XCIV

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Aqueles dias de folga que conseguiram, tinham chegado ao fim, e era hora de encarar o mundo. Saindo do jatinho, Cristiano finalmente ligou o celular, vendo-o travar com tantas chamadas, mensagens e publicações que recebia. Messi vinha logo atrás, fazendo o mesmo e parando ao lado.

- O que será dessa vez?

- Não sei -- o maior respondeu. -- Ah, não. Agora sei. Bom, ao que parece, eles sabem que estivéssemos na Rússia.

Riu forçado já que eles não tinham a mínima privacidade, e mostrou o celular ao pequeno. Ele viu foto dos dois em uma parte do hotel de lá. Sentindo-se envergonhar, começou a andar junto a ele até o carro que os esperava.

- Mas... é só isso que eles sabem, né? Aliás, como descobriram?

- Tem olhos em todos os lugares -- ele diz nitidamente zangado. -- Mas, até onde parece, é apenas isso que sabem.

Adentraram o carro. Os outros funcionários colocavam suas malas na parte de trás e logo prosseguiram seu caminho.

- Aquele estádio... -- o olhou, preocupado.

- Só agora que foste lembrar? -- riu baixo. -- Eu tinha alugado e mandei retirar todas as câmeras, deixando trancado o local. Quando cheguei, ainda fui a procura de algo que não tivesse sido cumprido, mas estava tudo conforme eu falei. Tudo bem? Sobre isso, não se preocupe.

O observou assentir, então escorou a cabeça em cima da sua, lendo as antigas mensagens que somente agora tinha ciência delas. Messi desviou a atenção para o que seus companheiros de seleção o diziam pelos textos que mandavam, e também viu quando o pai lhe tinha escrito:

- Soube que está na Rússia
com ele.

- Eu não te reconheço mais

- Largou seu próprio país
para fugir

- Perdemos para o Brasil!

- Se seu plano foi ficar com um
homem e deixar Neymar fazer
o gol, porque é seu amigo

- Se não for outra coisa também..

- De você eu não duvido nada

- Saiba que conseguiu bem

- Agora nós merecemos uma
explicação de verdade!

Aquilo o incomodava bastante. Ver o próprio pai indo contra o filho, o fazia se sentir como se fosse um ingrato com tudo que lhe fez, mas não era. Graças ao pequeno, os pais viviam muito bem, o resto de sua família também. A verdade é que sempre torceu para que se orgulhassem dele, e agora que fez a única coisa pensando em si, é recriminado. Isso o tirava do sério. Respirando fundo, ele bloqueou o celular, não notando que era observado pelo gajo que já tinha parado há um tempo do que fazia para analisá-lo. Apesar do gigantesco avanço que faziam na vida de ambos, sabia que o cara tinha limites. Havia coisas, dos quais, não falava. Ele não ia forçar, sabia que tinha que dá-lo espaço, mas queria ajudar de qualquer forma, porque, querendo ou não, os problemas dele também eram seus. Bom, teria tempo para saber, de algum jeito ou de outro. Afinal, o problema maior seria sair do carro sem a imprensa os notar, tarefa impossível, visto que, quando dobraram a rua próxima ao centro de treinamentos, tinha já um amontoado de repórteres buscando fotografar os melhores ângulos do novo casal. A entrevista de Cris tinha gerado um efeito estratosférico, mas como o português tinha sido cuidadoso na escolha de palavras, eles não sabiam o que queria dizer, e queriam, de qualquer forma, retirar alguma informação. Foi assim na chegada dos outros jogadores, agora Neymar quem sofria os inúmeros cliques e perguntas inconvenientes, se esquivando para encontrar uma boa.

For him  ✪ | CR7 & Messi | BoyxBoyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora