Capítulo 64: Poção de cura.

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—Harry? —Exclamei, tocando o rosto dele, balançando seus ombros, fazendo qualquer coisa que o fizesse abrir os olhos. —Harry? Não... por favor! Harry?

Pressionei o ferimento no peito dele, sentindo meu coração rachar dentro do peito, enquanto o sangue ensopava minhas mãos e as lágrimas molhavam meu rosto. Continuei chamando por ele, implorando para que acordasse e falasse comigo.

—Por favor... —Abaixei minha cabeça, vendo o rosto dele ficar cada vez mais pálido. Tentei sentir sua respiração, vendo ela sair o mais fraca possível. —Harry, por favor fale comigo. Por favor acorde! Harry!

—Não se mexa! —Parei de me mover, com os soluços fazendo meu corpo tremer por inteiro. Fechei meus olhos com força ao sentir o cano da arma encostar na minha cabeça, enquanto a voz do homem estava próxima demais.

—Por favor... —Solucei, apertando meus dedos no ferimento que não parava de brotar sangue. —Ele está morrendo. Por favor...

—Era pra você levar o tiro, não ele. —O cano bateu na minha cabeça, fazendo uma onda de dor varrer toda minha coluna. —Fique de pé, bruxa!

—Não... por favor. Ele está morrendo. Por favor... por favor... —Ele bateu com a arma na minha cabeça de novo, enquanto eu continuava repetindo a mesma coisa, com o rosto molhado pelas lágrimas e os olhos embaçados. —Por favor... por favor...

—Fique de pé e se afaste dele! —Rosnou, afastando a armas apenas para agarrar meus ombros e me forçar a ficar de pé. —Ande logo!

Cambaleei para longe de Harry, me voltando para o homem, enquanto erguia as mãos para cima, como esse estivesse me rendendo. Mantive os olhos em Harry, dando passos para trás enquanto os soluços ainda escapavam dos meus lábios.

—A culpa é sua. O tiro era pra você. —Ele apontou a arma pra minha cabeça, ficando apenas a alguns metros. —Bruxa imunda!

Encarei ele por alguns segundos, sentindo meu peito se apertar, pronto para se estilhaçar. Ele não usava roupas de guarda e muito menos se parecia com um bruxo. Estava todo de preto, dos pés a cabeça. Seu rosto era uma máscara de raiva e nojo enquanto me encarava.

—Ela queria você morta, não ele. —Ele ergueu ainda mais a arma, mirando na minha cabeça.

—Qu... quem? —Gaguejei, soluçando a cada respiração pesada. —Ela quem? —Ele não respondeu, me obrigando a abrir os olhos de novo e olhar na direção de Harry, deitado sobre uma poça de sangue. Seu próprio sangue. Morrendo aos poucos a cada segundo. —Por favor... por favor...

O som do tiro ecoou por toda floresta silenciosa e triste. Soltei um grito, tampando a boca com a mãos quando senti a bala passar ao lado da minha cabeça e atingir a árvore atrás de mim, ao mesmo tempo que o corpo do homem desabava no chão, com a cabeça dele rolando para os meus pés.

Tropecei para trás, me escorando na árvore antes de ir para o chão, com as mãos tampando os olhos, lembrando sem parar da cena de segundos atrás. James cortando a cabeça dele com a espada. James surgindo do nada e salvando minha vida. Eu iria morrer. Mais um pouco e eu teria uma bala dentro da minha cabeça.

—Sophia? —Ele agarrou minhas mãos, tirando as de frente do meu rosto, enquanto eu sentia meu estômago se revirando com a imagem da cabeça do homem caindo. —Sophia, você está bem? Ele te acertou?

Balancei a cabeça freneticamente em negação, vendo James segurar meu rosto, procurando qualquer ferimento. Tinha sido por pouco. Por tão pouco. A espada dele ainda estava manchada de sangue no chão ao lado dele. Ao lado dele e ao lado do corpo do homem.

—O Harry... —Me afastei dele, correndo até onde Harry estava, caindo de joelhos ao lado dele, sobre todo o sangue que já estava espalhado pelo chão. —James... James, ele está morrendo. Ele está morrendo! —Me agarrei ao corpo de Harry, começando a pensar que talvez aquele tiro deveria sim ter me acertado. —Harry? Por favor... por favor, fique comigo!

A Dimensão Das Estrelas / Vol. 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora