenas ele sendo, já que nem sempre a família deve ser algo sanguíneo, e no caso dos pais, viu que não podia contar com nada vindo de lá. Parte dele, queria o proteger, o que era engraçado visto do lado de fora, mas para o pequeno, não. Ele realmente levava à sério isso. Podia abdicar facilmente das coisas, se fosse para o homem ao seu lado. E sabia que não precisava, o gajo nunca ia pedi-lo, mas estava pronto para se sim. Com o bronzeado, não era diferente. Cris tinha um enorme sentido de que devia ser ele quem cuidar do baixinho. E tinha conhecimento de que era um longo percurso que enfrentariam, começando pelo fato de que iria dividir a paternidade com o Messi. Ao pensar nisso, engoliu em seco, um tanto nervoso.

- Estou pensando em como meus filhos vão reagir -- olhou para o chão. -- Sei que Mateo gosta de você, para ele, talvez não seja problema. Não sei o motivo de vocês dois se parecerem. -- riu.

- Você acha? -- sorriu com os olhos brilhando, já que gostava muito das crianças. -- Bom, espero que gostem de mim mesmo. Não sei, vai que pensam que roubei você da mãe deles.

- Bem que poderia -- subiu o rosto para vê-lo. -- Pouparia de meses sem poder ter isto. -- tocou em seu queixo.

- Digo o mesmo -- sorriu leve. --... mas talvez foi o melhor ser apenas naquela época. A Copa foi um momento muito bom, mas não vencer, foi o que nos aproximou.

O observou rir.

- Que foi? -- o olhou confuso.

- O que nos aproximou foi eu ter ido zombá-lo, isto sim -- continuou dando suas risadas, enquanto o outro negava com a cabeça, rindo baixo.

- Sempre meu fã. Até hoje não sei se esse foi o motivo de ter ido lá -- ergueu a sobrancelha.

- Claro que foi, nunca perderia uma oportunidade de ter a atenção para mim. Agora, continuo fazendo-o, mas é apenas a sua que eu quero.

Se debruçando sobre o vidro, ele escorou-se observando o céu. O sol se indo e mais o baixinho ao lado era como um momento em que não queria perder nunca. Messi fez o mesmo, limpando um pouco a tinta do rosto.

- Você me sujou todo -- comentou.

- Não sei do que reclama, meu carro já era -- o viu olhá-lo em atrevimento e o puxou, bagunçando seu cabelo, esfregando-o com a mão várias vezes. -- Aí, estás muito sem medo ultimamente.

- Estou um pouco parecido com um certo alguém -- o olhou sorrindo.

Cristiano tentou disfarçar o sorriso, então apenas preferiu abaixar um pouco a cabeça e dar um suspiro, feliz com aquilo. Logo a noite caiu, com ele, a segunda parte do que Léo tinha planejado veio. Saindo da parte da frente do carro, o menor abriu o porta malas, retirando de lá um telescópio e indo até ele, ajeitando no chão a frente do mesmo para que não precisasse sair de onde estava sentado. O português voltou a não acreditar em mais uma ideia.

- Está determinado a fazer atividade aleatória mesmo, não é? -- sorriu, o observando de costas para si, sendo inevitável não dar uma boa olhada no corpo do noivo.

- Agora temos mais assunto -- ele nem notou, olhando distraído para o objeto em uma tentativa de focar na imagem. -- Acho que está certo. Não sei. Quer olhar? -- saiu um pouco da frente.

Aproximando o tronco, o maior esticou a cabeça e ficou olhando para aquele estrelado. Dava para ver bem detalhes que nunca tinha sequer imaginado, e olha que era apenas uma leve ajustada que tinham dado, com certeza, poderia ver mais.

- Se eu não estivesse todo grudendo, ia querer voltar a pintar isso -- olhou da imagem reproduzida e ergueu para o céu sem a lente, comparando. -- Bem diferente mesmo.

Se afastou para que o outro também olhasse. Léo ficou mais concentrado naquilo que achou que pudesse. O céu já era incrível, podê-lo observar com tantos detalhes assim, era melhor ainda. Sentindo as mãos do maior o ajeitá-lo em seu colo, continuou atento, vez ou outra tentando mudar a posição do que via ou aumentar mais a nitidez.

Eles ficaram mais um pouco de tempo por lá até decidirem voltar para a casa. Guardando os objetos de volta no porta mala, o português notou o outro ficar calado, o que não tinha feito no momento todo e torceu os lábios, terminando de guardar para se sentar.

- O que foi? -- arriscou perguntar.

- Nada... -- Messi deu a partida e saiu com cuidado do local, logo dirigindo rumo a casa.

- Se estás a dizer -- não queria insistir, então apenas ligou o celular, lendo as mensagens novas.

- É que -- notou o outro parar de ler para olhá-lo. -- Bom, eu não sei quando vamos fazer essas coisas de novo. Hoje foi realmente muito bom para nós.

- Foi mesmo -- sorriu e voltou a ler antes de responder algumas coisas. -- Não se preocupe quanto a isto, só levar para casa que iremos fazer sempre que tivermos tempo. Pode deixar que eu ajudo a ter mais ideias. Quem sabe um xadrez, já que você gosta de ser aleatório? -- brincou.

- Sei que pode estar sendo irônico, mas seria legal. Faríamos jus a ser chamados de casal velho, que nem o Navas disse.

Eles riram depois disso. O termo casal ainda era novo, um tanto estranho, mas um estranho agradável. Tinha notado que Keylor conseguiu realizar o casamento do tio dele e mandou algumas fotos, mostrando ao português que o respondeu horas depois com apenas um sorriso digitado, voltando a deixar o celular de lado. Queria focar nos dois, já que o resto da semana seria cheio de treinos, entrevista de imprensa, ensaios, propagandas, então realmente, cada minuto era valioso. Sendo assim, quando chegaram em casa, tomaram um banho relaxante para quebrar o frio que a noite proporcionava e desceram para preparar um lanche noturno.

- É oficial. Somos um casal de velhos -- o gajo disse em meio a uma xícara de chá, enquanto estavam sentados perto da varanda.

- Sim -- Léo riu, dando um gole também, e mordiscando um biscoito.

- Sabe a primeira ideia que tive?

O português pareceu se alegrar com algo, então se levantou, repousando a xícara em cima da mesinha. Voltando a ligar o celular, ele demorou um pouco para achar o que queria. Uma música, lenta da qual deixou baixa.

- Será que meu noivo poderia me conceder uma dança?

Estendeu a mão, Léo o olhou em total surpresa sentindo as bochechas arderem e riu, afirmando para deixar a xícara e biscoitos também. Noivo. Essa palavra era muito bem ouvida para o pequeno. Pegando em sua mão, se aproximou, entrelaçando os braços por seus ombros, enquanto sentia em sua cintura, apenas se movimentando de um lado para o outro, enquanto riam de suas caras achando graça, mas aproveitando bastante.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora